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Filme sobre imprensa, 'The Post' tem timing perfeito para estreia

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THE POST: A GUERRA SECRETA
(THE POST) (muito bom) * * * *
DIREÇÃO Steven Spielberg
ELENCO Meryl Streep, Tom Hanks
PRODUÇÃO EUA, 2017, 12 anos
QUANDO estreia nesta quinta (25)
Veja salas e horários de exibição

Não poderia ser melhor o timing da estreia de "The Post: A Guerra Secreta", novo filme de Steven Spielberg sobre um dos episódios mais simbólicos do papel da imprensa como vigilante dos poderes constituídos.

O longa, indicado a dois Oscar, chega nesta quinta (25) aos cinemas do Brasil dias depois de o Facebook anunciar uma mudança no algoritmo que deve expulsar de fato o jornalismo profissional das páginas de seus usuários em favor das fotos do cachorrinho lambendo o gatinho e dos vídeos do aniversário da vovó.

Existisse em 1971, a rede social deixaria de fora a notícia de que sucessivos presidentes americanos ludibriaram a opinião pública em relação à Guerra do Vietnã, como mostram os Pentagon Papers (Papéis do Pentágono).

O estudo secreto tinha sido encomendado por Robert McNamara, ex-secretário de Defesa dos governos Kennedy e Lyndon Johnson, e só viu a luz do sol porque foi vazado pelo analista Daniel Ellsberg, primeiro para o jornal "The New York Times", depois para o diário "The Washington Post" (que dá nome ao filme).

Naquela época, o segundo era um diário local, em busca de relevância nacional. "The Post", o jornal, cresce ao brigar pela informação e, posteriormente, com a Justiça federal norte-americana, que vetou a divulgação dos documentos, proibição que seria derrubada em decisão histórica na Suprema Corte dos Estados Unidos.

Com ele crescem seu editor-executivo, o lendário Ben Bradlee, interpretado por Tom Hanks, e sua publisher, Katharine Graham (Meryl Streep), que acabara de assumir o posto, tentava se firmar num mundo essencialmente masculino e preparava a abertura de capital da empresa que editava o jornal.

O plot, em tese pedregoso para o público não especializado, ganha tratamento de thriller nas mãos de Steven Spielberg e, ajudado pelas atuações de Hanks e Streep, chega a emocionar. Concorrem para isso as muitas subtramas do roteiro.

Uma delas, talvez a principal, é a evolução de Katharine Graham (1917-2001), de herdeira insegura e executiva acidental (assumiu o jornal depois do suicídio do marido, que o havia recebido das mãos do pai dela) para uma mulher firme e decisiva. Sua ascensão é a ascensão de todas as mulheres, defende Spielberg.

Outra é a importância da empresa jornalística de controle familiar, em que a convicção de bem informar o público muitas vezes vai contra o que seria melhor para os negócios. No caso em questão, advogados e executivos aconselham Katharine a não publicar os documentos, temerosos do efeito que a pressão do governo teria sobre anunciantes e sobre a abertura de capital iminente.

Há ainda a louvação do papel do "whistleblower" (literalmente, o "soprador de apitos", querendo dizer o vazador), figura fundamental no exercício do jornalismo, de importância especial no caso do "Washington Post" –veio de outro vazador, o diretor do FBI Mark Felt, o principal furo dado pelo jornal, o escândalo de Watergate.

Por fim, Spielberg não resiste a traçar paralelos entre Nixon e Donald Trump, na paranoia, no combate sistemático à imprensa e mesmo no gestual.

Erramos: o texto foi alterado

Robert McNamara foi secretário de Defesa nas gestões John F. Kennedy e Lyndon Johnson, mas não na de Richard Nixon, quando era presidente do Banco Mundial

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