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O 'gap do orgasmo' persiste entre mulheres heterossexuais, diz estudo

Levantamento destaca a persistência de desigualdades no prazer sexual feminino e masculino

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Catherine Pearson
The New York Times

Pesquisadores e terapeutas sexuais já sabem há muito tempo que mulheres em relacionamentos heterossexuais tendem a ter menos orgasmos do que os homens. Um novo estudo de grande escala sugere que esse "gap do orgasmo", conforme batizaram pesquisadores, continua existindo (e não melhora com a idade).

Novo estudo sugere que as mulheres ainda têm menos orgasmos durante o sexo do que os homens - The New York Times

Os Números

A pesquisa, publicada recentemente na revista Sexual Medicine, revelou que, em todas as idades, homens de todas as orientações sexuais relataram taxas de orgasmo mais altas durante o sexo —de 70% a 85%— em comparação com 46% a 58% para as mulheres. Mulheres lésbicas e bissexuais entre 35 e 49 anos relataram taxas mais altas do que suas contrapartes heterossexuais.

A análise incluiu dados de oito pesquisas do Singles in America, financiadas e conduzidas anualmente pelo Match.com em colaboração com o Instituto Kinsey, programa de pesquisa sobre sexualidade e relacionamentos da Universidade de Indiana. A amostra incluiu mais de 24 mil americanos solteiros com idades entre 18 e 100 anos.

Os pesquisadores estavam interessados em saber se as taxas de orgasmo variam com a idade. Amanda Gesselman, cientista do Instituto Kinsey e autora principal do estudo, diz que a equipe esperava encontrar evidências de que o "gap do orgasmo" se reduziria à medida que as mulheres ganhassem confiança e aprendessem o que gostam (e, talvez, seus parceiros desenvolvessem habilidades para ajudá-las a alcançar prazer).

"Nós, como sociedade, ainda priorizamos o prazer dos homens e subvalorizamos o prazer sexual das mulheres", afirmou Gesselman. "E acho que isso contribui para disparidades consistentes."

As Limitações

Emily Nagoski, educadora sexual e autora do livro "Come Together" (Venha junto, em português), e que não trabalhou no novo estudo, aponta que uma limitação da pesquisa foi a forma como a pergunta foi feita: "Durante a relação sexual em geral, qual a porcentagem de vezes que você geralmente tem um orgasmo?" Mas não foi fornecida uma definição mais específica de "relação sexual".

Pesquisas mostram que a maioria das mulheres precisa de algum tipo de estimulação clitoriana para atingir o orgasmo. Portanto, se as mulheres heterossexuais definiram "relação sexual" apenas como penetração vaginal, faz sentido que haja uma diferença significativa nas taxas de orgasmo, afirma ela.

Uma pergunta mais reveladora poderia ser: "Qual a porcentagem das relações sexuais que você tem que você realmente gosta?", sugere Nagoski. "O orgasmo não é a medida de um encontro sexual. O prazer é a medida de um encontro sexual."

O que realmente importa é que as pessoas descubram o que torna um encontro sexual satisfatório para elas, o que muitas vezes inclui aspectos como conexão, confiança e conforto, afirma Kristen Mark, professora no Eli Coleman Institute for Sexual and Gender Health, na Universidade de Minnesota.

"Existem muitas maneiras de experimentar o prazer sexual, por isso é importante não equiparar o gap do orgasmo a um gap de prazer", acrescenta.

Mark diz que isso pode ser especialmente verdadeiro mais tarde na vida, quando fatores como menopausa, problemas de ereção do parceiro ou outras questões de saúde podem dificultar o orgasmo das mulheres, mas elas ainda podem estar desfrutando do sexo que têm.

Como Progredir

Independentemente do que define o sucesso no sexo, especialistas ainda expressam frustração pelo fato de que mulheres heterossexuais de todas as idades não estão tendo tantos orgasmos quanto seus parceiros.

Laurie Mintz, professora de psicologia na Universidade da Flórida e autora de "Becoming Cliterate: Why Orgasm Equality Matters — and How to Get It" ( Tornando-se cliterado: por que a igualdade do orgasmo é importante - e como obtê-la, em português), diz que os resultados do estudo reforçam a necessidade de uma educação sexual abrangente. Mas isso não é suficiente.

"As mulheres precisam descobrir o que lhes dá prazer e se sentirem confortáveis em comunicar isso aos seus parceiros", afirma Mintz. Isso requer uma atitude que transmita "Eu mereço tanto prazer quanto meu parceiro", ela acrescenta —e também requer um parceiro que seja receptivo e aberto. Mintz reconhece que ambos são mais fáceis de falar do que de fazer, chamando o gap do orgasmo de um subproduto "insidioso" das atitudes sexuais patriarcais.

Mulheres que não conseguem atingir o orgasmo, ou que simplesmente não estão tendo sexo que lhes dá prazer, podem conversar com seu médico, acrescenta Mark —embora ela tenha lamentado que geralmente recaia sobre as pacientes a responsabilidade de iniciar conversas sobre saúde sexual.

Afirma também que a maioria dos médicos recebe pouco ou nenhum treinamento nessa área. Ainda assim, "é trabalho deles atender você onde você está e encontrar os recursos de que você precisa", diz Mark. Por exemplo, problemas como secura e dor durante o sexo após a menopausa —que podem tornar os orgasmos elusivos — são tratáveis.

Mas ela e outros especialistas em saúde sexual enfatizaram que há questões maiores em jogo. Entre elas está a ideia persistente de que o prazer sexual das mulheres é de alguma forma secundário.

"Isso pode ser corrigido", declara Mintz. "Vai precisar de educação, empoderamento, aceitação de vibradores e lubrificantes, e do uso da palavra clitóris."

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