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Raça e gênero são destaques dos projetos do Rumos Itaú 2018

Pela primeira vez, Norte e Nordeste têm o maior número de contemplados

O músico carioca Jards Macalé, que ganhará biografia - Divulgação

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São Paulo

O Itaú Cultural anunciou, nesta segunda (28), os 109 projetos contemplados da nova edição do projeto Rumos 2017-2018, edital de financiamento cultural da instituição. Ao todo, foram mais de 12 mil inscrições.

Desta vez, o Rumos distribui R$ 15,5 milhões para os escolhidos, mais dos que os R$ 15 milhões da edição anterior.

Entre os destaques deste ano, estão os projetos que trazem como tema as questões raciais e de gênero —uma tendência que já vinha se anunciando no edital passado.

"Em 2017, já havia projetos assim, mas agora notamos uma apropriação desses temas pelas linguagens artísticas. Não são mais projetos com aquele formato de pensamento e pesquisa", diz Ana de Fátima Sousa, gerente de comunicação e relacionamento do Itaú Cultural e membro da comissão julgadora.

Entre os projetos selecionados, 8 tratam da identidade LGBT, 10 da questão da mulher e 16 são sobre temas raciais, além de outros 10 relativos à questão indígena.

Entre os exemplos, está um projeto de HQs com histórias reais de mulheres que passaram por alguma forma de discriminação.

Um outro, envolvendo a etnia indígena kamayurá, do Parque Indígena do Xingu (MT), vai visitar acervos de antropólogos que frequentam o parque desde os anos 1960. A ideia é conhecer os registros existentes sobre as aldeias da etnia.

Dentro da questão racial, por exemplo, um projeto vai divulgar o acervo sonoro inédito do linguista negro norte-americano Lorenzo Dow Turner, que realizou registros do candomblé nos anos 1940, com gravações da Mãe Menininha do Gantois e Joãozinho da Gomeia.

Um dos criadores da guitarrada paraense, Mestre Vieira será tema de um songbook - Mestre Vieira/Divulgação

Como este, há outros projetos musicais —caso de uma biografia de Jards Macalé e um songbook do Mestre Vieira, um dos criadores da guitarrada paraense.

Outro destaque da nova edição do Rumos é a inversão na distribuição regional dos projetos selecionados para receberem o apoio.

Pela primeira vez, Norte e Nordeste superam, em número de projetos contemplados, o Sul e o Sudeste —são 47% contra 43,4% dos aprovados. O Centro-Oeste representa 5% do total de eleitos.

"Historicamente foi mais forte a presença do Sudeste, mas desta vez demos uma diminuída na presença da região e fortalecemos o Norte e o Nordeste", diz Sousa.

Proporcionalmente, os números chamam mais atenção. Sul e Sudeste representam 68% dos projetos inscritos, com 8.649 iniciativas, ao passo que Norte e Nordeste são 24% das iniciativas que pleitearam verbas do edital, num total de 3.074.

Os projetos de memória também se destacam. Além da iniciativa com o acervo de Lorenzo Dow Turner, há um, por exemplo, que vai organizar e digitalizar o acervo do músico e pesquisador Djalma Corrêa, enquanto outro busca recuperar o acervo sonoro do compositor Getúlio Marinho, responsável pelas primeiras gravações de pontos de umbanda conhecidas.

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