Por problemas de segurança, Sesi mantém fechado teatro de R$ 6 mi
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Cercado por tapumes de metal e fechado há quase cinco anos, o Teatro do Sesi de Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo) custou R$ 6 milhões, mas funcionou por apenas um ano e meio e virou um elefante branco na cidade.
Construído em região nobre, o teatro foi desativado em 2012 por segurança, após serem detectados problemas estruturais no prédio.
A previsão era de que o local fosse reaberto em seis meses, mas atualmente essa possibilidade foi jogada para o segundo semestre de 2018.
Antes do fechamento, o Corpo de Bombeiros notificou 20 itens de segurança que não haviam sido executados na edificação. Por isso, não concedeu o auto de vistoria, necessário para que espaço tenha o alvará de funcionamento da prefeitura.
O Sesi diz ter contratado, à época, uma empresa especializada em laudos de segurança que indicou necessidades de reparação no prédio. Desde então, a estrutura ficou fechada, em reforma.
Em sua inauguração, o teatro tinha capacidade para 380 lugares. Foram investidos R$ 4,5 milhões na obra, além de R$ 1,5 milhão em equipamentos de som, imagem e iluminação.
A entidade tem atualmente 22 teatros espalhados por capital e interior e todos dispõem de ampla programação cultural. As unidades paulistas dão espaço à produção local por meio de editais abertos no início de cada ano.
QUEIXAS
O fechamento do espaço na divisa dos bairros Lagoinha e Castelo Branco virou alvo de queixas de vizinhos e da classe artística da cidade.
"Lembro quando foi inaugurado e diziam que era muito moderno, mas logo fechou. Eu mesmo nunca entrei ali. É decepcionante", diz o aposentado Hélio Scheicher Júnior, morador da Lagoinha há 14 anos.
Outro vizinho do teatro, o músico JP Barrionovo, afirma que a decepção é dupla já que é um espaço a menos para o público e também para os artistas locais.
"Eu conheço a estrutura dos Sesis da nossa região por já ter me apresentado em teatros de outras unidades. Vi como é importante esse tipo de espaço para a comunidade por abrigar atividades culturais de forma gratuita", diz.
Para o dramaturgo Lucas Arantes, a situação do teatro do Sesi na cidade é "lamentável".
"Quando o teatro foi inaugurado, fiquei muito empolgado porque tinha tudo para se tornar um espaço único para fortalecer a cena do interior. Mas, como tudo no Brasil, nada tem continuidade."
O Sesi, serviço social da indústria, é mantido por recursos de contribuições mensais recolhidas compulsoriamente das indústrias em geral. A contribuição tem o valor de 1,5% do total da remuneração paga aos empregados.
OUTRO LADO
O Sesi diz, em nota, que após o laudo de segurança "a empresa responsável pela construção do teatro foi acionada para corrigir tais problemas dentro da garantia contratual da obra". Questionada, a entidade não quis informar se houve mais gastos com a obra.
Segundo o Sesi, o atraso aconteceu porque no período de reparos, ocorreram alterações nas normas de segurança exigidas pelo Corpo de Bombeiros. A entidade também credita questões relativas a acessibilidade, proteção contra incêndios e sistemas de ar-condicionado.
Ressalta ainda que essas adaptações e melhorias já foram executadas. Já os reparos da instalação elétrica estão em fase de conclusão, segundo o Sesi, e a próxima etapa é a licitação para contratação dos serviços de acabamento e pintura.
Atualmente, de acordo com a assessoria, apesar de o teatro estar fechado, a entidade mantém aulas no Núcleo de Artes Cênicas, com a participação de 200 alunos por ano.