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Governo Biden tende a favorecer Bolsa e real, afirmam analistas

Maior abertura comercial pode aumentar fluxo de investimento para emergentes

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São Paulo

A eleição de Joe Biden pode beneficiar o mercado de ações brasileiro, de acordo com analistas. Isso porque a imprevisibilidade e a instabilidade de Donald Trump dão lugar a um governo mais comedido e presumível, garantido por uma provável maioria republicana no Senado, o que impedirá mudanças bruscas na política econômica dos EUA.

“Há uma redução de incerteza com a eleição do Biden, o que é bom para os investimentos. Com Trump, a incerteza fez investidores voltarem as aplicações para casa, tirando dinheiro de emergentes. Agora, com maior segurança, eles devem ir para países como Brasil”, diz Juliana Inhasz, professora do Insper.

O presidente eleito dos EUA, Joe Biden - Roberto Schmidt/AFP

Trump levou a diversos tombos e disparadas das Bolsas com tuítes sobre acordos e sanções comerciais, em especial, em relação à China, com quem seu governo trava guerra comercial desde 2018.

Conforme a vitória de Biden foi ficando mais clara, índices acionários globais dispararam. Colaborou para o otimismo a notícia da eficácia de mais de 90% da vacina contra a Covid-19 da Pfizer, o que levou o índice americano S&P 500 a um patamar recorde na sexta-feira (13).

“A mudança no governo americano é relevante, mas o poder do presidente tem seus limites, ainda mais nos EUA. É difícil ele chegar e mudar tudo. Um pode gastar mais e outro menos, mas são todos capitalistas. A política de Biden, contudo, deve ser mais aberta ao comércio exterior, o que pode favorecer emergentes e commodities”, afirma Luís Sales, analista da Guide Investimentos.

Segundo analistas, a vitória de Biden, avesso a Jair Bolsonaro e crítico à destruição da Amazônia, pode estremecer as relações comerciais Brasil-EUA em um primeiro momento. A longo prazo, porém, uma melhor relação dos americanos com a China e com blocos econômicos deixados de lado por Trump pode estimular a economia global, beneficiando indiretamente o Brasil, um dos maiores exportadores de matérias-primas.

Sales diz que Vale e Petrobras, por exemplo, podem se valorizar nesse contexto.

Por outro lado, com a sustentabilidade em voga no novo governo americano, papéis de energia renovável também podem subir, como Weg —que faz equipamentos para captação de energias solar, eólica, de biomassa e de hidrelétricas—, Grupo São Martinho e Cosan, que produzem sucroenergéticos.

“Biden não é o governo dos sonhos para Bolsonaro porque ele vai pegar no pé do Brasil sobre questões ambientais. A curto prazo, Trump seria melhor por não ameaçar embargos por questões ambientais, que são um gargalo para nós. Há um custo inicial, mas um mercado mais global, sem sanções, pode beneficiar o crescimento brasileiro”, diz Juliana.

Em novembro, o Ibovespa acumula alta de 11,5%, melhor desempenho mensal desde janeiro de 2018, segundo a CMA.

No mês, há uma entrada líquida de R$ 15 bilhões de investimento estrangeiro na Bolsa brasileira. Até agora, este é o melhor mês em toda a série histórica da B3, que começa em 2007. No ano, porém, ainda há saída recorde, de cerca de R$ 70 bilhões.

“O estrangeiro entra com as ações mais baratas para sair com elas mais caras pela possível alta da Bolsa e do real. Antes, acreditava-se que coisas iam ficar ruins no Brasil, mas não andamos tanto para trás em relação a outros países. A Europa sofreu mais”, diz Juliana, do Insper.

Em outubro, o FMI (Fundo Monetário Internacional) e o Banco Mundial revisaram as estimativas para o PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil em 2020. Agora, o organismo espera uma contração de 5,8%, ante os 9,1% previstos em junho. Já o Banco Mundial, que previa recuo de 8%, antevê uma queda de 5,4%.

Segundo Juliana, essa entrada de estrangeiros pode ser permanente se o Brasil der continuidade à agenda de reformas, com controle fiscal. “Depende do crescimento da economia. Senão, vai ser pura especulação, e na primeira oportunidade eles saem.”

“Com o dólar enfraquecendo, estrangeiros buscam ativos em outra moeda. Não é um investidor de longo prazo, mas é de médio, que deve começar a ampliar o investimento no Brasil, se posicionando para a reabertura comercial pós-pandemia e para o primeiro ano de governo Biden”, diz Sales, da Guide.

A vitória de Biden levou a divisa americana a perder força ante seus principais pares globais. No Brasil, a moeda cai 4,6% em relação ao real no período, de R$ 5,74, ao fim de outubro, para os atuais R$ 5,47.

“O real está muito desvalorizado, e o dólar tende a cair, mas talvez não muito e nem a curto prazo. Provavelmente em 2021 devemos observar um real mais valorizado, então, para ganhar com dólar, a janela está se fechando, é muito arriscado”, afirma Juliana.

A professora também aponta para a tendência de a Selic (taxa básica de juros) subir nos próximos anos, o que deve valorizar o real, com a entrada de dólares no país para investimento em renda fixa.

“O real deve ter, em 2021, um ano melhor que este”, diz Sales. Segundo o analista, a pandemia de Covid-19 tem um impacto maior na economia global do que a eleição de Biden e deve ditar o desempenho dos ativos até o próximo ano.

Pelas oscilações inerentes à renda variável, a recomendação dos especialistas é investir com o foco a longo prazo de maneira diversificada, em aplicações que se encaixem no seu perfil de risco.

“O Warren Buffett [megainvestidor] não compra ações de acordo com quem era o presidente da época. É preciso escolher a empresa em que se investe a dedo, porque o retorno depende mais da companhia do que do presidente dos Estados Unidos”, afirma Alberto Amparo, analista da Suno Research.

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