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Contas externas registram superávit de US$ 1,6 bilhão em julho

Número foi puxado pela balança comercial, que tradicionalmente apresenta superávit em momentos de baixa atividade doméstica

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Brasília

As contas externas brasileiras fecharam julho com resultado positivo em US$ 1,6 bilhão. Este é o quarto mês consecutivo com superávit puxado pela balança comercial, que registrou US$ 5,7 bilhões.

Os dados foram divulgados pelo Banco Central nesta terça-feira (25).

“O número ficou acima da estimativa que o BC tinha apresentado para as transações correntes, de US$ 0,5 bi”, pontuou Fernando Rocha, chefe do departamento de estatísticas do BC.Nos últimos meses, o setor externo sofreu forte impacto da crise gerada pela pandemia do novo coronavírus.

A balança comercial tradicionalmente apresenta superávit (mais exportações que importações) em momentos de baixa atividade doméstica, já que o país importa mais nas épocas de expansão.

Na prática, tanto as exportações quanto as importações diminuíram com a crise, mas a redução no fluxo de entrada de produtos estrangeiros no país foi mais drástica.

As exportações foram de US$ 19 bilhões em julho, recuo de 2,3% em relação ao mesmo período do ano passado. Já as importações diminuíram 33,7%, para US$ 12,3 bilhões.

O BC estima que, no Repetro –regime tributário que suspende a cobrança de tributos federais na importação de equipamentos para o setor de petróleo e gás— foram US$ 551 milhões em julho, 70% a menos que no mesmo período do ano passado.

Sem estas operações, as importações teriam apresentado redução de 29,8%.“A balança comercial responde por mais de 50% do resultado das transações correntes”, explicou Rocha.

O déficit em transações correntes somou US$ 31,7 bilhões (2% do PIB) no acumulado dos últimos 12 meses, ante déficit de US$ 43,2 bilhões (2,7% do PIB) no mesmo período do ano passado.

Para agosto, a estimativa do BC para o resultado em transações correntes é de superávit de US$ 2,2 bilhões.

Com o risco de contágio e o dólar alto, as viagens internacionais permanecem em baixa. Na comparação com julho do ano passado, houve redução de 76,5% nos gastos de turistas estrangeiros no Brasil, com US$ 140 milhões.

Os gastos de brasileiros lá fora despencaram 85,9%, com US$ 267 milhões no mês.

Dados preliminares do BC, até 20 de agosto, mostram que os brasileiros gastaram US$ 158 milhões em viagens internacionais, enquanto estrangeiros desembolsaram apenas US$ 90 milhões no país.

"As viagens foram muito impactadas pela crise, especialmente as internacionais, já que um dos problemas principais é a locomoção das pessoas. Com isso, as receitas líquidas nesta conta caíram 90% se compararmos com julho do ano passado”, disse o técnico do BC.

Em julho, foram R$ 2,7 bilhões líquidos investidos no Brasil. No mesmo período de 2019, foram US$ 5,3 bilhões.

O indicador representa uma das principais fontes de financiamento da atividade no país e é a categoria de investimento de maior destaque no relacionamento econômico e financeiro do Brasil com o resto do mundo.

Os investimentos diretos de brasileiros no exterior foram positivos pela primeira vez desde fevereiro, com US$ 663,3 milhões.

Nos últimos meses, a diferença entre entradas e saídas de investimentos fora do país foi negativo, o que caracteriza desinvestimento, quando a empresa brasileira retira dinheiro ou fecha as portas da filial no exterior, por exemplo.

Até o dia 20 de agosto, o investimento direto no país era de US$ 277 milhões. A autoridade monetária projeta US$ 1 bilhão de ingressos líquidos em agosto.“Com a crise, os lucros e dividendos das empresas brasileiras lá fora caíram, o que também contribui no resultado das contas externas”, disse Rocha.

REVISÃO

Neste mês, o BC revisou os dados de setor externo de 2019, com base nas declarações de capitais brasileiros no exterior.Com o ajuste, o déficit nas contas externas do ano ficou US$ 1,5 bilhão maior, passou de US$ 49,5 bilhões (2,7% do PIB) para US$50,9 bilhões (2,8% do PIB).

"A publicação dos dados se dá em cima de uma estimativa dos resultados auferidos pelas empresas. Os números definitivos são passados mediante declaração. No caso das transações correntes, a revisão foi pequena", destacou o chefe do departamento de estatísticas do BC.

"O mesmo não podemos dizer dos investimentos diretos, que reduziram, no acumulado do ano, US$ 5,1 bilhões. O principal motivo é a amortização de operações entre companhias efetuadas com mercadorias, que são declaradas depois", explicou.

A revisão também impactou as estatísticas do primeiro semestre de 2020.Nas transações correntes, os ajustes mais significativos, segundo o BC, decorrem dos impactos da pandemia da Covid-19 nas estimativas para as receitas de lucros das empresas.

"Dessa forma, essas receitas passaram de lucro de US$ 1,1 bilhão para prejuízo de US$ 3,4 bilhões no período, revisão negativa de US$ 4,6 bilhões", disse o comunicado da autoridade monetária. As revisões normalmente são feitas em julho e novembro. Por conta da pandemia, no entanto, o ajuste foi adiado para agosto.

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