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Cinema mostra de cinema

Filme sobre Wim Wenders acha beleza ao explorar seus conflitos

Documentário encerra festival É Tudo Verdade com mergulho na carreira do diretor de 'Paris, Texas'

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Wim Wenders, Desperado

Avaliação: Ótimo
  • Quando: Dom. (4), às 20h
  • Onde: Alemanha
  • Preço: Gratuito
  • Direção: Eric Friedler, Andreas Frege

“Wim Wenders, Desperado” começa bem mal, agitando o argumento de autoridade, vindo de mil partes, de Werner Herzog a Francis Coppola, da Alemanha, da França, da América. Wim Wenders é indispensável, Wim Wenders é o maior etcetera e tal.

Poderia se privar disso. Afinal, Wenders é um cineasta de muita história, com Palma de Ouro nas costas. Além do mais, o documentário se apresenta bastante tradicional, com depoimentos dando conta da carreira do cineasta —por sorte devidamente ilustrados com seus filmes.

O que vem em seguida nos seduz pouco a pouco. Eis o cineasta conversando com a atriz de seu primeiro grande filme, “O Medo do Goleiro Diante do Pênalti”, de 1972, e admitindo que não sabia, naquela altura, dirigir um ator.

O diretor alemão Wim Wenders posa na 71ª edição do Festival de Cannes - Alberto Pizzoli/AFP


Depois, expondo seu método de trabalho. “Não sei aonde o filme me leva”, diz a horas tantas. Uma revelação mais que interessante, pois a essência do cinema de Wenders é, afinal, o “road movie”. Só que no caso dele se trata de sair pela estrada e descobrir não só a vida, mas o filme —tudo ao mesmo tempo.

E os primeiros filmes de Wenders foram sempre isso. Os personagens estão sempre em deslocamento, em busca de algo. Do quê? A ideia de “road movie” para o cineasta consiste em entrar em um rio e se deixar levar por ele.

Os filmes de Wenders feitos na Alemanha parecem sonhar com os Estados Unidos. O jogo se abre com “O Amigo Americano”, de 1977. Há um livro americano, “Ripley’s Game”, de Patricia Highsmith. Tem consigo um ator americano, Dennis Hopper, para fazer o personagem principal, Ripley.

Ele teria de acabar por lá e fazer “Hammett” para a American Zoetrope de Francis F. Coppola. No meio dos desentendimentos com o produtor, rodou “O Estado das Coisas”.

Por fim, faria o seu grande filme americano, “Paris, Texas”, de 1984. Mas não um filme inteiramente americano, já que a produção era europeia. Ou seja, Wenders pôde trabalhar à sua maneira, revendo o roteiro dia após dia.

Foi só depois desse filme que voltou finalmente à Alemanha. Mas voltou diferente. Ele se sentiu, finalmente, alemão. Agora, fazia, com “Asas do Desejo”, de 1987, o filme de quem se sentia repatriado.

O que sempre pareceu misterioso —por que depois disso Wenders nunca mais fez um filme de ficção à altura? A resposta parece satisfatória: desde os anos 1990, tudo estava ordenado, controlado. E para ele a liberdade era essencial.

Não era capricho, mas método. Seguir um roteiro era se condenar ao fracasso. O essencial de sua produção veio, então, de documentários.

Mas a história de “Hammett”, suas brigas com Coppola, remontagens e tudo mais ainda estava por ser contada. Foi bom deixar para o fim. Lá está o confronto entre América e Europa, entre diretor e produtor, entre roteiro e improviso. É quando dá conta de tudo isso que o filme mostra sua última face —belíssima.

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