Justiça espera que Hawilla retorne aos Estados Unidos em abril 

Empresário pediu autorização para viajar ao Brasil. Promotoria federal do Brooklyn  não comenta 

J. Hawilla durante palestra em São Paulo - Leticia Moreira/Folhapress
 

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Alex Sabino Silas Martí
São Paulo e Nova York

O empresário J.Hawilla disse a amigos em São José do Rio Preto que em três semanas estará na cidade do interior de São Paulo. Mas a Justiça norte-americana, em mensagem à Folha, afirmou que ele tem de voltar aos Estados Unidos em abril. 

"Ele será sentenciado no dia 23 na Corte Federal do Brooklyn e deverá estar presente", escreveu John Marzulli, assessor da corte no bairro de Nova York.

Ele fez um acordo de delação premiada com a Justiça americana e se declarou culpado de quatro crimes –organização criminosa, fraude financeira e lavagem de dinheiro envolvendo contratos da Copa América e obstrução de justiça. Se for condenado às penas máximas por todas essas infrações, ele poderia pegar até 80 anos de prisão. 

Desde 2013, J.Hawilla não estava autorizado a deixar as cidades de Miami e Nova York, mas não se sabe se ele foi autorizado agora a sair dos Estados Unidos. Sua viagem para o Brasil é seu primeiro deslocamento internacional em cinco anos, desde que confessou seu envolvimento no escândalo de corrupção.

A Justiça dos Estados Unidos não comenta a viagem de Hawilla e não confirma se esta foi autorizada ou não. Pessoas ligadas a Hawilla  disseram que ele pediu para passar algumas semanas no Brasil por questões pessoais e a solicitação foi atendida.

 
Seu advogado nos Estados Unidos, Shawn Naunton, da firma Zuckerman Spaeder, não quis comentar a viagem de seu cliente para o Brasil. 

"Estou de volta. Não posso dar entrevistas nem comentar nada", disse Hawilla em rápido contato telefônico.

Seu advogado no Brasil, José Luis Oliveira Lima, também se recusou a comentar.

Sua colaboração resultou no indiciamento de diversos dirigentes esportivos, entre eles o atual presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, e os ex-presidentes da entidade Ricardo Teixeira e José Maria Marin este último, aguarda sentença nos EUA após ser condenado por participação no esquema criminoso.

As colaborações do empresário com o FBI (polícia federal norte-americana) começaram no final de 2013. Ele grampeou conversas com outros envolvidos em esquemas de pagamento de propina e lavagem de dinheiro ligados a contratos de futebol.

 
A abordagem do FBI ocorreu logo após o próprio Hawilla ter sido gravado por outro envolvido no esquema de corrupção.

Hawilla é fundador e dono da Traffic, que chegou a ser a maior empresa de marketing esportivo da América Latina. Seus negócios incluem também a TV TEM, afiliada da Rede Globo que transmite para 318 municípios do interior paulista.

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