Siga a folha

Descrição de chapéu Televisão Maratona

Emmy nunca indicou tantos negros, mas fãs não perdoam falta de asiáticos e latinos

Maior premiação da TV bateu recorde nas categorias de atuação e serve de palco para batalha virtual entre HBO e Netflix

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

São Paulo

Mais importante premiação da televisão americana, o Emmy chega neste domingo à sua 72ª edição como um espelho da guerra de plataformas de conteúdo que domina a cena audiovisual e também com um recorde batido —este é o ano com o maior número de negros indicados nas categorias de atuação.

As duas particularidades deste ano se juntam a uma terceira. Por causa do coronavírus, esqueça o glamour do tapete vermelho e a pomposa festa de sempre. Desta vez, a entrega de prêmios será toda virtual, como já vinha ocorrendo ao longo da semana passada, numa série de minicerimônias distintas centradas em categorias técnicas e programas de variedades.

Essas particularidades também respingam no campeão de nomeações “Watchmen”, minissérie que recebeu 26 indicações —e é a favorita em muitas delas. Sua temática e elenco ajudaram o Emmy a ter 33% de negros entre os atores na competição deste ano.

Detalhe da decoração da cerimônia do Emmy de 2019, inspirada no troféu distribuído aos melhores da televisão americana - Mark Ralston/AFP

Enquanto isso, a emissora da trama, a HBO, está na linha de frente de duas batalhas ferozes que se desenrolam há algum tempo —a da TV tradicional versus o streaming e aquela que acontece entre as próprias plataformas sob demanda. A representante do canal no último caso é a recém-lançada HBO Max, que abriga o seu conteúdo.

Mas nem as 26 menções a “Watchmen” conseguiram engrossar o caldo de indicações da HBO o suficiente para bater a concorrente Netflix. No total, a gigante da TV fechada recebeu 107 nomeações, contra 160 do gigante do streaming —que nunca levou as estatuetas mais cobiçadas da premiação, as de melhor série de drama e de comédia

A HBO e a Netflix encabeçam uma lista que ajuda o espectador a entender como anda a disputa por audiência e prestígio em solo americano. Logo abaixo dessas duas, as três empresas com mais indicações são emissoras, NBC —com 47—, ABC —36— e FX —33. Só então outros serviços de streaming aparecem, o que mostra que a TV tradicional ainda tem uma força imensa.

Na sequência vêm Amazon —31—, Hulu —26—, CBS —23—, as novatas Disney+ —19— e Apple TV+ —18—, Pop TV —16—, Fox —15—, VH1 —13— e, por último, BBC America, Comedy Central e a também novata Quibi, cada uma delas com dez menções.

É sem dúvida um cenário superpovoado e, em meio a tantas opções, é natural que muitos programas e artistas fiquem de fora do Emmy. Mas algumas dessas esnobadas não passaram despercebidas pelo público. Mesmo com o recorde de atores negros indicados neste ano, muita gente tem questionado até onde vai a diversidade do Emmy.

Isso porque 1% das categorias de atuação é composto por pessoas de ascendência asiática, enquanto os atores latinos simplesmente desapareceram da cerimônia deste ano. Os dados são ainda mais frustrantes quando levado em consideração que Los Angeles, onde a maioria desses programas é gravada, tem 15% de sua população formada por amarelos e quase metade por latinos.

“Por que nós, latinos, não podemos ter um pedaço dessa torta? Nós somos o maior grupo étnico nos Estados Unidos e estamos ausentes como se não existíssemos”, escreveu o ator John Leguizamo em sua conta no Twitter depois do anúncio dos indicados.

Na mesma rede social, um post do jornalista americano Manuel Betancourt, em que fala sobre o problema e destaca performances que poderiam ter sido contempladas, viralizou. Entre os atores lembrados por ele —e com ausência no Emmy notada há quatro edições— está Rita Moreno, uma lenda de Hollywood.

Ela está em “One Day at a Time”, série de comédia com base de fãs dedicada e boas críticas, centrada numa família de origem cubana, mas que até hoje só foi lembrada pela premiação por sua fotografia.

Outras performances e séries populares com tempero latino, lembradas pelos fãs como possíveis indicadas ao Emmy, incluem “Vida”, Gina Rodriguez em “Jane the Virgin”, Rosa Salazar em “Undone”, Harvey Guillén em “What We Do in the Shadows” e até mesmo Sofía Vergara pela temporada derradeira de “Modern Family” —sua última chance de conquistar o troféu pela hilária Gloria, após quatro indicações frustradas.

Entre os asiáticos, o 1% é formado por Sandra Oh, de “Killing Eve”, e Dev Patel, por “Modern Love”. Poderiam ter feito companhia a eles Manny Jacinto, também por uma temporada de despedida, a de “The Good Place”. Ou então Awkwafina, por “Awkwafina Is Nora from Queens”, e Hong Chau, por “Watchmen”.

Entre as atuações lembradas pelo Emmy, no entanto, estão as de atores e personagens queridíssimos pelo público e que integram os 33% de negros indicados. São as de Billy Porter, em “Pose”, e de Zendaya, em “Euphoria”. Mas as menções, nas categorias de ator e atriz em série dramática, deixaram um gosto bem amargo na boca de seus fãs.

Os dois contracenam, em suas respectivas séries, com mulheres trans que também não deram as caras na premiação —e suas temáticas centradas na diversidade tampouco tiveram força para aparecer nas categorias principais. No caso de “Pose”, a protagonista MJ Rodriguez não só levantaria a bandeira trans com uma indicação, mas também ocuparia uma vaga em prol da representatividade latina.

Não faltaram opções para que a inclusão do Emmy fosse ampliada —a diversidade, afinal, tem dado o tom do embate entre as TVs e os serviços de streaming. Nunca se produziu tanta série como hoje e, graças à inexistência de uma grade de programação rígida nas plataformas online, conteúdos de nicho e centrados em minorias têm florescido.

O recorde quebrado nesta 72ª edição, o de mais atores negros já indicados, mostra que as coisas estão mudando. Mas não parece ser o suficiente para esconder que, apesar dos esforços, a indústria segue controlada por uma parcela de pessoas homogênea.

72º Primetime Emmy Awards

Avaliação:
  • Quando: Exibido neste domingo (20), às 21h, na TNT

*

Principais indicados

Ator em série de comédia
Anthony Anderson (“Black-ish”)
Michael Douglas (“O Método Kominsky”)
Ted Danson (“The Good Place”)
Eugene Levy (“Schitt’s Creek”)
Ramy Youssef (“Ramy”)
Don Cheadle (“Black Monday”)

Atriz em série de comédia
Rachel Brosnahan (“Maravilhosa Sra. Maisel”)
Catherine O’Hara (“Schitt’s Creek”)
Christina Applegate (“Disque Amiga para Matar”)
Issa Rae (“Insecure”)
Linda Cardellini (“Disque Amiga para Matar”)
​Tracee Ellis Ross (“Black-ish”)

Ator coadjuvante em série de comédia
Mahershala Ali ("Ramy")
Alan Arkin ("O Método Kominsky")
Andre Braugher ("Brooklyn Nine-Nine")
Sterling K. Brown ("Maravilhosa Sra. Maisel")
William Jackson Harper ("The Good Place")
Daniel Levy ("Shcitt's Creek")
Tony Shalhoub ("Maravilhosa Sra. Maisel")
Kenan Thompson ("Saturday Night Live")

Atriz coadjuvante em série de comédia
Alex Borstein ("Maravilhosa Sra. Maisel")
D'Arcy Carden ("The Good Place")
Betty Gilpin ("Glow")
Marin Hinkle ("Maravilhosa Sra. Maisel")
Kate McKinnon ("Saturday Night Live")
Annie Murphy ("Schitt's Creek")
Yvonne Orji ("Insecure")
Cecily Strong ("Saturday Night Live")

Ator em série dramática
Jason Bateman (“Ozark”)
Sterling K. Brown (“This Is Us”)
Steve Carell (“The Morning Show”)
Brian Cox (“Succession”)
Billy Porter (“Pose”)
Jeremy Strong (“Succession”)

Atriz em série dramática
Jennifer Aniston (“The Morning Show”)
Olivia Colman (“The Crown”)
Jodie Commer (“Killing Eve”)
Laura Linney (“Ozark”)
Sandra Oh (“Killing Eve”)
Zendaya (“Euphoria”)

Ator coadjuvante em série dramática
Nicholas Braun ("Succession")
Billy Crudup ("The Morning Show")
Kieran Culkin ("Succession")
Mark Duplass ("The Morning Show")
Giancarlo Esposito ("Better Call Saul")
Matthew Macfadyen ("Succession")
Bradley Whitford ("O Conto da Aia")
Jeffrey Wright ("Westworld")

Atriz coadjuvante em série dramática
Helena Bonham Carter ("The Crown")
Laura Dern ("Big Little Lies")
Julia Garner ("Ozark")
Thandie Newton ("Westworld")
Fiona Shaw ("Killing Eve")
Sarah Snook ("Succession")
Meryl Streep ("Big Little Lies")
Samira Wiley ("O Conto da Aia")

Ator em minissérie ou filme para TV
Paul Mescal (“Normal People”)
Jeremy Irons ("Watchmen")
Jeremy Pope (“Hollywood”)
Mark Ruffalo (“I Know This Much Is True”)
Hugh Jackman (“Má Educação”)

Atriz em minissérie ou filme para TV
Cate Blanchett (“Mrs. America”)
Shira Haas (“Nada Ortodoxa”)
Regina King (“Watchmen”)
Octavia Spencer (“Self Made”)
Kerry Washington (“Little Fires Everywhere”)

Ator coadjuvante em minissérie ou filme para TV
Yahya Abdul-Mateen 2° ("Watchmen")
Jovan Adepo ("Watchmen")
Tituss Burgess ("Unbreakable Kimmy Schmidt: Kimmy x Reverendo")
Louis Gossett Jr. ("Watchmen")
Dylan McDermott ("Hollywood")
Jim Parsons ("Hollywood")

Atriz coadjuvante em minissérie ou filme para TV
Uzo Aduba ("Mrs. America")
Toni Collette ("Unbelievable")
Margo Martindale ("Mrs. America")
Jean Smart ("Watchmen")
Holland Taylor ("Hollywood")
Tracey Ullman ("Mrs. America")

Minissérie
“Watchmen” (HBO)
“Mrs. America” (FX)
“Unbelievable” (Netflix)
“Nada Ortodoxa” (Netflix)
“Little Fires Everywhere” (Hulu)

Série de comédia
“Curb Your Enthusiasm” (HBO)
“Disque Amiga para Matar” (Netflix)
“The Good Place” (NBC)
“Insecure” (HBO)
“O Método Kominsky” (Netflix)
“Maravilhosa Sra. Maisel” (Prime Video)
“Schitt’s Creek” (Pop TV)
“What We Do in the Shadows” (FX)

Série dramática
“Better Call Saul” (AMC)
“The Crown” (Netflix)
“O Conto da Aia” (Hulu)
“Killing Eve” (BBC America)
“The Mandalorian” (Disney+)
“Ozark” (Netflix)
“Stranger Things” (Netflix)
“Succession” (HBO)

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas