Para ex-guerrilheiro, política e tempo jogam contra novo acordo com ELN

Crédito: Luis Robayo - 20.nov.2017/AFP Guerrilheiro do ELN faz guarda em acampamento ao lado do rio San Juan em Chocó, na Colômbia

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Para Carlos Artur Velandia, que integrou a direção do ELN (Exército de Libertação Nacional) e cumpriu pena por homicídio e sequestro quando estava na guerrilha, "cada hora que passa é crucial".

Hoje atuando como porta-voz informal do grupo, Velandia diz que "diante do fracasso do governo em implementar a paz com as Farc, o setor do ELN que sempre se opôs à negociação ganha força".

Em conversa com a Folha, por telefone, Velandia descreveu o quadro como preocupante: "Se o acordo se perde, podemos esperar nova explosão de violência. Do ponto de vista político, ganham força as alternativas de extrema-direita nas próximas eleições".

Ele se refere não apenas ao bloco do ex-presidente Álvaro Uribe, que deve apresentar candidato próprio à Presidência, mas também a políticos como a ex-senadora Marta Lucía Ramírez e o ex-procurador-geral, Alejandro Ordoñez, que são contra os acordos de paz e buscam uma aliança entre as alternativas de direita radical.

Enquanto isso, Velandia vê a equipe de Santos fragilizada, e a aproximação do fim do seu mandato como outro obstáculo. "Creio ser o momento de os países garantidores se apresentarem. No caso das Farc, houve vários momentos em que tudo quase se perdeu, e Cuba e a Noruega, com seus representantes, salvaram a negociação."

O Brasil está entre os países garantidores desta vez, porém com atuação discreta.

O ex-guerrilheiro também afirma que um suposto menosprezo do governo exaltou os ânimos no ELN. "Os comandantes estão com o orgulho ferido por terem sido tratados como força menos importante. E não são. O número de combatentes não interessa aqui, o ELN ainda tem muito poder, sobretudo nas regiões onde sempre atuou."

Velandia negou a adesão de dissidentes da ex-guerrilha das Farc ao ELN. "O que sobrou das Farc ou são a Frente Primeira, que atua de forma isolada, ou combatentes soltos, que têm se integrado a quadrilhas. Não está havendo reforço do ELN com ex-integrantes das Farc, são grupos muito diferentes."

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