Temer critica proposta de rotulagem de alimentos e marca reunião com indústria

Em reunião, após reclamação de representante da indústria, presidente pediu cautela

O presidente Michel Temer - Themba Hadebe - 26.jul.18/Reuters

Conteúdo restrito a assinantes e cadastrados Você atingiu o limite de
por mês.

Tenha acesso ilimitado: Assine ou Já é assinante? Faça login

Felipe Bächtold
São Paulo

Em encontro com empresários nesta segunda-feira (30) em São Paulo, o presidente Michel Temer manifestou contrariedade com uma proposta de rotular alimentos industrializados como forma de alertar para alta concentração de açúcar, sódio ou gorduras saturadas.

Ao participar de um almoço na Fiesp, Temer ouviu críticas a essa iniciativa feitas por Wilson Mello, presidente do conselho da Associação Brasileira da Indústria da Alimentação. Melo disse em discurso que a ideia de colocar triângulos nas embalagens associaria os produtos a um perigo à saúde.

Temer, em sua fala, convocou o empresário para uma reunião na próxima quarta-feira em Brasília e pediu cautela nessa discussão.

"É importantíssimo. Essa coisa do triângulo, que você [Melo] mencionou, que é sinal de perigo, se não tomar cuidado daqui a pouco bota tarja preta no alimento. Vai prejudicar o setor."

A proposta da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) é incluir nas embalagens uma advertência sobre a presença de alto teor de açúcar, gorduras saturadas e sódio. Um grupo de trabalho da agência constatou que o consumidor tem dificuldades para entender informações hoje presentes nos rótulos.

A proposta é inspirada em normas estabelecidas em outros países, como o Chile, que tornou obrigatórios, por exemplo, octógonos pretos informando o alto teor açúcar nas embalagens.

Mello havia dito em seu discurso que essa iniciativa pode causar desemprego na indústria da alimentação, "que é responsável por 10% do PIB brasileiro".

"Tudo passa por uma escolha que Vossa Excelência [Temer] tomará, que é a escolha do novo presidente da Anvisa. Isso acontecerá nos próximos meses. Nosso único pedido é que seja alguém que continue dialogando com a indústria", disse Mello. 

O representante do setor classificou a iniciativa como desproporcional e disse que detratores "criminalizam" essa indústria.

Relacionadas