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BNDES vende R$ 8,1 bilhões em ações da Vale

Operação foi feita por leilão em Bolsa e retoma planos de desinvestimento do banco público

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Rio de Janeiro e São Paulo

O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) vendeu nesta terça (4) R$ 8,1 bilhões em ações da Vale. A operação foi realizada por meio de leilão na Bolsa de Valores e marca a retomada do processo de redução da carteira de ações do banco, uma das prioridades da gestão Gustavo Montezano.

O valor total negociado em leilão foi de R$ 8,3 bilhões, segundo dados da B3.

No leilão, realizado pela manhã, foram vendidas 135 milhões de ações da mineradora que estavam com o banco, o equivalente a 2,6% do capital total da companhia. Após a operação, o BNDES permanece com 3,7% do capital. Para evitar impactos nos preços, a instituição se comprometeu a não vender novas ações da empresa por um prazo de pelo menos 90 dias.

A Folha apurou que foi a maior de block trade (quando a venda de grande um volume de papéis, em bloco, é feita por um intermediário que procura interessados) da história do Brasil e da América Latina.

O BNDES não comentou a operação oficialmente. No LinkedIn, Montezano afirmou que "importante do que as cifras desse marco histórico eh ter o BNDES se reposicionando e voltando suas energias, conhecimento e recursos para o desenvolvimento social e ambiental do nosso país".

No mercado, a avaliação é que a recuperação dos preços da Vale após o relaxamento das medidas de isolamento social, principalmente na China, abriu uma janela de oportunidades para dar seguimento à estratégia de se desfazer dos papéis.

Logo da mineradora Vale - Adriano Machado/Reuters

Na semana passada, a Vale divulgou lucro de R$ 5,3 bilhões no segundo trimestre, desempenho provocado pela elevada demanda do mercado chinês, que impulsionou os preços do minério de ferro. Com lucro acumulado de R$ 6,2 bilhões em 2020, a mineradora decidiu ainda retomar sua política de distribuição de dividendos, que estava suspensa desde a tragédia de Brumadinho.

O preço das ações da empresa quase dobrou desde o piso de R$ 34,10 atingido no dia 23 de março, quando as Bolsas precificavam a tomada de medidas de isolamento pela Europa e pelas Américas. Na segunda (3), os papéis encerraram o pregão a R$ 60,26.

Por volta das 14h20, as ações operavam em leve queda, ao redor dos R$ 60. Na mínima da sessão, foram cotadas a R$ 59,36.

O processo de leilão em bloco, como foi feita a venda desta terça, é mais simples que o de follow-on (oferta subsequente de ações), instrumento que vinha sendo usado até então para desinvestimento.

No block trade, a empresa contrata um intermediário que é responsável por encontrar investidores interessados no papel. A venda ocorre quando há interesse pelo pacote todo de ações ofertadas e isso ocorre por leilão, para evitar que o grande volume de ações ofertado desvalorize demais a companhia.

Já o follow-on é semelhante a uma abertura de capital, que demanda o cumprimento de regras de oferta pública estabelecidas pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários).

A redução da carteira de ações do BNDES foi uma dos compromissos assumidos por Montezano quando chegou ao banco, em julho de 2019, para substituir Joaquim Levy. No ano passado, o banco se desfez de papéis da Fibria/Suzano, Petrobras, Eletropaulo e Vale, levantando R$ 16,5 bilhões.

Em fevereiro, pouco antes da pandemia, promoveu a maior oferta pública de ações no Brasil em dez anos, ao vender por R$ 22 bilhões quase 10% das ações da Petrobras. Ao fim do primeiro trimestre, a carteira do banco, que ainda tem participação relevante da petroleira estatal, somava R$ 72,5 bilhões.

Montezano defende que o tamanho da carteira de ações gera riscos ao BNDES ao deixar as finanças do banco mais sujeitas às volatilidades do mercado financeiro. No primeiro trimestre, por exemplo, os efeitos nas bolsas da pandemia derrubaram o valor da carteira em R$ 34,1 bilhões.

"Isso só reforça a importância dessa estratégia de desinvestimento da carteira de ações", disse o executivo na divulgação do balanço. Procurado, o BNDES ainda não comentou a operação desta terça.


ENTENDA

O que é block trade?
É a venda em bloco de um grande volume de ações na Bolsa, usado quando um grande investidor quer reduzir sua participação acionária em uma empresa. A operação é coordenada por uma instituição financeira, que se responsabiliza por localizar compradores interessados pelos papéis

Uma oferta tão grande de ações não faria a ação cair?
Teoricamente, sim. Por isso, a Bolsa coloca as ações em leilão. Isso significa que não são realizados negócios regulares com o papel, o que ajuda a segurar a cotação, ao menos durante os negócios

Quantas ações da Vale o BNDES vendeu?
A oferta inicial foi de um bloco de 100 milhões de ações, que representavam 1,89% da Vale. A demanda, no entanto, foi superior, e a venda total foi de 137,6 milhões de ações. O volume financeiro foi da operação foi de R$ 8,3 bilhões, sendo R$ 8,1 bilhões em ações do BNDES

O preço da ação da Vale caiu?
Após o leilão, a ação chegou a recuar para R$ 59,36 e subiu à máxima de R$ 60,84. O papel fechou em alta de 0,73%, a R$ 60,70

Por que não foi feito o mesmo processo da venda de ações da Petrobras?
O BNDES não comentou o assunto. Mas uma venda de ações por follow-on (oferta subsequente) é um processo mais demorado e caro. Ele tende, no entanto, a mitigar as oscilações bruscas de preço do papel

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