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Filme sobre Nossa Senhora acerta em leitura mais complexa da espiritualidade

'A Imagem da Tolerância' aborda reflexos da simbologia sobre a santa além do catolicismo

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São Paulo

A Imagem da Tolerância

Avaliação: Bom
  • Quando: estreia nesta quinta (8)
  • Produção: Brasil, 2017, livre
  • Direção: Joana Mariani e Paula Trabulsi

“A Imagem da Tolerância” é, em parte, um filme católico. As diretoras Joana Mariani e Paula Trabulsi apresentam um ponto de vista de dentro para fora, ou seja, o olhar delas está impregnado das referências do catolicismo brasileiro, especialmente do culto a Nossa Senhora Aparecida.

As mensagens do papa Francisco, as pregações dos padres e as orações diante da santa são passagens do documentário que soam como peças de propaganda religiosa.

Até aqui, nada de novo, portanto. Estamos diante de uma produção religiosa, banal como dezenas de outras que chegaram aos cinemas recentemente.

Maria Bethânia em cena do documentário "A Imagem da Tolerância" - Globo Filmes/Divulgação

Mas “A Imagem” é também o olhar das diretoras de fora para dentro, o que nesse caso pressupõe uma leitura mais complexa da espiritualidade. Ao inclinar para esse viés, o filme se revela bem mais interessante.

Sem a ambição de estabelecer uma hierarquização entre religiões, Joana e Paula mostram como a simbologia de Nossa Senhora está presente em manifestações como a umbanda, o candomblé, o judaísmo e o budismo. Nesse contexto, são pertinentes os depoimentos do rabino Nilton Bonder e do lama Michel Rinpoche.

A participação da drag queen Nany People seria impensável num filme convencional sobre qualquer religião. Em “A Imagem”, sem cair em estereótipos, Nany associa Nossa Senhora à figura da mãe no que diz respeito ao acolhimento e, sobretudo, à tolerância.

O documentário também dá às águas papel relevante. Na história do cinema brasileiro, os rios têm sido ofuscados pelo mar. Não é o que acontece em “A Imagem”, que extrai do rio Paraíba do Sul, na cidade de Aparecida (SP), algumas das suas mais belas imagens.

É Maria Bethânia, porém, quem dá um ar de nobreza ao filme. Historicamente ligada às religiões afro-brasileiras, a cantora embaralha conceitos espirituais para, no fim das contas, revela-los mais simples e potentes.

Quando canta “Mãe de Deus das Candeias”, Bethânia tira o filme do chão e nos leva à transcendência, acreditemos ou não em Nossa Senhora.

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