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Ditador da Belarus reage com novas prisões de manifestantes e opositores

Moradores da capital foram detidos em protestos; ameaças e ações também cresceram contra grevistas

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Bruxelas

Com novas prisões de manifestantes, intimações para interrogatório, detenções de membros do comitê de oposição e demissões de diplomatas, o ditador da Belarus, Aleksandr Lukachenko, lançou nesta segunda-feira (24) uma segunda ofensiva contra os que protestam por sua saída e pedem novas eleições.

Desde o dia 9, quando números oficiais deram ao ditador mais de 80% dos votos, em eleição com muitos indícios de fraude, manifestantes saem às ruas em diversas cidades pedindo liberdade e justiça.

Manifestante em Minsk agita bandeira durante protesto da oposição contra a ditadura na Belarus - Serguei Gapon/AFP

A repressão violenta nos três primeiros dias deixou ao menos quatro mortes, centenas de feridos e cerca de 7.000 presos. Reações internas e externas fizeram a polícia recuar, mas, no último sábado (22), Lukachenko disse em comício que usaria a força para “restaurar o poder”.

Na ditadura bielorrussa, protestos são ilegais se não tiverem autorização oficial.

Por volta das 20h (horário de Minsk, 14h no Brasil), três pessoas já haviam sido presas por tropas de choque na praça da Liberdade, aonde manifestantes continuavam se dirigindo, afirmaram à Folha moradores da cidade, por mensagem de aplicativo.

O local é o mesmo em que aconteceu no domingo uma das maiores manifestações do país, com cerca de 180 mil pessoas, segundo cálculos feitos pelo site jornalístico independente Tut.by, com base em fotos aéreas e no método de Herbert Jacobs, que estima de 1 a 4,3 pessoas por metro quadrado, de acordo com a concentração.

No domingo, alto-falantes alertavam os manifestantes de que os protestos poderiam ser dispersados à força, mas a ameaça não se concretizou. Tropas de choque ficaram em ruas laterais, e soldados do Exército isolaram áreas próximas ao palácio presidencial.

Além de agir contra os manifestantes, o governo prendeu 2 dos 7 membros da liderança do conselho de transição formado pela principal campanha de oposição na eleição presidencial e intimou outros 2.

Também foram intimados para depor Svetlana Aleksievich, prêmio Nobel de Literatura, e o ex-ministro Pavel Latushko. Até esta tarde, Maria Kalesnikava, que integrou a frente de oposição pela qual concorreu Tikhanovskaia e copreside o conselho, ainda não havia sido chamada pela polícia.

O objetivo do comitê era negociar uma transição de poder pacífica e novas eleições, mas Lukachenko se recusou a recebê-los e abriu processo criminal contra o grupo. A Procuradoria-Geral bielorrussa os acusa de “tomar o poder do Estado e prejudicar a segurança nacional”.

Outros três membros da direção do conselho também foram interrogados.

Membros da administração ou de forças policiais que renunciaram por discordar da brutalidade da repressão aos protestos também começaram a ser punidos ou pressionados.

O chefe do departamento histórico do Ministério das Relações Exteriores e a vice-chefe do Departamento de Integração da Eurásia foram demitidos por participarem de uma manifestação.

Embaixador na Eslováquia até a semana passada, Igor Leshchenya, ex-assessor de Lukachenko, demitiu-se após pedir publicamente a investigação dos casos de tortura e espancamento de manifestantes. Em Minsk, a Folha entrevistou três bielorrussos torturados e ouviu dezenas de histórias semelhantes.

O ditador também ameaçou professores. Disse que vai deixar só os que concordam com sua ideologia de Estado e estão prontos para seguir seus passos.

Em Grodno, cidade de grandes indústrias na fronteira oeste do país, a presidente da comissão de greve de uma grande empreiteira passou a receber ameaças anônimas depois que os funcionários fizeram uma paralisação em protesto contra os espancamentos policiais. Outro líder grevista em Minsk foi preso pela manhã, denunciado em processo por greve ilegal e solto à tarde.

O secretário do Conselho de Segurança da Belarus, Andrei Ravkov, atacou internautas que haviam agradecido manifestações de apoio em países vizinhos, como a Lituânia e a Polônia.

"Uma pergunta para quem está tão emocionado com o exterior: por que você não mora lá? Desocupe as vagas de trabalho, as vagas de seus filhos na escola, os concursos para a universidade e as filas de médico”, escreveu.

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