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Maia reclama de 'balão de ensaio' e chama de 'populismo' Renda Cidadã fora do teto

Deputado rejeitou votar prorrogação da emenda da guerra e do estado de calamidade no seu mandato

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Brasília

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), criticou nesta segunda-feira (2) o que chamou de “balão de ensaio” do governo na condução de política econômica e afirmou que criar um programa para substituir o Bolsa Família fora do teto de gastos é populismo.

Maia participou de uma videoconferência do jornal Valor e comentou a indefinição do governo de Jair Bolsonaro (sem partido) em relação a quais medidas adotar para reverter a trajetória crescente do déficit primário e a criar um programa mais amplo que o Bolsa Família que respeite o teto de gastos —mecanismo que corrige o crescimento da despesa pela inflação.

Segundo o deputado, o entrave não está na articulação política. “O problema está na decisão do que vai fazer. Por enquanto, nenhum de nós tem certeza do que o governo vai fazer”, afirmou.

O presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM-RJ) durante sessão no Congresso - Najara Araújo - 20.set.2020/Câmara dos Deputados

“Nós estamos vendo a cada semana uma linha de atuação. Uma semana você vê balão de ensaio em prorrogar o auxílio emergencial, em outro momento você vê balão de ensaio de prorrogar estado de calamidade”, disse.

Ao mesmo tempo, continuou, não se conhece a posição do governo em relação à PEC (Proposta de Emenda à Constituição) Emergencial, que estabelece gatilhos de ajuste fiscal. “Isso tudo vai atrasando e vai gerando em todos nós mais insegurança.”

O deputado rejeitou votar duas das propostas a que chamou de balão de ensaio —prorrogação da emenda constitucional da guerra e extensão do estado de calamidade pública— enquanto for presidente da Câmara.

“Não botaram uma notinha [em jornal] dizendo que estão obstruindo para esvaziar a pauta que eu faço? Então, está resolvido. Nenhum desses dois assuntos será pautado na Câmara até 1º de fevereiro”, afirmou.

“O governo esqueça isso. Aqueles que sonham com jeitinho na solução do teto aproveitem a partir de 2 ou 3 de fevereiro com o novo presidente da Câmara, que tenha a coragem de ser responsável por uma profunda crise econômica e social neste país.”

Maia defendeu novamente que seja encontrada uma solução dentro do teto de gastos para o Renda Cidadã, programa que deve substituir o Bolsa Família.

“Se for dentro de gasto é popular, se for fora do teto de gastos, é populista”, disse. “É simples assim. É tentar sinalizar para a sociedade algo que é insustentável e que esse cidadão, no futuro, vai pagar a conta.”

Na avaliação dele, não adianta ampliar o valor do benefício em R$ 30, com uma base maior, “se os preços, na ponta, dos alimentos, estão corroendo todos esses recursos que, em tese, são de boa qualidade para o cidadão.”

“Tudo que for fora do teto é populismo que vai gerar uma grande recessão e quem vai pagar a conta sempre será o brasileiro mais simples.”

O deputado defendeu ainda uma saída para a atual obstrução em vigor na pauta da Câmara. Líderes alinhados ao deputado Arthur Lira (PP-AL), pré-candidato à sucessão de Maia à Presidência, estão travando votações para tentar emplacar um nome na CMO (Comissão Mista de Orçamento.

“Eu vi notas outro dia de que era para não deixar a pauta da Câmara andar, para esvaziar a minha Presidência. Está esvaziando o governo. E quem vai explodir se a pauta da Câmara não andar não é meu mandato, que acaba em 1º de fevereiro, quem explode é o governo”, disse.

Maia justificou ainda o motivo de não ter colocado em votação a medida provisória que estabelece o auxílio emergencial de R$ 300, como deseja a oposição, que tenta ampliar o valor para R$ 600.

"Misturar eleição com uma medida provisória como essa é, com certeza, aprovar um valor que pode gerar uma sinalização muito ruim e desorganizar de vez o governo brasileiro", disse.

Segundo ele, ao não aceitar a pressão dos partidos de esquerda, ele se tornou alvo também de obstrução da base do governo. "Quem segura e não mistura e não quer atrapalhar o governo acaba sendo pressionado pela própria base do governo", criticou.

Maia disse que a medida provisória deve ser votada depois das eleições municipais. "Tem um impacto fiscal. Tudo tem um impacto e todo impacto que vem tem consequência."

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