Siga a folha

Descrição de chapéu Coronavírus

Vacina da Pfizer tem mais de 90% de eficácia em resultados preliminares

Farmacêutica quer autorização nos EUA para o uso emergencial da vacina no país até o final do mês

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

São Paulo e Brasília

A vacina contra Covid-19 da farmacêutica norte-americana Pfizer em parceria com a alemã BioNTech apresentou mais de 90% de eficácia na análise preliminar dos testes de fase 3, conforme divulgou a própria empresa nesta segunda-feira (9).

Os resultados ainda são parciais e não correspondem à conclusão do ensaio clínico, mas a análise interina, feita quando há um número suficiente de casos da doença em um dos braços do estudo —de intervenção ou que recebeu placebo—, realizada por um comitê externo à companhia, apontou uma eficácia elevada da vacina em proteger contra a Covid-19.

Com 94 casos de Covid-19 confirmados em um universo de mais de 43 mil participantes, o comitê científico pôde avaliar a eficácia preliminar da vacina, que se mostrou também segura, sem a ocorrência de efeitos adversos sérios.

A vacina da Pfizer, chamada de BNT162b2, utiliza a tecnologia de mRNA, ou o material genético do vírus, para induzir resposta imune no organismo. Em fases anteriores de estudo, a vacina, administrada em duas doses, estimulou a produção elevada de anticorpos após 28 dias de aplicação.

O presidente e CEO da Pfizer Albert Bourla falou em “grande dia para a ciência e humanidade”. “O primeiro compilado de resultados do nosso ensaio clínico de fase 3 para a vacina da Covid-19 indicou evidência inicial de que a nossa vacina previne contra a Covid-19.”

Os resultados parciais apresentados indicam que o imunizante foi capaz de prevenir a infecção, não apenas proteger contra o quadro agravado da doença, um fator importante para garantir o fim da cadeia de transmissão do vírus e impedir a ocorrência de casos nos indivíduos vacinados.

A farmacêutica irá continuar o ensaio de fase 3 até a ocorrência de 164 casos confirmados de Covid-19 dentre os participantes do estudo.

Bourla afirmou ainda que irá submeter para aprovação ao FDA (órgão que regulamenta medicamentos nos Estados Unidos) o uso emergencial da vacina no país até o final do mês, após a obtenção dos resultados dos últimos dois meses de estudo da vacina. A Pfizer pretende produzir, até o final de 2020, 50 milhões de doses, com capacidade para produzir 1,3 bilhão até o final de 2021.

O Brasil é um dos países participantes nos testes de fase 3 do imunizante. Em setembro, a Pfizer Brasil recebeu aprovação por parte da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para ampliar o número de participantes no país de 1.000 para 2.000. Os testes são conduzidos em São Paulo e Bahia. Não há, por parte do governo federal, acordos com a farmacêutica para disponibilização de doses no país, mas a empresa diz estar em contato com diferentes estados brasileiros para a compra de vacinas.

Por utilizar o mRNA do Sars-CoV-2 em sua formulação, ou a molécula responsável por carregar o material genético do vírus para dentro das células, a vacina da Pfizer precisa ser armazenada em ultracongeladores em temperaturas de até -70˚C. Este pode ser um fator complicador para a logística e transporte da vacina no país, uma vez que os ultracongeladores são equipamentos caros e não estão disponíveis amplamente em todo o território nacional.

Vacinas que utilizam o material genético do vírus necessitam de armazenamento em temperaturas muito baixas devido à possibilidade de degradação do RNA e DNA em temperaturas elevadas.

A vacina é uma das onze mais avançadas na corrida por vacina contra a Covid-19. Dentre as vacinas em última fase de estudos —a terceira fase, quando são avaliados milhares de pessoas—, a Pfizer é a primeira a apresentar resultados interinos da sua candidata à vacina, o que pode colocar a farmacêutica americana à frente das concorrentes.

Há outras vacinas atualmente em fase 3, com a da Universidade de Oxford/AstraZeneca, cujos estudos clínicos foram interrompidos por seis semanas após a ocorrência de um efeito adverso grave em um dos voluntários, já retomados, e cuja produção no Brasil será em parceria com a Fiocruz.

Na mesma etapa também a da empresa chinesa Sinovac, produzida no Brasil em parceria com o Instituto Butantan e a da farmacêutica Johnson & Johnson, que também parou os testes na Bélgica e nos Estados Unidos por um período de mais de dez dias após a ocorrência de um efeito adverso desconhecido em um dos voluntários. A pesquisa foi retomada recentemente.

Por fim, a da Moderna em parceria com o Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos. A Moderna também utiliza plataforma genética para levar até o organismo a informação do Sars-CoV-2 e induzir a produção de resposta imune. Os resultados positivos da vacina da Pfizer podem indicar uma possível direção também de sucesso da vacina da Moderna/Niaid, cujas tecnologias são similares.

Outras vacinas em fase 3 são a Sputnik V e EpiVacCorona, desenvolvidas por institutos de pesquisa da Rússia, que receberam aprovação para uso limitado no país mesmo sem a divulgação dos resultados de fases inicias de testes em humanos, e as desenvolvidas pelas estatais chinesas Sinopharm e CanSino, também aprovadas no país asiático para uso limitado na população e cujos resultados de fases 1 e 2 pouco se sabe até o momento.

A última vacina a entrar na terceira fase de estudos recentemente foi a Novavax, que utiliza fragmentos de proteínas do vírus em sua composição.

Brasil

O governo brasileiro já possui ao menos dois acordos prévios para obtenção de 140 milhões de doses de vacinas contra Covid-19 após a conclusão de testes. Dessas, 100 milhões viriam de uma parceria da Fiocruz com a Astrazeneca e Universidade de Oxford e 40 milhões por meio da iniciativa Covax Facility, que acompanha nove diferentes estudos no mundo.

Ainda não há informações sobre um possível acordo com a Pfizer. A Folha apurou que a empresa chegou a enviar uma proposta ao governo em meados de agosto, mas não obteve resposta, o que foi interpretado como um sinal de pouco interesse na compra.

Em nota divulgada nesta segunda (9) sobre o tema, o Ministério da Saúde informou que "todas as vacinas com estudos avançados no mundo estão sendo analisadas, inclusive a do laboratório Pfizer".

"Atualmente, o Ministério acompanha cerca de 254 pesquisas, algumas com testes já bem avançados. Todas as apostas necessárias serão feitas para achar uma solução efetiva, em qualidade e quantidade necessárias para imunizar a população brasileira", disse a pasta.

Já a Pfizer divulgou um comunicado nesta segunda (9) em que afirma que "continua em contato com o governo brasileiro" e "ofereceu a possibilidade de encaminhar uma proposta atualizada de fornecimento de sua potencial vacina, sujeita à aprovação regulatória".

"Aguardamos um retorno do Ministério da Saúde para continuar com as tratativas", disse a empresa.

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas