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Ministério da Saúde dá aval para CBF liberar volta do torcedor ao estádio

Medida depende de administrações locais e prevê limite de 30% da capacidade máxima de público

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São Paulo

O Ministério da Saúde aprovou um estudo da Confederação Brasileiro de Futebol (CBF) que possibilitará a volta do torcedor aos estádios e arenas de futebol em meio à pandemia de Covid-19.

Organizadora do Campeonato Brasileiro, a entidade recebeu o aval do órgão do governo federal nesta terça-feira (22), mas ainda analisa quando e como colocará o plano em ação. A ideia inicial é que isso aconteça em outubro.

O estudo prevê no máximo 30% da capacidade dos estádios liberada aos torcedores e apenas para o time mandante, enquanto os visitantes seguirão sem acesso aos jogos.

Maracanã antes da partida entre Flamengo e Fortaleza - Sergio Moraes/Reuters

Também será necessária a aprovação das autoridades sanitárias locais, e os times deverão cumprir protocolos estabelecidos pelo governos de cada região.

"É importante ressaltar que a abertura, em um primeiro momento, deve ser para até 30% da capacidade dos estádios –podendo ser aumentado posteriormente– , conforme decisão do gestor local, que, dentre outros aspectos, levará em consideração a variação da curva epidemiológica, a taxa de ocupação de leitos clínicos e leitos de UTI e a capacidade de resposta da rede de atenção à saúde local e regional", diz trecho de comunicado do Ministério da Saúde.

Em São Paulo, o governo do estado, em seu Comitê de Saúde, analisa a questão e deve anunciar uma definição nos próximos dias, mas ainda não se pronunciou oficialmente sobre o caso.

Procurado pela Folha, o governo do Rio de Janeiro não respondeu, bem como a prefeitura da capital paulista.

"Representantes da Prefeitura do Rio se reuniram nesta terça-feira (22) com a Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (Ferj) para discutir sobre a possível volta do público aos estádios a partir de 4 de outubro. A autorização da volta de até 30% de público nos jogos, no entanto, ainda será avaliada pelo Comitê Científico da Prefeitura do Rio", afirmou a gestão municipal fluminense.

A liberação de torcidas já causou rusgas entre a Prefeitura do Rio e o governo do estado.

O prefeito Marcelo Crivella (Republicanos) afirmou no último dia 18 que queria colocar até 20 mil pessoas no Maracanã –cerca de 25% dos quase 80 mil que o estádio comporta— para a partida entre Flamengo e Athletico-PR, pelo Brasileiro, marcada para 4 de outubro.

A intenção, no entanto, foi barrada pelo governo fluminense, que um dia depois anunciou a prorrogação da proibição de presença de público em eventos esportivos.

"A abertura de estádios é totalmente imprudente e desnecessária ​porque tem riscos no local e no transporte. Não há nenhum local no mundo que está aceitando a volta de torcidas [na proporção de 30%]. Com certeza, o estádio é um dos locais de maior espalhamento [do vírus], vide o exemplo do Atalanta jogando em Milão, o que motivou a epidemia mais forte na Itália, em Bérgamo", afirmou o epidemiologista Paulo Lotufo.

Com o aval do Ministério da Saúde, a CBF irá convocar dirigentes de clubes para uma reunião para definir a partir de quando e em quais condições será possível contar com a presença de público nos estádios de futebol.

O estudo foi encaminhado ao Ministério da Saúde pelo coordenador médico da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), Jorge Pagura.

Procurado pela Folha, nesta terça-feira (22), ele confirmou que recebeu o aval para que a CBF execute o plano de volta do torcedor aos estádios, mas não quis conceder entrevista. O Ministério da Saúde também não respondeu até esta publicação.

Segundo a CBF, acontecerá uma reunião com os clubes da Série A do Brasileiro nesta quinta (24), às 16h30, por videoconferência, para discutir o plano. Em seguida, acontecerão consultas às autoridades estaduais e municipais responsáveis.

Os principais times paulistas só concordam com a volta do público ao estádio se a medida abranger todos os 20 participantes da elite do país. O presidente do Corinthians, Andrés Sanchez, havia publicado em sua conta do Twitter, na semana passada, que a equipe não entraria em campo se esse princípio não fosse respeitado.

Pela mesma rede social, o Palmeiras pediu o respeito da isonomia entre as equipes. "A presença de torcida deve se aplicar a todos os clubes ou a nenhum", se manifestou a agremiação. São Paulo e Santos também são contra.

Desde março, quando os campeonatos estaduais e a Copa Libertadores foram paralisados como forma de mitigar a contaminação pelo coronavírus, os times de futebol amargam com perdas de receitas sem a comercialização de ingressos e o chamado "matchday" (ganhos com camarotes e cadeiras cativas, além da venda de alimentos e bebidas no dia de jogo).

Segundo estudo da consultoria EY sobre os impactos da Covid-19, divulgado em maio, haverá redução entre 55% e 65% com matchday caso não haja público nos estádios até o fim deste ano. Esta receita despencaria de R$ 952 milhões, obtidos em 2019, para R$ 415 milhões.

O relatório aponta que, com a pandemia, as 20 agremiações, que faturaram R$ 6 bilhões ao todo em 2019, terão uma retração de 22% (R$ 1,34 bilhão) a 32% (R$ 1,92 bilhão).

A EY analisou resultados financeiros dos 20 times mais bem colocados no ranking da CBF na ocasião: América-MG, Athletico, Atlético-GO, Atlético-MG, Bahia, Botafogo, Ceará, Corinthians, Cruzeiro, Flamengo, Fluminense, Fortaleza, Goiás, Grêmio, Internacional, Palmeiras, Santos, São Paulo, Sport e Vasco.

Entenda a volta do público aos estádios

Com a autorização do Ministério da Saúde, o que falta para o público voltar aos estádios?

As autoridades municipais e/ou estaduais também precisam conceder aval.

Para quando está previsto o retorno dos torcedores ao estádio?

Ainda não há nenhuma previsão oficial. A CBF acredita que conseguirá executar o retorno a partir do final de outubro

Quais são os protocolos sanitários definidos para o retorno do público?

Ainda não se sabe detalhes do protocolo. A princípio, o Ministério da Saúde orienta para a CBF que seja apresentado um protocolo por parte do administrador do estádio às autoridades locais para aprovação

Até quantos torcedores poderão assistir aos jogos nos estádios?

30% da capacidade máxima dos estádios

Será permitida a entrada de torcedores visitantes?

Não, somente da torcida do time mandante

É possível, por exemplo, que haja público no Rio de Janeiro, mas não em São Paulo?

A CBF vem sendo pressionada pelos clubes para que permita torcida em todos os estádios, ou em nenhum.

Clubes sem aval das autoridades locais para permitir torcida em seus estádios podem se recusar a jogar contra adversários autorizados a receber público?

A CBF não se posicionou sobre esta hipótese, porque ainda irá convocar representantes dos clubes antes de tomar decisão. Andrés Sanchez, presidente do Corinthians, disse que se a presença de público ocorrer somente em alguns estados, o seu time pretende abandonar a competição.

Há futebol com público nas outras grandes ligas do mundo?

Na Bundesliga, a primeira competição de grande porte do futebol mundial a ser retomada, ainda em maio, os jogos começaram a ter torcedores apenas neste mês, com restrições e no máximo 20% da capacidade dos estádios. Também é previsto que o acesso ao público seja proibido em cidades cujo número de novos contágios de Covid-19 seja, no período de uma semana, superior a 35 casos por 100 mil habitantes.

Na Itália, por exemplo, o governo permite até 1.000 pessoas em eventos esportivos, enquanto na Inglaterra, devido ao aumento de casos de Covid-19, o primeiro-ministro adiou a retomada de torcedores nas arenas, antes prevista para 1º de outubro.

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