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Faturamento da indústria em agosto supera período pré-pandemia, diz CNI

Com produção em alta, emprego no setor cresce pela primeira vez em 2020

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Rio de Janeiro

O faturamento da indústria de transformação ultrapassou em agosto o patamar verificado no início do ano, antes da pandemia, informou nesta terça (6) a CNI (Confederação Nacional da Indústria). Os níveis de emprego e de utilização de capacidade instalada também se mantiveram em alta no mês.

O movimento responde a uma elevação na demanda nacional por bens industriais, que cresceu 5,9% no mês, segundo o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), mas economistas ainda veem incertezas com relação à manutenção do quadro.

Segundo a CNI, o faturamento real da indústria de transformação cresceu 2,3% entre julho e agosto. Na comparação com abril, considerado o pico da pandemia, a alta é de 37,8%. Para o gerente de análise econômica da CNI, Marcelo Azevedo, os dados confirmam recuperação em V da atividade industrial.

Já são quatro meses consecutivos de alta na produção industrial no país depois que o setor atingiu o pior patamar da história em abril. "Importante é que a alta da atividade veio acompanhada pelo crescimento do emprego, o que sugere maior confiança do empresário", disse, em nota, o gerente da CNI.

De acordo com a entidade, o nível de emprego na indústria cresceu 1,9% em agosto, a primeira alta do ano, se aproximando do patamar onde se encontrava antes da crise. O número de horas trabalhadas teve alta de 2,9% no mês.

Mas, apesar da alta de 2,8% em agosto, o rendimento médio real do trabalhador da indústria ainda está distante do patamar pré-pandemia, já que muitas empresas aderiram a medidas de preservação do emprego, como a redução de jornada ou suspensão de contrato.

O nível de utilização da capacidade instalada chegou a 78,1%, 2,1 pontos percentuais superior ao verificado no mês anterior. Com a evolução, ficou apenas 0,8 ponto percentual do indicador de fevereiro de 2020, antes do início da pandemia.

A pesquisa do Ipea sobre o consumo de bens industriais vê crescimento disseminado, com destaque para os bens de consumo duráveis, que tiveram alta de 14,2% em relação ao mês anterior, com destaque para a produção de veículos, que cresceu 18,6% no mês.

Entre os 22 setores industriais pesquisados, 15 tiveram aumento na demanda. O Ipea destaca os segmentos de veículos e metalurgia, com altas de 18,6% e 12,3%, respectivamente. Os dois estiveram entre os que mais sofreram no início da pandemia.

Com base nos resultados de pesquisas recentes, o instituto reviu de 6% para 5% sua projeção de queda no PIB (Produto Interno Bruto) em 2020. Para 2021, a projeção de crescimento da economia foi mantida em 3,6%.

Para o pesquisador do Ipea Leonardo Carvalho, o fim das medidas de socorro do governo, como o auxílio emergencial, joga dúvidas sobre a manutenção do ritmo de retomada. "Há alguns pontos de interrogação no cenário", afirma.

"Em algum momento, os efeitos do auxílio emergencial serão suavizados e a gente tem que esperar para ver o que vai acontecer com o mercado de trabalho, que se movimenta com uma certa defasagem", completa ele, citando ainda a retomada do setor de serviços como fundamental para sustentar o crescimento.

O diretor de Desenvolvimento Industrial da CNI, Carlos Abijaodi, concorda que há incertezas, mas comemora o inédito saldo positivo de empregos no setor em 2020. "A gente vê uma maior confiança do empresário na sustentação dessa recuperação", diz.

Com a elevada demanda, alguns setores têm percebido dificuldades para encontrar matérias-primas, insumos ou mercadorias, com vem detectando o IBGE. A elevada procura e a taxa de câmbio pressionam a inflação de segmentos como a construção civil, por exemplo.

Abijaodi afirma que os problemas foram provocados pela parada na produção durante os piores meses da crise, mas que a situação está se normalizando. "Pode haver num primeiro momento uma demanda represada que venha aos borbotões, mas depois isso se estabiliza."

Na comparação com o mesmo mês anterior, o faturamento da indústria evoluiu 3,6%, mas os outros indicadores permanecem negativos: o nível de emprego é 3,3% menor, o número de horas trabalhadas cai 3,3% e o rendimento médio real recua 2,2%.

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