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Contas externas melhoram em junho, mas níveis ainda estão abaixo de período anterior à crise

No mês, após quatro resultados negativos, os investimentos no mercado doméstico tiveram entradas líquidas de US$ 2,4 bilhões

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Brasília

As estatísticas das contas externas brasileiras mostram sinais de melhora em junho, segundo dados divulgados pelo Banco Central nesta terça-feira (28), mas ainda estão em patamares bem inferiores a antes da crise gerada pela pandemia do novo coronavírus.

Em junho, após quatro meses de resultados negativos, os investimentos no mercado doméstico tiveram entradas líquidas de US$ 2,4 bilhões.

Destes, US$ 1,9 bilhão foram aplicados em títulos de dívida e US$ 432 milhões em ações e fundos de investimento.

Vista geral de contêineres do BTP (Brasil Terminal Portuário) no porto de Santos (SP) - Eduardo Knapp - 16.abr.2019/Folhapress

A crise, iniciada em meados de março, no entanto, fez com que os investimentos despencassem nos valores acumulados.

Nos seis primeiros meses de 2020, houve saídas líquidas de US$ 31,3 bilhões. Nos doze meses até junho, a saída líquida de investimento em portfólio no mercado doméstico somou US$ 47,9 bilhões.

Em junho, as entradas superaram as saídas de investimentos diretos no país em US$ 4,8 bilhões, quase o dobro do registrado em maio.

Julho

Para julho, a autoridade monetária estima ingressos líquidos de investimentos diretos de US$ 2 bilhões, menos da metade do resultado de junho.

"Dessa forma, seria uma redução de em relação a junho, mostrando que o processo de recuperação deve levar mais tempo", ponderou Fernando Rocha, chefe do departamento de Estatísticas do BC.

Dados parciais, até 23 de julho, mostram entrada líquida de US$ 0,6 bilhão. Assim, o BC projeta que US$ 1,4 bilhão ingressem no país na última semana do mês.

"Fazemos a estimativa com base em operações frequentes e que podem se repetir. É uma projeção simples, que não leva tendências em conta cenário econômico", justificou.

Segundo a autoridade monetária, pela primeira vez no ano houve operação acima de US$ 1 bi no ano. "Isso mostra indícios de retorno", disse Rocha.

"Em investimentos em ações e títulos, a parcial até 23 de julho mostra ingressos de US$ 0,2 bi. Esses valores são muito voláteis, mas também indicam melhora, parecem um cenário diferente do que a gente viu em abril, com recorde de saídas [US$ 22 bi]", analisou.

Além disso, as estatísticas do BC apontam retorno de investidores aos mercados internacionais. "Tivemos emissão no exterior de US$ 3,5 bi em títulos soberanos, diferentemente dos meses anteriores, em que não tivemos emissões deste tipo", afirmou.

Investimentos

Em junho, foram R$ 10,3 bilhões investidos no Brasil, nível semelhante ao observado em março. Em abril, as aplicações no país chegaram a R$ 5,6 bilhões.

O indicador representa uma das principais fontes de financiamento da atividade no país e é a categoria de investimento de maior destaque no relacionamento econômico e financeiro do Brasil com o resto do mundo.

Em junho, ainda sob forte efeito da crise, os investimentos diretos de brasileiros no exterior mantiveram a tendência observada desde março, com desinvestimentos de US$ 2,9 bilhões.

O desinvestimento é quando a empresa brasileira retira dinheiro ou fecha as portas da filial no exterior, por exemplo.

Os gastos de brasileiros com viagens internacionais, uma das contas mais impactadas pela pandemia e pela alta do dólar, com redução de quase 90% de janeiro a maio, apresentou melhora em junho, mas continua em níveis bem inferiores ao anterior à pandemia.

No período, os turistas gastaram R$ 230,2 milhões lá fora, 19,7% a mais que em maio. Em janeiro, foram R$ 1,43 bilhões.

Os valores gastos por estrangeiros no Brasil também tiveram alta e junho. Com R$ 167,3 milhões, aumentaram em 47,7% na comparação com maio.

No mês, com a baixa atividade econômica, as contas externas tiveram resultado positivo pelo quarto mês consecutivo, com US$ 2,2 bilhões. No mesmo mês do ano passado, eram US$ 2,7 bilhões negativos.

Balança comercial

A crise diminuiu o fluxo comercial do país com o mundo, e, com isso, a balança comercial apresentou superávit (mais exportações que importações).

Na prática, tanto as exportações quanto as importações diminuíram com a crise, mas a redução no fluxo de entrada de produtos estrangeiros no país foi mais drástica.

As exportações US$ 18 bilhões em junho, recuo de 2,3% em relação ao mês correspondente de 2019. Já as importações diminuíram 19,1%, para US$ 11,1 bilhões.

Na comparação entre os primeiros semestres de 2020 e de 2019, as exportações reduziram 6,8% e as importações recuaram 5%. Assim, o superávit comercial na primeira metade de 2020 alcançou US$ 19,3 bilhões, redução de 13,8% em relação ao mesmo período do ano passado.

A balança comercial tradicionalmente apresenta superávit em momentos de baixa atividade doméstica (o país importa mais nas épocas de expansão).

Rocha explicou que os dados da balança comercial dos meses anteriores foram revisados.

"Este é o terceiro mês seguido de superávit, não o quarto. Isso ocorreu porque divulgamos que em março houve superávit de US$ 157 milhões, mas neste mês a Secex [Secretaria de Comércio Exterior] revisou dados da balança comercial e reduziu o número para déficit de US$ 11 milhões", esclareceu.

O déficit em transações correntes no primeiro semestre de 2020 somou US$ 9,7 bilhões, recuo de 53,6% em relação aos US$ 21,0 bilhões registrados no período correspondente de 2019.

Para julho, a estimativa do BC para o resultado das contas externas é de superávit de US$ 0,5 bilhão. ​

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