FHC mandou Exército ocupar 4 refinarias

Ação permitiu retomada da produção, disse governo

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Plinio Fraga
São Paulo

Sem diálogo com os petroleiros em greve, sem perspectiva de solução para um movimento que completava mais de 20 dias de paralisação e com estoques de combustíveis em níveis críticos, o presidente Fernando Henrique Cardoso determinou a ocupação pelo Exército de quatro refinarias da Petrobrás para tentar garantir a retomada da produção.

A ação foi deflagrada na madrugada de quarta-feira e atingiu as refinarias de Paulínia, São José dos Campos, Mauá -todas três em São Paulo- e Araucária (PR).

Soldados do Exército entram em fila indiana na Replan, refinaria da Petrobrás, para conter greve dos funcionários da estatal. - Marcos Peron - 25.abr.95/Folhapress

Apesar de o Exército estar em prontidão havia dez dias, a ação surpreendeu os grevistas.

O presidente do PT, Luiz Inacio Lula da Silva, criticou a medida e tentou dar corpo à frente parlamentar que tentava reabrir negociações entre governo e petroleiros.

Mas Lula não apresentou solução concreta para encontrar uma saída que não sacrificasse a população e ao mesmo tempo preservasse o poder de pressão dos grevistas.

O presidente da CUT, Vicente Paulo da Silva, classificou a atitude do governo como ``burra". Mas ao optar por chamar o Exército para ocupar quatro refinarias, FHC evitou enfrentar os grevistas onde poderia haver mais problemas -incluindo confronto direto com os militares, sujeito a mortes.

A refinaria Presidente Bernardes, em Cubatão, ocupada desde o último dia 6 por 500 petroleiros, foi poupada da ação do Exército.

Para vender a imagem que optou corretamente mesmo ao usar instrumento que carrega historicamente uma imagem autoritária, o governo, depois de dias anunciando um racionamento iminente, passou a afirmar, 24 horas após a ação, que a produção da Petrobrás atingiu 50% do seu total.

Na sexta-feira, os petroleiros amargaram nova derrota no Tribunal Superior do Trabalho. Os ministros reafirmaram a interpretação da greve como abusiva.

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