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Cantora e compositora Camille Bertault mostra melodia, suingue e poesia

Francesa foi recentemente contratada pelo selo especializado em jazz OKeh Records

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CARLOS BOZZO JUNIOR
São Paulo
A cantora e compositora francesa Camille Bertault, fotografada em Paris - Christophe Archambault/AFP

O selo especializado em jazz OKeh Records, de Nova York, abarca em seu catálogo os melhores artistas do gênero. Entre eles, os saxofonistas Branford Marsalis e Sonny Rollins; o pianista Michel Camilo, a cantora Dee Dee Bridgewater; e a cantora e compositora francesa Camille Bertault, recentemente contratada para realizar três CDs.

É por meio do CD "Pas de Géant", lançado mundialmente pela Sony Music da França em parceria com o selo, em janeiro, que a parisiense cheia de graça, virtuosismo, musicalidade, criatividade, suingue e poesia faz jus a integrar tão nobre elenco.

O título do disco, "Pas de Géant", homenageia o clássico "Giant Steps", música do exímio saxofonista John Coltrane (1926-1967). Seu solo —considerado um dos mais difíceis do jazz— transcrito na voz de Bertault, 29, fez com que a artista fosse descoberta nas redes sociais em 2015.

A moça, além de mandar bem com sua voz e seduzir olhos por conta de sua boniteza, teve mais de 800 mil visualizações no YouTube e amealha mais de 30 mil seguidores no Facebook.

"Pas de Géant" tem produção musical de alta qualidade, realizada pelo experiente arranjador e trompetista Michael Leonhart, 43, que aos 17 anos de idade abocanhou um Grammy.

O músico teve mãos e ouvidos certos para deixar Bertault bem à vontade na interpretação de composições próprias, cujas letras são pródigas em criatividade.

Por meio delas, ela esbanja muita técnica cantando. A artista contempla o scat-singing, improviso vocal usado no jazz para empregar aleatoriamente palavras, ou parte delas, combinadas com sons.

Bertault deve ter uma "palavrateca" imensa e muito variada dentro de sua mente. Para constatar esta afirmação, basta ouvir, entre suas composições, "Nouvelle York", "Comptes de Fées", "Winter in Aspremont", "Tantôt", e "Entre les Deux Immeubles", esta última com um solo de piano vigoroso e encantador de Dan Tepfer.

Ah, sim, os músicos que participam do disco são todos excepcionais.

Outros compositores, como Wayne Shorter, Johann Sebastian Bach (1685-1750) e Bill Evans (1929-1980) são interpretados com extrema musicalidade pela cantora, que escreveu em português parte da letra de "House of Jade", música de Shorter.

Ela ainda faz um duo arrebatador com teclados em "Goldberg", a partir de Bach, e é capaz de comover pedras em "Very Early", de Evans, pela simplicidade.

É um disco em que a melodia, o suingue e a poesia ganham uma forte aliada no jazz feito à francesa.

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