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Marinho e Luciano driblam ostracismo e viram destaques em Santos e São Paulo

Atacantes são protagonistas do clássico paulista deste sábado (12) pelo Brasileiro

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São Paulo e Santos

Há pouco mais de um ano, o atacante Marinho, 30, foi apresentado pelo Santos no CT Rei Pelé, deixando claro um descontentamento logo na primeira pergunta da entrevista.

“Não entendo o motivo pelo qual parei de jogar. Quanto mais tento entender, mais me chateio. Entrar só de vez em quando para mim não serve”, disse à época.

A declaração foi uma mensagem de inconformismo pela falta de regularidade na passagem pelo Grêmio, entre 2018 e 2019. Ao todo, foram 28 partidas e cinco gols marcados pelo clube gaúcho no período.

Após passagem apagada pelo Grêmio, Marinho se reencontrou com seu melhor futebol no Santos - Ivan Storti/Santos FC

O filme vivido pelo alagoano foi semelhante ao de Luciano, 27, atacante do São Paulo. Em sua chegada chegada no Morumbi, ele também falou com tom de descontentamento sobre a falta de espaço no clube gaúcho. “Não me explicaram [porque não jogava] e também não quero entrar muito em detalhes.”

Principais referências de suas equipes hoje, os rivais têm em comum mais do que os números 11 que carregam nas costas. Eles precisaram superar desconfianças, após passagens frustradas pelo Grêmio, para guiarem Santos e São Paulo neste início de Campeonato Brasileiro.

As equipes se enfrentam neste sábado (12), às 19h, na Vila Belmiro, em clássico válido pela 10ª rodada do Nacional.

Marinho marcou nove gols em 12 jogos desde o retorno do futebol, após a paralisação pela pandemia, e lidera um Santos improvável após uma série de turbulências entre diretoria e jogadores, além da saída do técnico português Jesualdo Ferreira, em 5 de agosto, às vésperas do início da competição.

O atacante é o vice-artilheiro do Nacional, com seis gols, e acumula outras estatísticas favoráveis: é o líder em assistências para gols, com três, além de ser o mais caçado dentro de campo, com 48 faltas sofridas, média de 5,3 por partida.

Ou seja, dos 12 gols marcados pela equipe de Cuca no campeonato, ele tem participação direta em nove – 75% deles.

“O Cuca, hoje, tem muitos méritos em nosso momento e crescimento. Tem um trabalho de campo de altíssimo nível”, explica o jogador à Folha.

Marinho chegou ao Santos em 2019 por indicação do então técnico argentino Jorge Sampaoli, hoje no Atlético-MG. Conseguiu a desejada sequência, mas somente neste ano alcançou o melhor momento da carreira. Nem mesmo no Vitória, quando despontou nacionalmente, teve média e sequência tão positiva como agora.

Mas 2020 não foi um ano somente de realizações para o atleta. Marinho precisou superar uma fratura no pé esquerdo, sofrida ainda no primeiro jogo do Santos na temporada, em 25 de janeiro, diante do Red Bull Bragantino.

Em julho, após a eliminação da equipe para a Ponte Preta no Paulista, recebeu uma ofensa racista de um comentarista de rádio, que terminou demitido de sua emissora. O atacante se posicionou sobre o caso em seu Instagram.

Desde o ano passado, ele passa por uma transformação, tentando desconstruir a imagem de jogador conhecido por declarações engraçadas e inusitadas. Em 2019, após vitória por 4 a 1 contra o Botafogo, na Vila Belmiro, fez apelo para não ser mais visto como um gerador de memes.

"Vocês têm de começar a olhar um pouquinho pra mim também como jogador de futebol", desabafou à época. "Tem a hora de brincar e de ser levado a sério. Trabalho muito para ter uma carreira sólida.”

Nos bastidores, o jogador virou um dos líderes do elenco, apadrinhando boa parte dos jogadores mais jovens como Kaio Jorge e Arthur Gomes, e até mesmo na discussão de negociação salarial com a diretoria.

“Hoje o time que terminou o jogo estava cheio de meninos e precisamos ter alguém para puxar essa garotada. Então, ele [Marinho] está sendo um referência muito importante”, disse Cuca depois da vitória sobre o Atlético-MG.

Assim como Marinho no Santos, Luciano também chegou ao São Paulo sob desconfiança em razão do baixo aproveitamento no Grêmio.

No clube, disputou 36 jogos e marcou oito gols. O aproveitamento pela equipe em 2020 também foi discreto: apenas três gols em 16 partidas.

Sem espaço com o técnico Renato Gaúcho, Luciano foi envolvido em uma troca com o meia-atacante Everton, 31, que nunca conseguiu engatar uma boa sequência de jogos pelo São Paulo por conta de seguidas lesões.

Luciano chegou ao São Paulo no início do Brasileiro e já marcou 4 gols na competição - Amanda Perobelli - 6.set.2020/Reuters

Além de ser mais novo e ter um histórico mais favorável com relação à parte física, o atacante chegou no Morumbi com o aval de Fernando Diniz, com quem trabalhou no Fluminense e que foi contra a saída do atleta das Laranjeiras em 2019.

"O Diniz estuda, vive o futebol 24 horas por dia, trabalha muito o tático. É um ser humano incrível, passa total confiança aos atletas."

Os gols que Luciano trouxe à equipe logo em suas primeiras apresentações ajudaram a dar tranquilidade para o trabalho de Diniz, que iniciou o Campeonato Brasileiro pressionado pela queda precoce no Paulista.

Já são quatro em sete jogos no Nacional, o que coloca o camisa 11 como artilheiro do time na competição. Com a lesão de Pablo, titular no comando do ataque, o atacante vem jogando mais centralizado, mas afirma que pode atuar pelos lados, como jogou com Diniz no Fluminense.

Diante do Red Bull Bragantino, na última quarta-feira (9), o são-paulino viveu uma situação curiosa. Luciano cometeu pênalti ao colocar o braço na trajetória da bola. Bravo com o atleta, Diniz parabenizou ironicamente Luciano, que olhou para o banco de reservas. "Está olhando o quê?", perguntou o treinador.

O Bragantino desperdiçou a cobrança e, na sequência, Luciano empatou a partida, que ainda teria mais um pênalti desperdiçado pelo time do interior paulista –o jogo terminou 1 a 1.

"É uma situação meio nova para mim, chegar assim de repente [no clube] e dar tudo certo tão rápido. Espero que continue", completou o artilheiro tricolor.

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