Fábricas de móveis mudam estratégias
Concorrência de gigantes e produtos da China forçam reestruturação de pequenas empresas do setor
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Investimento em design local, expansão do mercado dentro e fora do Brasil e diversificação dos pontos de venda são estratégias dos pequenos negócios do setor moveleiro para se destacar em um mercado difícil.
Além da crise econômica, essas empresas enfrentam a entrada de produtos baratos da China e a concorrência com as gigantes, que produzem móveis mais padronizados e em larga escala.
Já que não é possível competir pelo preço mais baixo, repensar o modelo de negócio foi a solução para muitos desses empreendedores.
A bióloga Carolina Garcia, 36, sócia da Munclair Iluminação, apostou em parcerias com escritórios de design, como Adolini+Simonini, Fabíola Bergamo Design Box e Pax.Arq. Ela também contratou uma equipe para criar produtos autorais.
Um desses itens, a luminária Íris, foi selecionada para participar da Semana de Design de Milão, na Itália, que será realizada entre os dias 17 e 22 deste mês.
“Passamos um briefing para diversos designers, que nos trouxeram suas propostas. Ajustamos tudo por um ano e a lançamos em janeiro”, diz.
A Munclair exporta para a América Latina e já vendeu lustres a um hotel na Mauritânia, no noroeste da África.
Construir uma carteira de clientes no exterior, segundo Edson Pelicioli, presidente da Movelsul Brasil, é um trabalho de longo prazo.
“A parte mais difícil é fazer um bom planejamento, já que o mercado está instável e tivemos volatilidade cambial. Ganhar a confiança do comprador leva tempo”, afirma.
A gaúcha Armazém da Mobília tem exportado para Argentina e Uruguai, próximos de sua fábrica, no município de Estrela (RS).
“Queremos aproveitar o câmbio mais estável e investir nos mercados dos EUA, do Caribe e do Panamá”, afirma o fundador do Armazém da Mobília, César Kunzel, 53.
A empresa projeta crescer 20% em 2018. Para isso põe atenção em duas grandes linhas: uma de mobiliário contemporâneo, inspirado em novidades da Europa, e outra clássica, com poltronas Berger e sofás Chesterfield de tecidos importados de China, Índia, Turquia e EUA.
Para Cândida Cervieri, diretora da Abimóvel (Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário), vale investir em design, mas antes é vital resolver gargalos básicos.
“Às vezes você encontra produtos quase iguais nas lojas, por isso o que faz a diferença é o serviço e a qualidade dos materiais”, afirma.
Segundo Pecioli, o varejo nesse setor é multicanal: é preciso investir em lojas e ecommerce, e isso exige preparo. Além do cliente final, os empresários devem buscar parcerias com revendedores.
Cátia Scarton, 45, da fabricante de cadeiras Prima Design, seleciona alguns setores da economia no início do ano e oferece seus produtos em busca de novos contratos.
“Escolhemos, por exemplo, entre educação, saúde ou alimentação. Franquias são vantajosas, porque cada vez que abrem uma loja, temos um pedido”, diz.
Com essa tática, a empresa pretende manter o crescimento entre 8% e 10% registrado nos últimos anos.
As empresas também usam feiras para conhecer potenciais compradores, caso da Movelsul, realizada em março, em Bento Gonçalves (RS).
“Os contatos que fazemos nos eventos rendem um ano de trabalho e permitem controlar melhor gastos com divulgação”, diz Scarton.
MÓVEL BRASILEIRO
Setor aposta em alta nas vendas
80% da cadeia moveleira é representada por pequenas empresas
US$ 12 bilhões foi o valor movimentado pela indústria de mobiliário no Brasil em 2017
234 mil pessoas trabalham no setor de produção moveleira no Brasil
23,2% foi a alta nas exportações de móveis para os EUA entre 2016 e 2017
2,4% é a expectativa de crescimento para o setor em 2018
A jornalista viajou a convite do Sindmóveis