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Em visita à Califórnia, Trump minimiza preocupações com mudanças climáticas

Presidente culpa gestão florestal dos estados democratas da Costa Oeste americana

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Wilmington e McLellan Park | Reuters

As queimadas que se espalham pela Costa Oeste dos Estados Unidos entraram de vez na pauta das eleições presidenciais do país, cuja votação está marcada para dia 3 de novembro.

Em visita à Califórnia, o presidente e candidato à reeleição, Donald Trump, minimizou o papel das mudanças climáticas nos maiores incêndios já registrados na história do estado e afirmou que a culpa é da ineficiência da gestão florestal, em uma tentativa de responsabilizar os governo democratas da Califórnia, do Oregon e de Washington.

"Quando as árvores caem, após um curto período de tempo elas ficam muito secas, como um fósforo", disse Trump, nesta segunda-feira (14), ao desembarcar no estado. Para o republicano, no entanto, muitos outros países não enfrentam problemas como esse.

O presidente dos EUA, Donald Trump, participa de reunião sobre as queimadas na Costa Oeste dos EUA, em McLellan Park, na Califórnia - Jonathan Ernst/Reuters

Ele, que vinha sendo criticado por se calar sobre as queimadas, participou de uma entrevista coletiva ao lado do governador da Califórnia, Gavin Newson, na qual ouviu agradecimentos do democrata pela ajuda federal no combate ao fogo, ainda que tenha sido questionado sobre sua posição negacionista.

"Nós viemos, humildemente, de uma perspectiva em que seguimos a ciência, e é evidente que a mudança climática é real e está exacerbando isto", disse Newson em referência às queimadas na Costa Oeste.

O governador afirmou que, de fato, o manejo florestal pode e deve ser melhorado, mas lembrou o presidente que 57% da área de floresta da Califórnia está sob controle do governo federal.

Durante sua gestão, Trump retirou os EUA do Acordo de Paris, a principal iniciativa global para frear as mudanças climáticas, enquanto seu adversário na corrida pela Casa Branca, Joe Biden, põe o assunto entre as maiores crises que o país enfrenta. Os incêndios, diz ele, ilustram sua posição.

Nesta segunda, Biden —que tem sido atacado por republicanos por não ter visitado as áreas devastadas— chamou Trump de "incendiário climático" em um discurso em Delaware. "Se tivermos mais quatro anos do negacionismo climático de Trump, quantos subúrbios serão incendiados pelas queimadas?", questionou.

Os moradores dessas áreas têm sido explorados por Trump nas últimas semanas. Em oposição à proposta de habitação de Biden e às tensões causadas pelos protestos antirracismo, o presidente passou a dizer que fará de tudo para impedir a construção de moradias mais baratas próximas a subúrbios, regiões que concentram a classe média americana.

O candidato democrata à Presidência dos EUA, Joe Biden, discursa em Delaware sobre as queimadas na Costa Oeste dos EUA - Drew Angerer/AFP

Os incêndios florestais avançam sobre estados da Costa Oeste dos EUA em meio a uma intensa onda de calor. Focos de chamas na região são comuns nesta época do ano devido ao clima seco, mas o fogo registrado até agora parece não ter precedentes —e o pico da temporada de incêndios ainda não chegou.

As queimadas mataram ao menos 24 pessoas, causaram a destruição de centenas de imóveis e forçaram centenas de milhares a deixarem suas casas. Uma seca crônica e ventos fortes alimentam o fogo que se espalha do estado de Washington, na fronteira com o Canadá, até a cidade californiana de San Diego, na divisa com o México. Ainda é impossível avaliar a verdadeira extensão da destruição.

Cientistas acreditam que o aumento da intensidade dos incêndios está relacionado ao aquecimento global, que torna as temporadas de chuva e de seca mais extremas. No último final de semana, as temperaturas na parte oeste do vale de San Fernando, na Califórnia, chegaram a 49ºC.

Na Califórnia, uma série de 37 incêndios tornou-se oficialmente a maior da história do estado ao destruir uma área de 190 mil hectares. Em Washington, o governador Jay Inslee, também do Partido Democrata, afirmou que as chamas consumiram 200 mil hectares.

Caminhão de bombeiros queimado no Oregon, durante incêndios florestais na Costa Oeste dos EUA - Shannon Stapleton/Reuters

Imagens de drones mostram centenas de casas reduzidas a cinzas em comunidades ao sul do Oregon. Em mais de 12 comunidades, equipes de busca e resgate vasculharam residências destruídas em busca de restos humanos.

Após quatro dias de muito calor e ventania no estado, o fim de semana teve ventos mais leves e clima mais ameno, ajudando as equipes a avançar contra o fogo. Na sexta-feira (11), um homem foi preso acusado de iniciar as queimadas que destruíram cidades inteiras no Oregon.

A polícia do estado também alerta a população contra posts em redes sociais com afirmações falsas, segundo as quais as queimadas foram iniciadas por antifascistas ou militantes de extrema direita.

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