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Ataques contra Taleban deixam ao menos 12 civis mortos no Afeganistão

Ação foi realizada pelo governo uma semana após início de negociações com o grupo islâmico

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Cabul | Reuters

Dois ataques aéreos contra uma base do Taleban no Afeganistão deixaram ao menos 12 civis mortos e 10 feridos, neste sábado (19), segundo uma autoridade da província de Kunduz, local do incidente.

“O primeiro ataque atingiu a base do Taleban, mas o segundo causou mortes de civis, que se reuniram no local [após a primeira explosão]”, afirmou Fatima Aziz, representante de Kunduz no Parlamento afegão.

Fatima diz que 11 civis morreram, e cinco pessoas desapareceram. Já uma testemunha afirma que os ataques deixaram 12 civis mortos, inclusive crianças, além de muitos rebeldes, e outros 18 feridos.

Soldados afegãos fazem guarda em posto de checagem, em Kunduz, província onde ocorreram os ataques aéreos deste sábado (19) - 4.mar.20/Retuers

O Ministério da Defesa do Afeganistão afirmou que 40 talebans foram mortos na ação e não confirmou se houve vítimas civis. O ministério disse ainda que realiza uma investigação sobre os ataques, realizados em meio às conversas de paz entre o grupo islâmico e o governo do presidente Ashraf Ghani.

O Taleban divulgou um comunicado em que acusa forças afegãs de matar ao menos 40 civis nos ataques aéreos. O grupo não comentou sobre fatalidades entre seus integrantes.

O incidente ocorre uma semana após representantes do governo afegão e rebeldes do Taleban se reunirem em Doha, no Qatar, para diálogos de paz históricos. O objetivo é encerrar uma guerra de duas décadas que matou dezenas de milhares de combatentes e civis.

Nos dias que antecederam as negociações, ambos os lados foram instados por vários países a chegarem a um cessar-fogo imediato e a costurarem um acordo que defenda os direitos das mulheres.

As negociações foram adiadas por seis meses devido a profundas divergências sobre uma polêmica troca de prisioneiros entre os rebeldes talebans e o governo, resolvida na semana anterior à reunião.

A troca fez parte do acordo de paz entre o Taleban e o governo americano, assinado em fevereiro, que abriu caminho para os atuais diálogos.

No acerto com os EUA, o Taleban se comprometeu a parar de fazer ataques, a não apoiar grupos terroristas e a negociar com o governo afegão. Em troca, todas as tropas americanas e da coalizão da Otan deixarão o país até abril de 2021, e o grupo islâmico ficará livre de sanções, caso os termos acordados sejam cumpridos.

Os governos dos EUA e do Afeganistão prometeram ainda libertar cerca de 5.000 prisioneiros ligados ao Taleban. Em troca, o grupo deveria soltar cerca de 1.000 presos.

Na sequência, porém, Ghani afirmou que não faria nenhuma libertação, e o grupo islâmico condicionou qualquer negociação com o governo afegão à soltura da quantidade de prisioneiros acordada com os americanos.

Após resolverem o imbróglio, Taleban e Afeganistão sentaram à mesa com dois grandes desafios pela frente: como incluir o Taleban, que rejeitou a legitimidade do governo afegão apoiado pelo Ocidente, em qualquer arranjo de governo e como salvaguardar os direitos de mulheres e minorias, que sofreram sob o domínio dos rebeldes.

Muitos afegãos temem o retorno ao poder, parcial ou total, dos talebans, que abrigaram a rede terrorista Al-Qaeda antes do 11 de Setembro.

Do seu lado, os talebans reiteraram o desejo de instaurar um sistema no qual a lei seja alinhada a um islã rigoroso e não reconheça o governo de Cabul, que chamam de "fantoche de Washington".

O governo de Ghani insiste em manter a jovem república e sua Constituição, que inclui muitos direitos, em particular para minorias religiosas e mulheres, as grandes perdedoras de um eventual retorno das práticas que vigoravam na época do governo taleban.

Autoridades, diplomatas e analistas afirmam que colocar os lados na mesa de negociações foi uma grande conquista, mas isso não significa que o caminho para a paz está dado, especialmente com o aumento da violência em todo o país nos últimos meses.

A guerra afegã provocou dezenas de milhares de mortes, incluindo 2.400 soldados americanos, obrigou a fuga de milhões de pessoas e custou a Washington mais de US$ 1 trilhão (R$ 5,38 trilhões).

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