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Crise pode ter minado competitividade da indústria, sugere estudo

Queda de exportações de produtos com maior conteúdo tecnológico foi mais acentuada

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São Paulo

A crise econômica provocada pela pandemia do coronavírus pode ter tornado a indústria brasileira menos competitiva, minando sua capacidade de reação quando a economia começar a se recuperar, sugere um estudo de economistas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Cálculos feitos pelos pesquisadores indicam que as exportações de produtos brasileiros com maior conteúdo tecnológico despencaram nos últimos meses, com perdas maiores do que as sofridas por exportadores de minérios, produtos agrícolas e outras mercadorias com a retração da economia global.

"Superada a fase mais aguda da pandemia, haverá um acirramento da competição internacional, com as empresas tentando recuperar mercados", diz João Prates Romero, do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar) da UFMG. "Nossas melhores empresas podem estar ficando para trás."

Cargueiro em terminal de conteineres do porto de Santos, o maior da América do Sul. - Rubens Chaves/Folhapress

O Brasil exportou no primeiro semestre deste ano 7% menos do que no mesmo período do ano passado, segundo o estudo. O valor das exportações de produtos classificados como de alta complexidade caiu 29%, enquanto as vendas de mercadorias de baixa complexidade registraram queda de 0,6%.

As perdas mais acentuadas foram registradas nos primeiros meses da pandemia, de acordo com os cálculos do Cedeplar. Em abril, o valor das exportações de produtos com maior conteúdo tecnológico foi 44% inferior ao registrado em abril do ano passado. Em maio, a perda foi de 45%. Em junho, de 34%.

A participação de produtos de menor complexidade nas exportações brasileiras é crescente, principalmente por causa da competitividade do Brasil na agricultura, e alcançou 83% no primeiro semestre, segundo os economistas. Petróleo, minério de ferro e milho foram os mais vendidos no ano passado.

A fatia de produtos com maior conteúdo tecnológico era de 21% no ano passado e caiu para 17% no primeiro semestre deste ano, conforme o estudo. Entre os produtos classificados como de maior complexidade, carros, turbinas a gás e equipamentos para construção foram os mais vendidos em 2019.

Embora as exportações de produtos agrícolas e outras mercadorias tenham contribuído para sustentar a balança comercial brasileira em meio à pandemia, os pesquisadores do Cedeplar se preocupam com os danos que a recessão econômica provocada pelo vírus pode ter causado a indústrias mais sofisticadas.

Estados com estrutura produtiva mais complexa parecem ter sido mais afetados, segundo o estudo. Em dez estados, houve aumento das importações de produtos com maior conteúdo tecnológico, outro sinal de que as empresas brasileiras ficaram menos competitivas do que seus concorrentes estrangeiros.

"A crise que estamos atravessando mostra que muitos exportadores brasileiros têm muitas dificuldade para competir, mesmo com o câmbio mais desvalorizado que temos hoje", afirma Romero. Os economistas não analisaram o impacto da pandemia e da queda na demanda global sobre outros países.

O grupo do Cedeplar faz parte da Rede de Pesquisa Solidária, que reuúne instituições acadêmicas públicas e privadas e monitora as políticas de enfrentamento da pandemia no país. Eles têm produzido desde abril boletins semanais, que estão disponíveis no site da iniciativa.

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