Siga a folha

Com demissão de Bolton, Brasil perde interlocutor no governo Trump

Para membros do governo, porém, saída de assessor reduziria pressão por intervenção na Venezuela

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

São Paulo

O governo brasileiro perde um de seus principais interlocutores em Washington com a demissão de John Bolton.

O agora ex-assessor de segurança nacional era um dos maiores defensores da aproximação entre Brasil e EUA e chegou a propor que o país fosse incorporado à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) como membro pleno —e não apenas aliado preferencial extra-Otan, status que o Brasil ganhou após visita de Jair Bolsonaro a Washington, em março.

Mas fontes do governo ouvidas pela Folha não consideram a saída de Bolton necessariamente ruim, pois a mudança pode restabelecer a postura menos intervencionista do presidente Donald Trump em relação a conflitos como o da Venezuela.

O ex-assessor de segurança nacional John Bolton durante reunião na cúpula do G20, no Japão - Brendan Smialowski - 28.jun.19/AFP

O próprio Trump fazia troça dizendo que, se dependesse de Bolton, os EUA já teriam entrado em várias guerras

Integrante da ala linha-dura do governo americano, Bolton era o principal defensor do endurecimento de sanções contra a Venezuela e, caso necessário para tirar o ditador Nicolás Maduro do poder, intervenção militar.

Por isso, liderava a pressão para que o Brasil se envolvesse em algum tipo de ação no país sul-americano. 

Na visão do governo brasileiro, é positivo que o presidente americano volte a suas origens mais pragmáticas, com mensagem antiguerra e contra conflitos desnecessários e custosos.

A demissão, no entanto, não significa uma mudança aguda e um Trump paz e amor com a Venezuela daqui para frente.

A eleição presidencial de 2020 está no horizonte próximo, e a Flórida é um estado muito importante –o discurso duro contra Maduro é essencial para conquistar grande parte dos votos dos cubano-americanos de primeira geração e dos venezuelanos que vivem no estado. 

Para fontes do governo brasileiro, Bolton tinha bagagem e era associado a essa posição excessivamente “hawkish” (agressiva, no jargão de política externa americana).

Seu substituto poderia ser alguém com visão semelhante, mas sem a bagagem e o custo de imagem. 

A torcida de membros da gestão de Bolsonaro agora é para que Mauricio Claver-Carone, diretor de Hemisfério Ocidental no Conselho de Segurança Nacional, mantenha-se em seu cargo.

Ele, que liderava uma associação americana para defesa da democracia em Cuba e é uma das figuras-chave na política americana para Venezuela, é bastante próximo de Filipe Martins, assessor especial da Presidência para Assuntos Internacionais, que também tinha livre trânsito com Bolton.

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas