Saída de Rabello do BNDES abre disputa por sucessão
Temer não escolheu um nome, mas definiu um perfil
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O aviso de Paulo Rabello de Castro de que irá deixar a presidência do BNDES para concorrer nas eleições provocou uma corrida de possíveis candidatos ao posto.
Segundo relatos ouvidos pela Folha, um dos que tem se colocado na disputa é o atual diretor de planejamento do banco, Carlos da Costa. Ex-estagiário de Rabello de Castro na consultoria RC Consultores, ele chegou ao banco com a bênção do atual presidente. Passou pelo Ibmec-SP e JP Morgan.
Tem feito um périplo em Brasília desde o mês passado para tentar se viabilizar no posto. No início de fevereiro, se reuniu com o ministro da Secretaria-Geral, Moreira Franco. Responsável pelo PPI (Programa de Parcerias de Investimentos), Moreira está entre os que vão escolher o nome que assumirá o BNDES, uma vez que o banco é um dos principais financiadores de projetos de infraestrutura.
Costa também também pediu apoio do presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Paulo Skaf. Na próxima quinta-feira (8), tem encontro marcado com o senador Romero Jucá (MDB-RR), que já ocupou o Ministério do Planejamento, sob o qual o BNDES está submetido.
Nas conversas com emedebistas, ele tem feito elogios ao governo federal e não esconde a pretensão de assumir o banco estatal. O Palácio do Planalto definiu que a troca ocorre no fim de março, mas uma reunião para avaliar os nomes está marcada para esta semana.
Temer não escolheu um nome, mas definiu um perfil: quer alguém que defenda enfaticamente a sua gestão, e que tenha uma trajetória no banco, já que o novo presidente ficará apenas nove meses à frente do posto.
O emedebista receia que alguém de fora poderá ter dificuldades para se adaptar ao órgão em pouco tempo e tende a ser refutado pelos servidores de carreira, que defendem a escolha de um nome da instituição financeira.
O Ministério da Fazenda defende outro nome, o do secretário de acompanhamento fiscal, Mansueto Almeida. A seu favor, Mansueto tem o tempo de trabalho no governo --chegou ao ministério com Meirelles, em 2016. Mas tem pouco apoio político.
Correm por fora o presidente do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), Ernesto Lozardo, e o diretor da Área Financeira do BNDES, Carlos de Freitas.
O primeiro enfrenta resistências dentro do BNDES e entre assessores presidenciais, que alegam ser uma nova dor de cabeça encontrar um sucessor para o Ipea.
O segundo apresentou resistência à devolução de recursos ao Tesouro Nacional em um momento em que o governo precisa do dinheiro para fechar as contas.
Próximo a Temer, Rabello de Castro produziu alguns desgastes com o Planalto. Fez declarações contrárias à devolução de recursos do BNDES e criticou a mudança da taxa de juros do banco para a TLP (taxa de longo prazo), o que pôs fim a subsídios nos empréstimos.
À Folha, Carlos da Costa desconversou sobre a intenção de assumir o posto. Disse que Paulo Rabello pode mudar de ideia e ficar no banco, o que é improvável.
Costa afirma que procurou autoridades em Brasília para falar sobre o planejamento do banco para os próximos anos. "O banco está diminuindo em volume de desembolsos mas não em impacto." Em sua opinião, a TLP é boa para empresas que tomam empréstimos no longo prazo e também é positiva para a economia.
"A gente quer ver a Selic (taxa de juros básica da economia) e a TLP continuarem caindo. Quanto mais fontes de financiamento melhor."
Quem assumirá o BNDES?
Veja cotados para ocupar lugar de Rabello de Castro
Mansueto Almeida
Secretário de Acompanhamento Fiscal, Energia e Loteria do Ministério da Fazenda. É o nome preferido do ministro Henrique Meirelles
Carlos Thadeu de Freitas
Diretor da Área Financeira e Internacional do BNDES, foi levado para o banco por Rabello de Castro. É o decano na diretoria e, por isso, tem apoio dos técnicos do banco
Ernesto Lozardo
Presidente do Ipea, tem a seu favor a proximidade com Michel Temer. Porém não tem apoio nem na Fazenda nem entre os assessores presidenciais. O nome dele tampouco encontrou apoio dentro do BNDES
Carlos da Costa
Diretor de Planejamento do banco, assumiu o cargo em agosto de 2017. Foi levado para o BNDES por Paulo Rabello de Castro, de quem foi estagiário na RC Consultores.
SALÁRIOS
Como a Folha mostrou em fevereiro, o BNDES é o banco estatal federal que paga a maior remuneração aos seus diretores.
O o salário fixo da diretoria do banco é R$ 80.110,10, e o do presidente, R$ 87,4 mil.
Somado o valor a remuneração variável, que depende de metas alcançadas, a renda média por mês é equivalente a R$ 105 mil, valor referente a 2016, último dado disponibilizado pelo banco.