Em expansão, cursos a distância têm piores notas em prova nacional

Só 15% da modalidade ficou no topo do Enade, contra 29% da presencial

Conteúdo restrito a assinantes e cadastrados Você atingiu o limite de
por mês.

Tenha acesso ilimitado: Assine ou Já é assinante? Faça login

São Paulo

Modalidade que mais cresce no país, o ensino a distância obteve desempenho pior do que o presencial na avaliação de qualidade do Ministério da Educação.

Os resultados do Enade (Exame Nacional de Desempenho de Estudantes) 2017 mostram que 46% dos cursos a distância tiraram notas 1 e 2, as mais baixas na escala de 1 a 5. Só 15% tiveram as notas mais altas (4 e 5). Já no ensino presencial, 33% das graduações receberam as piores notas e 29%, as melhores.

A prova é aplicada pelo Inep, instituto ligado ao Ministério da Educação, a universitários de todo o país. A cada três anos, uma área do conhecimento diferente é avaliada. Em 2017, foi a vez de ciências exatas, licenciaturas e “áreas afins”. Entram no grupo os cursos de formação de professores, as engenharias, arquitetura, entre outros.

Os resultados mostram que não é só na nota final dos formandos que os cursos a distância vão pior. No IDD, indicador que mede quanto o aluno aprendeu no curso, 6,4% dos cursos na modalidade receberam nota 4 ou 5, enquanto entre os presenciais a proporção foi de 21,6%.

Outro conjunto de dados divulgado recentemente pelo Inep, o censo da educação superior, mostra que os cursos a distância são os que mais crescem atualmente no Brasil.

Eles receberam em 2017 27% mais novos alunos do que no ano anterior. Já os cursos presenciais tiveram só 0,5% a mais de calouros. Especialistas atribuíram a diferença, entre outros fatores, ao preço geralmente mais baixo dos cursos oferecidos de forma remota.

A modalidade é ainda aposta de gestores públicos para abrir novas vagas de ensino superior com menos gasto. É o caso de São Paulo, por exemplo, com a Univesp (Universidade Virtual do Estado de São Paulo), que teve sua rede ampliada e entrou na agenda da campanha eleitoral.

Nesta terça-feira (9), o ministro da Educação, Rossieli Soares afirmou que “não é simples” comparar a educação a distancia, que classificou como ferramenta de inclusão, com a presencial.

“Temos claramente públicos prioritariamente distintos buscando essas duas modalidades”, afirmou. “Os mais jovens estão em maior número na educação presencial —os meninos solteiros, lá no início da vida. Já no ensino a distância, é aquela pessoa que está mais estabilizada, trabalhando e que quer continuar crescendo na carreira.”

De acordo com o Inep, dos estudantes que fizeram o Enade, 60% têm renda familiar 
de até três salários mínimos no ensino a distância, enquanto no presencial essa proporção é de 50%.

FORMAÇÃO DE PROFESSORES

O exame também trouxe números negativos sobre a aprendizagem dos futuros professores do país.

Nas questões de formação geral, aplicadas a estudantes de todos os cursos do Enade, alunos de graduações de formação de professores tiveram, em média, notas mais baixas do que os demais.

A pontuação dos formandos em pedagogia nessa parte da prova foi de 48,1. Já a dos concluintes de engenharia civil, por exemplo, ficou em 55,5. A maior nota ficou com engenharia mecânica (60,8).

Cursos de formação de tecnólogos também tiveram pontuação pior nessa parte da prova. O de tecnologia em redes de computadores ficou com 43,9 pontos.

“O mais importante agora é as instituições de educação superior se apropriarem dos dados para melhorar seus projetos pedagógicos”, disse a presidente do Inep, Maria Ines Fini, segundo a Agência Brasil.

Considerando os cursos como um todo, as instituições públicas federais são as que contaram com maior proporção de cursos de nota 4 e 5 (13,1%). As particulares com fins lucrativos tiveram 1,6% de graduações com essas maiores notas.

Relacionadas