Siga a folha

Descrição de chapéu Coronavírus

Sem insumos, laboratórios privados limitam exames para detectar coronavírus

Principais redes particulares do país dizem poder atender à demanda das próximas duas semanas

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

Brasília

A falta de insumos tem levado as principais redes particulares de exames para a Covid-19 a mudar os procedimentos e restringir o acesso a novos testes de coronavírus a apenas casos clínicos considerados graves com indicação hospitalar.

Todas as redes ouvidas pela Folha admitiram que o atual gargalo está na quantidade de produtos disponíveis para a produção dos testes. Um dos problemas é a aquisição dos insumos provenientes de Estados Unidos, Europa e China. Com o agravamento da pandemia entre americanos e europeus, os mais de 220 produtos usados para fabricar os testes estão sendo comprados em quantidades limitadas e com período de entrega maior do que antes da crise.

Reservadamente, alguns laboratórios admitiram que o atual volume é suficiente para atender à demanda das próximas duas semanas.

Exames domiciliares foram suspensos e novos pedidos médicos só são aceitos quando partem de unidades hospitalares credenciadas. Casos particulares estão sendo autorizados individualmente por médicos dos laboratórios.

Funcionária da startup Hi Technologies, em Curitiba, trabalha com testes de diagnóstico da Covid-19, causada pelo novo coronavírus - Rodolfo Buhrer/Reuters

A mudança foi feita para diminuir a fila de exames acumulados na última semana quando os casos de coronavírus aumentaram no país.

A estimativa não oficial do setor é de que entre 30% e 50% dos exames chegaram a ficar represados nos últimos sete dias. O "backlog" afetou o tempo de respostas dos laboratórios aumentando para até sete dias a entrega do resultado.

"O protocolo anterior [de testar todo mundo suspeito] sobrecarregou o sistema como um todo. A mudança de protocolo foi uma maneira de garantir o atendimento a pacientes críticos", explicou vice-presidente e porta-voz da Rede Dasa, a maior empresa de medicina diagnóstica do Brasil e da América Latina, Emerson Gasparetto.

A medida tomada pela Dasa e as outras empresas do setor seguiu as recomendações do Ministério da Saúde, que esta semana mudou o protocolo para a realização de testes só para possíveis casos com internação ou com sintomas graves.

"É preciso fazer um racionamento técnico", afirmou Gasparetto. "Ligamos o alerta laranja. Se racionalizarmos agora podemos evitar uma crise daqui a três semanas".

Na quinta (19), o secretário-executivo da pasta, João Gabbardo dos Reis, já havia afirmado que o país não tem capacidade técnica e de material para se testar todos os possíveis casos.

A Abramed (Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica) estima que o aumento da demanda fez com o prazo médio de resposta dos exames passar das 24 h da semana passada (para casos positivos) para 72 h nesta semana. A entidade diz que em alguns casos a espera é de até sete dias.

"Está todo mundo trabalhando no teto, no limite de realização de exames", explicou Priscilla Franklim Martins, diretora-executiva da entidade.

Para realizar os testes, são necessários, entre outras coisas, produtos mais simples, como microtubos e placas para colocar as amostras a serem analisadas, e reagentes químicos.

Em São Paulo, o Grupo Fleury, que responde por cerca de 80% do mercado da capital, afirmou, em nota, que somente os hospitais credenciados poderão fazer exames em "pacientes elegíveis", segundo os critérios médicos.

Em Minas, o grupo Hermes Pardin, o maior do estado, admitiu que os testes passaram a demorar até seis dias úteis para casos não graves. Pacientes prioritários da rede hospitalar o resultado do exame fica disponível em até 24h. O representante da Abramed classificou o quadro como "preocupante".

"Consumimos muito recursos (insumos) testando quem não precisava. Para gente não chegar ao ponto de não ter mais, o Ministério da Saúde acertou em alterar o protocolo nacional de atendimento", afirmou Martins.

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas