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Mesmo com flexibilização, viagem internacional permanece em baixa

Dados do BC mostram que gastos de turistas no exterior caíram 77% em setembro em relação ao ano passado

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Brasília

O isolamento social foi flexibilizado em grande parte do país, mas os brasileiros ainda não viajam para fora. Dados do Banco Central divulgados nesta sexta-feira (23) mostram que os gastos de turistas no exterior caíram 77% em setembro em relação ao mesmo mês do ano passado.

Além do medo de contágio e dólar alto, alguns países impuseram restrições para viajantes brasileiros diante da gravidade da pandemia no país, como quarentena, exame negativo para Covid-19 e controle de temperatura, o que também desencoraja os turistas.

Alguns dos destinos mais procurados por brasileiros estão fechados aos turistas ou com restrições, como Argentina, Estados Unidos e países da União Europeia.

Ao todo, os brasileiros desembolsaram US$ 301,5 milhões (R$ 1,68 bilhão) em outros países em viagens. O número é um pouco melhor do registrado em agosto, de US$ 269 milhões (R$ 1,5 bilhão), mas continua muito inferior ao observado antes da pandemia do novo coronavírus.

"Em todos os meses depois da pandemia vimos reduções acima de 80% na comparação com o mesmo período do ano passado nas despesas líquidas com viagens [diferença entre gastos de brasileiros lá fora e de estrangeiros no país]. Setembro não foi diferente, a queda foi de 85%", disse o chefe do departamento de estatísticas do BC, Fernando Rocha.

Segundo ele, a redução das despesas líquidas com viagens internacionais foi responsável por dois terços da queda da conta de serviços em geral, que engloba também transportes e aluguel de equipamentos realizados fora do país, por exemplo.

"É uma especificidade do cenário atual, da própria pandemia", justificou.

Em setembro do ano passado, os gastos de brasileiros com viagens internacionais somaram US$ 1,3 bilhão (R$ 7,26 bilhões).

Os gastos de estrangeiros no Brasil também segue em baixa. Em setembro, foram desembolsados US$ 163 milhões no país, 59% a menos que no mesmo mês de 2019 (US$ 400 milhões).

Dados preliminares do BC para outubro, até o dia 20, mostram que a tendência permanece. No período, os brasileiros gastaram US$ 198 milhões em viagens e os estrangeiros desembolsaram US$ 113 milhões no país.

Para Rocha, não há tendência de recuperação no setor de turismo. "Vemos que se inicia uma flexibilização das proibições impostas no início da pandemia, mas alguns fatores desestimulam o viajante. A própria experiência em outro país fica prejudicada, com o fechamento ou limitação de pontos turísticos, por exemplo", ressaltou.

"Ainda não conseguimos ver uma tendência de melhora e os dados preliminares de outubro mostram isso", completou.

As contas externas brasileiras fecharam setembro com resultado positivo em US$ 2,3 bilhões. Este é o sexto mês consecutivo com superávit puxado pela balança comercial, que registrou US$ 5,3 bilhões.

A última vez que o país registrou seis superávits seguidos foi no segundo semestre de 2006 (de julho a dezembro).

A balança comercial tradicionalmente apresenta superávit (mais exportações que importações) em momentos de baixa atividade econômica, já que o país importa mais nas épocas de expansão.

Na prática, tanto as exportações quanto as importações diminuíram com a crise, mas a redução no fluxo de entrada de produtos estrangeiros no país foi mais drástica.

As exportações foram de US$ 18,5 bilhões em setembro, recuo de 9,1% em relação ao mesmo período do ano passado. Já as importações diminuíram 23,3%, para US$ 13,1 bilhões.

"Tivemos também o efeito da depreciação cambial na balança, que torna as importações mais caras", ponderou Rocha.

Nos últimos 12 meses, o déficit em transações correntes somou US$ 20,7 bilhões, o equivalente a 1,37% do PIB (Produto Interno Bruto). Para outubro, o BC estima resultado positivo em US$ 1,2 bilhão.

A crise também prejudicou os investimentos diretos no Brasil, feitos por empresas e que estabelecem um relacionamento de médio e longo prazo das companhias com o país.

Historicamente, é uma importante fonte de recursos para o crescimento interno. No mês, foram R$ 1,6 bilhão líquidos de investimentos diretos. No mesmo período de 2019, foram US$ 6 bilhões.

Rocha afirmou que, em razão das incertezas geradas pela pandemia, ainda há movimento de adiamento de investimentos por parte das empresas estrangeiras. "Claro que também há cancelamento de investimento, mas os adiamentos predominam", esclareceu.

O BC estima que os investimentos no Brasil fechem outubro em US$ 1 bilhão.

No acumulado dos 12 meses, os investimentos diretos totalizaram US$ 50 bilhões, o equivalente a 3,31% do PIB. "Representa duas vezes e meio a mais que o déficit de transações correntes no período, de US$ 20,7 bilhões", argumentou.

Os investimentos de empresas brasileiras em outros países somaram US$ 1 bilhão líquidos.

"Estamos vendo investimentos lá fora, mesmo que em níveis menores. No início da crise, o movimento era de retorno de capital ao país [desinvestimento]", pontuou Rocha.

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