'Selfie para o Inferno' é tão ruim quanto o título sugere, ou ainda pior
No longa, entidade maligna é despertada quando fazemos ou vemos uma série de 13 selfies
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Uma das maiores dificuldades do cinema contemporâneo é lidar com as novas tecnologias. É raro um notebook não ficar ridículo numa tela, e costuma ser ainda pior quando a câmera enquadra smartphones ou outras telas que funcionam pelo toque.
Um diretor chamado Erdal Ceylan teve a ideia de estrear em longa com uma trama sobre uma entidade maligna que é despertada quando fazemos ou vemos uma série de 13 selfies.
O disparate atende pelo nome de "Selfie para o Inferno". E o resultado, acreditem, é tão ruim quanto o que o título sugere, ou ainda pior.
Claro está que a ideia já é estapafúrdia. Mas o gênero, por sua rentabilidade, costuma atrair diretores talentosos, que podem se exercitar à vontade na formação de um estilo e fazer com que ideias absurdas rendam bons filmes.
O problema é que Erdal Ceylan não tem ideia do que fazer com a câmera. Deixá-la flutuar ao redor dos atores é uma forma pueril de emular uma presença fantasmagórica.
É também incapaz de contornar a pouca habilidade desses atores, que talvez estejam constrangidos pela estupidez da trama, talvez sejam ruins mesmo.
A protagonista, Hannah (Alyson Walker), mesmo temerosa de ficar sozinha e diante de um mistério sinistro e inexplicável, prefere zanzar pela casa com quase todas as luzes apagadas. E não para de arrumar situações para ficar sozinha na penumbra.
Seu amigo virtual, que logo se torna amigo de fato e pretendente, é Trevor (Tony Giroux), jovem ator que tem uma das piores interpretações vistas recentemente. Canastrão seria elogio.
A ideia de explorar a tal de "dark net", onde tudo de mal é válido e não há fiscalização, sai logo pela culatra, porque a mistura entre tecnologia do mal e o sobrenatural simplesmente não funciona, mesmo dentro da ideia de suspensão da descrença na qual se apoiam obras que transitam pelo fantástico.
E os desdobramentos da trama são sempre patéticos, de envergonhar qualquer calouro de faculdade de cinema.
Lá pela metade do filme já não nos interessa mais se estamos diante de um mal sobrenatural ou somente do mal que reside no ser humano. Tudo o que queremos é chegar logo ao fim, caso não seja possível (por alguma moral de cinéfilo ou alguma exigência profissional) abandonar a sessão. E quando chega o fim, desejamos esquecê-lo rapidamente.
Por outro lado, "Selfie para o Inferno" é tão ruim que pode propiciar uma sessão divertida. É a única forma de ver esta aberração.