Maia nega patrocinar pauta-bomba e diz que Guardia foi 'autoritário'

Presidente da Câmara respondeu com irritação e ironia às críticas do ministro da Fazenda

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Ranier Bragon Bernardo Caram
Brasília

Um dia depois de o plenário da Câmara dos Deputados ter aprovado mais um projeto que eleva os gastos públicos, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), negou nesta quarta-feira (12) estar promovendo uma pauta-bomba contra a gestão de Jair Bolsonaro (PSL) e reagiu com irritação e ironia a manifestações de preocupação do atual ministro da Fazenda, Eduardo Guardia.

"Guardia está sendo desleal com a Câmara dos Deputados. (...) As pessoas às vezes vão para um ministério da Fazenda tão poderoso, como o Guardia, e acabam ficando um pouco autoritários", afirmou Maia.

Rodrigo Maia, deputado pelo DEM-RJ e presidente da Câmara dos Deputados - Walterson Rosa - 10.dez.18/Folhapress

Mais cedo, o ministro havia manifestado preocupação com projetos aprovados pela Câmara, sinalizando que irá recomendar ao presidente Michel Temer que vete a ampliação de benefícios fiscais a empresas que se instalem no Norte, Nordeste e Centro-Oeste.

O projeto aprovado tem impacto de cerca de R$ 5 bilhões no trecho que envolve Norte e Nordeste. Já a parte de Centro-Oeste pode custar mais R$ 3,5 bilhões, não previstos no Orçamento de 2019.

"Pra quem me conhece sabe que minha preocupação sempre foi com as reformas e a austeridade fiscal. Só que essas pautas foram sendo construídas com os líderes partidários, governadores e com o governo federal. A parte da Sudam [Amazônia] e da Sudene [Nordeste] estão no Orçamento. A da Sudeco [Centro-Oeste] eu também sou contra, mas foi aprovado. Nem ele [Guardia] é dono do plenário nem eu", disse Maia, lembrando o poder que o Congresso tem de, com o apoio de pelo menos metade dos congressistas, derrubar vetos presidenciais.

Pelo texto aprovado no Congresso, serão prorrogados por cinco anos incentivos fiscais que venceriam em dezembro deste ano na Sudene (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste) e na Sudam (da Amazônia).

Os parlamentares ainda estenderam os mesmos termos para a Sudeco (do Centro-Oeste), que hoje não conta com esses benefícios.

"A Câmara dos Deputados liderou as votações mais importantes para o governo", afirmou ainda Maia, citando, entre outro pontos, a reforma trabalhista e a mudança da taxa de juros do BNDES. "Ele [Guardia] tem que tomar um pouquinho de cuidado, ele precisa respeitar um pouco mais o plenário da Câmara."

Durante todo o ano de 2018, Câmara e Senado aprovaram ou fizeram avançar projetos que somam um rombo de R$ 259 bilhões para os próximo quatro anos do governo Bolsonaro --quase o dobro do déficit previsto para os cofres federais no ano que vem, que é de R$ 139 bilhões. Entre outros pontos, aprovaram a renegociação de dívidas de produtores rurais (R$ 5,3 bilhões).

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