Siga a folha

Historicamente neutra, Suíça faz referendo para aprovar compra de caças

Eleitores votam no domingo (27) proposta bilionária para formar nova esquadrilha de aviões de guerra

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

Zurique (Suíça) | Reuters

A Suíça lutou pela última vez em uma guerra há mais de 200 anos e não tem inimigos estrangeiros, mas o governo planeja gastar 6 bilhões de francos suíços (R$ 35,8 bilhões) na aquisição de novos aviões caças.

A decisão, porém, caberá à população. No próximo domingo (27), os eleitores votarão em um referendo para aprovar —ou não— o financiamento.

Se receber o aval público, o governo deve decidir entre quatro modelos de aeronaves de guerra: o Eurofighter, da Airbus, o Rafale, da Dassault, o F/A-18 Super Hornet, da Boeing, ou o F35-A Lightning II, da Lockheed Martin.

Os caças escolhidos devem substituir a esquadrilha suíça composta por 30 aviões F/A-18 Hornets, considerados antigos e que sairão de serviço em 2030.

Caças modelo F/A18 Hornet, da Força Aérea da Suíça, durante demonstração de voo em Bernese Oberland - Arnd Wiegmann - 12.out.17/Reuters

Muitos se opõem à ideia, dizendo que a Suíça não pode pagar nem precisa de aviões de guerra de última geração para defender o território alpino que um jato supersônico pode cruzar em 10 minutos.

"Quem é nosso inimigo? Quem está atacando um país pequeno e neutro, cercado pela Otan [aliança militar ocidental]?", questiona a parlamentar Priska Seiler Graf, membro do Partido Social Democrata, de esquerda. "É realmente absurdo."

Para ela, os modelos considerados são "brinquedos caros", e o país poderia optar por aeronaves mais baratas, como o M346, da empresa italiana Leonardo.

“Precisamos de aeronaves novas, isso não está sendo contestado, mas seria suficiente comprar aeronaves mais leves e simples”, afirma Graf. "Seria melhor ter um Fiat do que um Maserati."

Em 2014, em um referendo semelhante ao que deve acontecer na próxima semana, os suíços rejeitaram a compra de jatos Gripen, da Suécia. A atual geração desse modelo de aeronave é coproduzida no Brasil.

Parte da população também diz ser contra os investimentos militares. Uma proposta de desmantelar o Exército, em 1989, recebeu apoio de 35% do eleitorado.

O palpite do pesquisador Lukas Golder, do instituto de pesquisas GFS.Bern, é de que os suíços devem aprovar o financiamento para a compra dos novos caças.

Segundo ele, o conceito de neutralidade armada é crucial para a maneira como a Suíça se define. Existe a crença, por exemplo, de que um exército forte foi o que impediu a invasão do território suíço pela Alemanha nazista durante a Segunda Guerra Mundial.

Para o parlamentar e ex-piloto da Força Aérea Thomas Hurter, do Partido do Povo Suíço, de direita, a Suíça precisa se proteger sem depender de outros países.

“Se não substituirmos essas aeronaves antigas, isso significa que não temos força aérea, não há mais proteção e não estamos cumprindo nossa Constituição”, disse.

Segundo Hurter, jatos menores não voam alto o suficiente e podem não ter a aceleração necessária para reagir rapidamente a emergências.

"Não sabemos o que vai acontecer nos próximos 50 anos. Você precisa ter a brigada de incêndio pronta quando houver uma casa em chamas, caso contrário pode ser tarde demais."

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas