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Invasão aos Três Poderes danifica vitral no Congresso e mural de Di Cavalcanti; veja

Danos se estenderam à escultura 'A Justiça', de Alfredo Ceschiatti, e painel do artista Athos Bulcão

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São Paulo

Os manifestantes golpistas que invadiram, neste domingo, em Brasília, as edificações da praça dos Três Poderes, idealizadas pelo arquiteto Oscar Niemeyer —Palácio do Planalto, Congresso Nacional e Supremo Tribunal Federal— danificaram importantes obras de arte da cultura brasileira.

Uma delas, foi "Araguaia", vitral de Marianne Peretti, de 1977, que fica no Salão Verde da Câmara dos Deputados. No Planalto, a tela "Mulatas", pintada em 1962 por Di Cavalcanti, foi furada pelos golpistas.

Quadro de Di Cavalcanti perfurado durante invasão ao Palácio do Planalto - Reprodução

No STF, a cadeira da presidente Rosa Weber, concebida pelo designer Jorge Zalszupin, foi arrancada. Além disso, um crucifixo foi danificado e a escultura "A Justiça", de Alfredo Ceschiatti, de 1961, foi pichada.

Segundo um funcionário do Congresso, os golpistas quebraram as vidraças da Câmara e fizeram pichações.

Também invadiram e quebraram a sala da liderança do PT. Ao lado, incendiaram uma lanchonete. Atrás dela, fica um painel do artista Athos Bulcão. Até o momento, não há notícias sobre o estado da obra. Os extremistas, conta o funcionário, destruíram hidrantes, numa tentativa de impedir o combate às chamas.

As edificações da praça dos Três Poderes foram tombadas, em 2007, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, o Iphan. Brasília, cidade planejada ainda na década de 1950 durante o governo de Juscelino Kubitschek, também foi inscrita pela Unesco, em 1987, na lista do patrimônio mundial.

Logo após o ataque, diversas autoridades e instituições ligadas à proteção dos monumentos públicos se manifestaram.

Em nota, o Conselho de Arquitetura e Urbanismo, o CAU, classificou a invasão como um atentado grave contra "o primeiro conjunto urbano do século 20 reconhecido como patrimônio mundial pela Organização das Nações Unidas."

Para José Nascimento, ex-presidente do Instituto Brasileiro de Museus, o Ibram, entre 2009 e 2013, o Iphan deve avaliar todo o prejuízo após a invasão.

"São crimes de dano ao patrimônio público", diz ele. "O Iphan pode fazer a imediata avaliação do que foi danificado e, então, cabe à Polícia Federal prender os terroristas." Ao menos, 200 pessoas foram presas até o fim desta noite.

De acordo com a presidente da Comissão de Direito Urbanístico da Ordem dos Advogados do Brasil de São Paulo, Lilian Pires, os invasores podem ser enquadrados em ao menos dois crimes —depredação do patrimônio público e depredação de patrimônio tombado. Na sua visão, é necessário agora apurar a responsabilidade funcional da polícia do Distrito Federal, isto é, se agiu de acordo com o comportamento previsto na lei.

Por fim, Marcos Olender, diretor de projetos do Conselho Internacional de Monumentos e Sítios, o Icomos, afirmou ser difícil mensurar o valor das obras danificadas. "Não existe realmente um valor para essas obras de arte que foram danificadas", afirma. "O que aconteceu foi muito grave."

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