Mortes: Centenária, Bastianinha teve um amor para a vida toda
Quando não estava correndo atrás das crianças, Sebastiana gostava de tecer mantas, tapetes e vestidos
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Era 1936 quando dona Sebastiana subiu na garupa do cavalo de seu Francisco para nunca mais voltarem. Os dois fugiram juntos da fazenda onde viviam: ele como trabalhador da lavoura, ela como filha do dono do lugar. Seu pai nunca aprovaria a união.
No caminho, pararam numa igreja e o padre abençoou o casamento, que duraria 81 anos. Mudaram-se para Goiás, onde construíram a vida e tiveram 12 filhos.
Quando não estava correndo atrás das crianças, Sebastiana gostava de tecer mantas, tapetes e vestidos. A sala do tear era um dos lugares em que ninguém podia mexer. O outro era sua plantação de flores --ai de quem ousasse arrancar uma de suas rosas.
Virou celebridade local ainda neste ano, quando foi internada com hiperglicemia. Seu Francisco ficou doente logo depois. O hospital quebrou o protocolo e permitiu que os dois ficassem no mesmo quarto, lado a lado, de mãos dadas. Desse jeito, a recuperação veio logo. A história dos dois saiu no jornal da cidade e repercutiu pelo país.
Com Alzheimer há quase uma década, Sebastiana não pôde aproveitar a fama. Apesar de tudo, nunca deixou de reconhecer o marido. "Ela podia estar agitada como fosse. Na hora em que sentia o toque do meu avô, se tranquilizava", conta Jane, neta do casal.
Morreu no último dia 11, aos 101, em decorrência de doença pulmonar. Completaria mais um aniversário de casamento neste mês. Deixou dez filhos, 50 netos, 40 bisnetos, nove trinetos e o amor de sua vida, seu Francisco. Com 103 anos, ele diz que, se pudesse, casaria com sua Bastianinha de novo: "Fui feliz toda a vida".
coluna.obituario@grupofolha.com.br