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Acho meu emprego bem mais difícil que o de Campos Neto, diz Haddad

Para o ministro da Fazenda, o trabalho do presidente do BC é passível de críticas tanto quanto o dele

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São Paulo

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), disse nesta sexta-feira (30) que a política monetária, assim como a política fiscal, é passível de críticas e afirmou que seu trabalho à frente do ministério é mais difícil que o do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

A fala aconteceu durante o evento Expert XP, em São Paulo, após Haddad ser questionado sobre as recentes críticas de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao presidente do BC, que teriam contribuído para a volatilidade do mercado financeiro no início do semestre.

Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante encontro do G20 no Rio de Janeiro - Tita Barros - 26.jul.2024/Reuters

"Eu penso que em uma democracia, assim como o meu trabalho é avaliado todo dia .. tem um certo tabu em relação à política monetária, como se a política monetária fosse uma coisa técnica e a política fiscal não fosse", disse a uma plateia de investidores.

"Eu acho o meu emprego bem mais difícil do que o dele [Campos Neto]. Eu quase me indiquei para o Banco Central para trocar de cadeira com ele. Eu acho mais fácil lá", completou.

Em outro momento, Haddad falou em "cacofonia" dos discursos dos bancos centrais no mundo e disse que os ruídos estão muito grandes, mas afirmou que acredita que os ventos serão favoráveis para a economia brasileira.

Haddad atribuiu parte da volatilidade do mercado brasileiro à comunicação do Banco Central, mas reconheceu também que a mudança do sistema de meta da inflação, a transição de presidente do BC (já que o mandato de Campos Neto acaba no fim deste ano) e as incertezas sobre os efeitos das medidas fiscais do governo também causam insegurança para os investidores.

O ministro, porém, disse que os fundamentos na economia vão falar mais alto com o tempo do que a especulação. Antes dessa fala, o ministro chegou a questionar o moderador do painel, o CEO do Banco XP, José Berenguer, sobre por que o mercado está reativo se os indicadores estão melhorando, acima das projeções iniciais dos analistas.

Haddad reafirmou seu compromisso com a meta fiscal, e disse que, se a arrecadação continuar no patamar como está hoje, haverá chance de fechar 2025 com o déficit cravando a banda máxima de 0,25% do PIB (Produto Interno Bruto), sem aumento de imposto.

O ministro também voltou a repetir discurso feito mais cedo de que, se derrotas do governo federal no Congresso não tivessem acontecido, o país atingiria a meta do déficit zero primário em 2024.

Entre as derrotas sofridas pelo governo esteve a queda do veto presidencial à desoneração da folha de pagamento de 17 setores da economia, que deverá ter impacto de R$ 18 bilhões nas contas públicas neste ano. A Fazenda busca formas de compensar a perda de receita e aumentar a arrecadação em R$ 28 bilhões.

Haddad também comentou as preocupações do mercado após o governo propor turbinar o Auxílio Gás, em uma manobra vista como drible ao arcabouço fiscal.

Segundo o ministro, a medida não muda nada do ponto de vista de "engenharia interna" no governo e também do ponto de vista de metas fiscais. Ele afirmou que esse problema terá que ser resolvido só em 2026, já que o Orçamento de 2025 já está resolvido.

Segundo Haddad, a equipe econômica vai se debruçar sobre essa questão, e lembrou que o tamanho do desconto e o cronograma ainda não estão definidos.

O ministro defendeu a medida, argumentando que o preço do gás quando chega à casa das famílias é muito superior ao de quando sai da Petrobras, e que esse item pesa muito no bolso dos brasileiros.

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