Siga a folha

Empresas com mulheres na liderança têm melhores notas ESG, mostra estudo

Organizações com ao menos uma diretora são melhores avaliadas, tanto de modo geral, como nos aspectos ambiental e social isoladamente

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

Belo Horizonte

Políticas de diversidade de gênero são mais do que um requisito para estar em conformidade com a agenda ESG e com o século 21. A presença de mulheres em cargos de liderança também pode impulsionar a performance de uma empresa em relação aos princípios socioambientais.

É o que indica um trabalho publicado em maio deste ano por Monique Cardoso, mestre em Gestão para Competitividade pela FGV (Fundação Getúlio Vargas) que estudou a relação entre os dois assuntos.

Segundo a pesquisa, organizações com ao menos uma mulher na alta administração têm melhores notas em índices ESG, tanto de modo geral, como nos aspectos ambiental e social isoladamente. No caso da governança, o resultado é neutro.

Para chegar a essa conclusão, Monique analisou a pontuação ESG de 98 empresas brasileiras de capital aberto na Arabesque S-Ray, sistema de rating (classificação) disponível no Terminal Bloomberg e frequentemente consultado por investidores.

As informações foram cruzadas com dados sobre a quantidade de mulheres na diretoria executiva, estatutária ou no conselho de administração desses mesmos negócios.

Ainda que a participação feminina nessas posições seja baixa, os resultados indicam que a presença delas em qualquer número acima de 1 já está associada a uma melhor performance socioambiental.

“São dois fenômenos que acontecem ao mesmo tempo, quando há mulheres na liderança, as empresas têm o melhor desempenho no ESG geral e nos aspectos ambiental e social”, afirma.

Monique calculou em 47,88 a pontuação média das 98 organizações no rating. Acima desse valor, estão 52 empresas, que foram classificadas como alto ESG, enquanto as outras 46 entraram na categoria de baixo ESG.

No grupo com alta avaliação, a maioria (52%) conta com a presença de diretoras. Observando apenas as que têm bom desempenho ambiental, a proporção de empresas com mulheres em cargos de liderança é de 54%. Já na dimensão social, fica em 53%.

Monique ressalta que não é possível estabelecer causalidade, mas os dados apontam para uma correlação entre os dois assuntos. Até mesmo porque, empresas com lideranças predominantemente masculinas também podem apresentar boas notas.

No entanto, a pesquisa mostra que isso é menos comum. No grupo de alto ESG, apenas 17% não tinham mulheres em cargos de diretoria ou no conselho de administração. Já entre as organizações com avaliações piores, a frequência sobe para 31%.

Na visão da mestre, isso é indício de que o bom desempenho nos aspectos ambientais, sociais e de governança está acompanhado de uma maior presença de mulheres líderes, enquanto a ausência delas implica numa pior avaliação.

Para entender o que pode estar por trás desse fenômeno, o trabalho de Monique teve uma segunda parte qualitativa. Foram entrevistadas 14 diretoras ou ocupantes de cargos superiores nas empresas pesquisadas.

Segundo ela, as características relacionadas ao cuidado, à sensibilidade e à maternidade —sendo as mulheres mães ou não— foram apontadas como pontos fortes na hora de tocar os projetos a partir dos princípios ESG.

“São características que sempre foram tipificadas como femininas, o que na verdade é uma construção social. Mas elas também podem ser boas características de gestão, principalmente nos temas que dão resultado em sustentabilidade”, diz.

Monique Cardoso, mestre em Gestão Para Competitividade pela FGV (Fundação Getulio Vargas) - Reprodução

A maior diversidade de gênero no mundo corporativo, porém, não é só uma questão de boas práticas. É de dinheiro também.

No ano passado, o Goldman Sachs passou a recusar IPOs de organizações que não tenham mulheres no conselho de administração. O motivo é que, segundo o banco, a performance financeira de quem tem ao menos uma diretora é significativamente melhor.

A relação já havia sido apontada pela consultoria americana McKinsey & Company. De acordo com um estudo de 2018, companhias com maior diversidade de gênero em cargos de chefia têm 21% mais chance de apresentar resultados acima da média do mercado. No caso da diversidade étnica, esse número sobe para 33%.

Considerando que o ESG está se tornando um fator decisivo para a avaliação de investidores, acionistas e gestores de fundo, o trabalho de Cardoso também aponta para uma direção semelhante.

“O estudo demonstra que a presença de mulheres é um fator de favorabilidade e tem o potencial de tornar a empresa mais interessante a investimentos”, diz.


MULHERES NA LIDERANÇA E DESEMPENHO ESG

Empresas com ao menos uma diretora pontuam mais em índices socioambientais

52 empresas
foram classificadas como alto ESG entre 98 pesquisadas

A maioria desse grupo (52%)
conta com ao menos uma mulher na alta liderança

54%
é a proporção de organizações que têm diretoras e apresentam bom desempenho ambiental

53%
das empresas com boas avaliações no aspecto social contam com lideranças femininas

Apenas 17%
dos negócios com alto ESG não tinham mulheres em cargos de diretoria ou no conselho de administração

A frequência sobe para 31%
entre as organizações com avaliações ruins nos critérios ambientais, sociais e de governança

Fonte: Pesquisa de mestrado 'Agenda ESG, Substantivo Feminino: A relação entre presença de mulheres na alta liderança e sustentabilidade nas empresas", de Monique Cardoso

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas