Uber usava software para bloquear computadores durante batida policial

Crédito: Danish Siddiqui - 19.jan.16/Reuters O polêmico ex-presidente presidente da Uber Travis Kalanick durante indianos em 2016

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A Uber costumava usar um software que bloqueava seus computadores no exterior durante ações policiais em suas instalações, de acordo com diversas pessoas informadas sobre a questão, no mais recente exemplo de como a companhia se dispunha a exceder as regras ao lidar com as autoridades.

O software, chamado Ripley, podia ser ativado pela equipe da Uber em San Francisco quando ela fosse notificada de que havia visitantes inesperados, como a polícia ou fiscais, em uma unidade da empresa no exterior.

Quando o sistema era ativado, o pessoal local perdia o acesso aos seus computadores e a polícia não conseguia extrair dados armazenados neles.

O Ripley operava como uma espécie de "chave geral" que bloqueava todos os computadores de um escritório, impedindo que o pessoal fornecesse dados imediatamente à polícia mesmo que esta tivesse um mandado de busca.

OUTRO LADO

A Uber disse que o programa era parte normal de seu sistema de proteção aos aparelhos da empresa.

"Como qualquer empresa que tenha escritórios em todo o mundo, temos procedimentos de segurança em vigor para proteger os dados empresariais e dos clientes", afirmou.

"Quando se trata de investigações do governo, nossa política é cooperar com todas as buscas e solicitações de dados válidas."

HISTÓRICO DE PROBLEMAS

Embora o Ripley não esteja mais em uso, sua existência pode ser uma nova dor de cabeça para uma empresa que enfrenta mais de 700 processos e contestações judiciais em todo o mundo.

O Ripley foi usado em 2015 e 2016, e a Uber subsequentemente desenvolveu o uLocker, software de gestão de dispositivos móveis que pode ser usado para travar remotamente aparelhos da empresa, como um laptop que tenha sido esquecido em um táxi.

As táticas agressivas que a Uber usava para espionar concorrentes e bloquear as ações das autoridades vêm sendo questões cruciais em muitos dos problemas judiciais que ela enfrenta.

Muitas dessas técnicas foram empregadas nos anos em que a Uber estava se expandindo rapidamente no exterior, sob o comando de seu fundador e antigo presidente-executivo, Travis Kalanick, e os choques entre a empresa e as autoridades eram frequentes.

Um software conhecido como Greyball era usado para exibir uma versão falsa do app da Uber às autoridades, para que elas não pudessem usar o app a fim de identificar os motoristas da Uber.

Uma das primeiras ações de Tony West, o novo vice-presidente jurídico da Uber, contratado em novembro, foi uma ordem proibindo o pessoal de usar táticas de vigilância agressivas.

"Se alguém estiver trabalhando em qualquer projeto de informações sobre a concorrência que envolva a vigilância de indivíduos, deve abandoná-lo já", escreveu West.

As táticas de vigilância da Uber, e seu uso amplo de canais secretos de comunicação e mensagens efêmeras, também são questão em sua disputa legal sobre o roubo de segredos comerciais da Waymo, a divisão de carros autoguiados da Alphabet.

O caso irá a julgamento no mês que vem.

Tradução de PAULO MIGLIACCI

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