Para Conmebol, Santos deveria ter feito consulta sobre situação de Sanchez
Entidade investiga se volante jogou de forma irregular nas oitavas da Libertadores
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A defesa do Santos no caso da escalação de Carlos Sanchez se apoia em um sistema da Conmebol que não existia quando o jogador foi suspenso pela entidade em 2015.
A confederação abriu investigação nesta quarta (21) para averiguar se o volante uruguaio foi escalado de forma irregular na partida contra o Independiente (ARG) na última terça (21), em Buenos Aires, pelas oitavas de final da Libertadores.
O clube argentino afirma que Sanchez não poderia atuar porque não cumpriu pena que lhe foi imposta quando era jogador do River Plate (ARG), em novembro de 2015. Na semifinal da Copa Sul-Americana daquele ano, ele foi expulso pelo árbitro brasileiro Sandro Meira Ricci por agredir um gandula em partida contra o Huracán.
" O jogador foi escalado porque foi liberado pelo sistema da própria Conmebol. O Santos confia no sistema. Quando recebermos a notificação, vamos apresentar defesa. Carlos Sanchez estava liberado pela Conmebol desde 24 de maio de 2018", disse o gerente jurídico do Santos, Rodrigo Gama Monteiro.
A explicação santista encontrou descrédito na Conmebol.
Um dirigente da entidade disse à Folha que a obrigação do clube brasileiro era fazer uma consulta sobre a situação de Sanchez porque o sistema citado por Monteiro só passou a existir em 2016. As penas anteriores a esta data não constam no programa. O cartola ouvido pela reportagem disse que este é um procedimento padrão dos times e que o Santos deveria ter conhecimento disso.
O Santos rebate que a punição do atleta aparecia, sim, no sistema da entidade e ainda constava a palavra "cerrado" (fechado, em espanhol), sinalizando que ele tinha condição de jogar. (veja imagem abaixo). A Conmebol confirma que, apesar disso, o clube brasileiro sabia que o sistema foi criado depois de 2015 e deveria ter sido consultada formalmente.
Se o tribunal da confederação decidir que Sanchez não tinha condição de jogo, o Independiente pode ser declarado vencedor por 3 a 0 do confronto que, em campo, terminou empatado em 0 a 0. Isso obrigaria o Santos a ganhar por quatro gols de diferença na partida de volta, marcada para a próxima terça (28), no Pacaembu.
O Santos chegou a lembrar que em 2016, quando completou centenário de fundação, a Conmebol anistiou as suspensões de todos os jogadores. Mas segundo a entidade, eram apenas 50% das penas. Sanchez foi punido com três partidas de gancho à época.
O dirigente sul-americano também disse estar surpreso porque o jogador não citou ou não foi consultado pelo Santos sobre sua condição de jogo. Lembra que a expulsão em 2015 não foi em um lance qualquer e que o vídeo pode ser encontrado facilmente na internet.
Segundo o canal argentino TyC Sports, Cuca ficou irritado com Sanchez na volta da delegação ao hotel em Buenos Aires. Questionado por jornalistas sobre a condição de jogo do volante, o treinador foi consultá-lo no ônibus. O uruguaio alegou não se lembrar de qualquer expulsão na Libertadores. Apenas depois se recordou do cartão vermelho na sul-americana.
"Tem de ver qual é a real, se é um [jogo de suspensão] ou se são três. O jurídico sabia e da nossa parte estava liberado para jogar. Eu perguntei ao Sanchez se ele tinha sido expulso e me disse que não, nunca havia sido expulso na Libertadores. Passou um tempo ele me disse que tinha sido expulso na Sul-Americana contra o Huracán", contou o técnico.
A Conmebol pretende resolver o assunto até o final da semana porque as duas equipes precisam entrar em campo na terça-feira sabendo o que devem fazer para obterem a classificação.
Neste ano, já aconteceu caso semelhante na Copa Sul-Americana. O Deportes Temuco (CHI) venceu as duas partidas contra o San Lorenzo mas foi eliminado por ter escalado de forma rregular o goleiro Jonathan Requena.
O Santos teme a força política do Independiente. Claudio Tapia, presidente da AFA (Associação de Futebol Argentino), é também vice-presidente da Conmebol. Ele é genro de Hugo Moyano, mandatário do Independiente.