Série revê história de lutas clandestinas na Grande SP

Murilo Rosa interpreta lutador nostálgico por disputas com poucas regras 

Murilo Rosa em cena da série "Rio Heroes" - Divulgação

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GUSTAVO FIORATTI
São Paulo

DE SÃO PAULO

No Réveillon de 2011 para 2012, o roteirista Fabio Danesi reencontrou um velho conhecido, o lutador de jiu-jitsu Jorge Pereira, na Disneylândia. Ambos estavam com seus filhos. O roteirista ofereceu uma taça de vinho ao amigo, e ele recusou porque "quem bebe vira alvo fácil".

Danesi olhou ao redor: crianças para todo lado. "Amigo, você está na Disney", disse. "Então vi aquele cara com uma criança no colo, todo carismático, e por trás tinha esse lado agressivo; pensei: 'ele é um personagem inacreditável e todo contraditório."

Ali surgiu a ideia de retratar, em uma série de TV, esse mineiro que cresceu no Rio e foi um dos criadores do campeonato Rio Heroes. A obra, que a Fox passa a exibir neste sábado, leva o mesmo nome das sessões clandestinas realizadas em Osasco (Grande São Paulo) em 2007 e 2008, numa loja de carros em desuso.

O Rio Heroes ficou conhecido porque era transmitido para apostadores nos EUA por streaming e porque tinha poucas regras: não valia chute nos genitais, dedo no olho ou puxão de cabelo. Também por driblar duas legislações. As apostas não violavam leis nos EUA, e a modalidade não infringia leis brasileiras.

O mesmo perfil que levou o Rio Heroes ao sucesso foi alvo de críticas por outros representantes das artes marciais e pela imprensa. Os lutadores não usavam luva, e as lutas não eram divididas em rounds, duravam até a desistência de um dos adversários ou até que um deles fosse a knockout.

"Eram críticas levianas", defende-se hoje Pereira à Folha. Ele acha que o uso de luvas nos campeonatos de vale-tudo, ao mesmo tempo que evita o derramamento de sangue, torna ocultos danos para quem pratica o esporte. "Sem luva, você está dando soco em coco duro; se bate forte, você arrebenta a mão."

Ele diz que vê mais problema em chave de braço do que em "botar para dormir". "Isso é normal", diz. Na série, esse perfil bruto (na interpretação de Murilo Rosa) revela um personagem com traços de romantismo e nostalgia.

"Ele é o cara que não pegou a fase áurea do UFC [Ultimate Fighting Championship]: os caras que vieram depois ficaram milionários, pegaram um esporte cheio de regras e segurança, mas também mais asséptico. Pereira veio da raiz, e ele quer resgatar esse mundo", diz Danesi.

Rosa conta que o personagem retoma algo de sua história pessoal. O ator se dedicou profissionalmente ao taekwondo, antes de, há 25 anos, decidir-se pelo teatro.

NA TV
Rio 
Heroes
QUANDO
 estreia neste sábado (24), às 22h, na FOX Premium 2

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