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João Moreira Salles cria fundo mantenedor e se afasta da Piauí

'Essa nova estrutura garante a perenidade da revista', diz fundador, 'dadas as inseguranças econômicas e políticas que cercam a atividade jornalística'

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São Paulo

O empresário e documentarista João Moreira Salles, fundador da revista Piauí, lança nesta quinta (6) o Instituto Artigo 220, que passará a manter a publicação. Com isso, ele inicia um processo de afastamento, assumindo uma cadeira no conselho editorial da nova entidade.

O instituto vai controlar um fundo patrimonial, constituído a partir de uma doação do próprio Salles, de R$ 350 milhões. O valor anual para a revista deverá ficar na faixa de R$ 10 milhões ou R$ 12 milhões —a partir dos rendimentos, não do principal, visando manter intacto o fundo.

"Essa nova estrutura garante a perenidade da revista", diz Salles. "Dadas as inseguranças econômicas e políticas que cercam a atividade jornalística, não só aqui, mas em toda parte, isso tem importância."

Acrescenta: "Jornalismo é parte da infraestrutura cívica de um país. Faz sentido, portanto, criar bens públicos que fortaleçam essa infraestrutura. A nova configuração da Piauí deve ser entendida dessa forma".

O cineasta João Moreira Salles em cena da série 'Nós, Documentaristas' - Divulgação

Artigo 220 é referência ao trecho da Constituição brasileira que consagra a liberdade de imprensa: "A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo, não sofrerão qualquer restrição".

O conselho editorial terá, além de Salles, Dorrit Harazim, Flavia Lima, editora de Diversidade da Folha, Marcelo Medeiros, Natuza Nery, Simon Romero e Thiago Amparo, colunista e membro do Conselho Editorial da Folha.

André Petry, diretor de Redação da Piauí desde fevereiro de 2020, fará reuniões com o conselho do instituto, mas como organismo independente.

"O instituto apoia iniciativas de jornalismo rigoroso, apartidário, independente etc.", diz ele. "A escolha neste momento, do instituto, é apoiar a Piauí. Ele pode apoiar outra publicação, outras iniciativas de jornalismo, mas por enquanto ele apoia a Piauí."

"A inspiração foi o Guardian", acrescenta. "Ele funciona exatamente assim. Tem uma entidade mantenedora que dá ao Guardian um valor por ano. Mas isso não o desobriga de ter assinantes, publicidade, receitas diversas."

Sublinha que, assim como o jornal britânico, "a Piauí também não é uma entidade sem fins lucrativos" e continuará precisando de outras receitas para seu funcionamento.

Sobre Salles, Petry diz que "a relação que ele passa a ter com a Piauí é a mesma que o conselho passa a ter. É um primeiro movimento de afastamento. Mas ele vai estar no conselho. Nem dá para o João, de hoje para amanhã, virar as costas e não ter mais nada a ver com a Piauí".

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