Siga a folha

Tensão cresce em ilha grega após incêndio em campo de refugiados

Governo ameaça endurecer com imigrantes que resistem a ocupar novos abrigos

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

Bruxelas

O governo grego ameaçou usar a força caso imigrantes continuem se recusando a ocupar um novo alojamento na ilha de Lesbos, depois que um incêndio destruiu a maior parte do campo de Moria, o maior da União Europeia.

O campo abrigava 13 mil pessoas (o quádruplo de sua capacidade), a maioria vinda do Afeganistão, da Síria e de países africanos.

Até esta quarta (16), apenas 1.200 haviam se transferido para o acampamento temporário de Kara Tepe, que tem 5.000 vagas.

Imigrantes desabrigados após incêndio no campo de Moria fazem fogo para cozinhar à beira de estrada em Lesbos - Alkis Konstantinidis/Reuters

Depois do incêndio, imigrantes tentaram ir para a capital da ilha, Mitilene, a 4 km de Moria, mas foram impedidos pela polícia na metade do caminho, na região de Kara Tepe, onde 600 grandes tendas foram erguidas.

Em entrevista a uma rádio grega, o ministro da Migração, Notis Mitarachi, ameaçou elevar a repressão se os imigrantes continuarem se recusando a ocupar o novo campo.

“Continuaremos por mais alguns dias de boa fé e comunicação. Depois disso, se houver alguém que reaja com violência, a polícia irá prendê-lo”, disse ele.

Segundo organizações de ajuda humanitária, embora os refugiados estejam ao relento e enfrentem filas de até duas horas para receber comida, eles resistem ao novo campo porque querem deixar a ilha, com uma solução de longo prazo.

Eles temem acabar esquecidos como em Moria, onde estavam havia mais de um ano. A situação se agravou quando eles foram confinados, em março, por causa da pandemia de coronavírus.

Desde então, houve períodos em que a lotação chegou a 20 mil pessoas, segundo entidades.

Na terça, o ministro da Proteção Civil, Michalis Chrysochoidis, prometeu que todos seriam retirados de Lesbos até abril do próximo ano.

Enquanto moradores da ilha temem uma escalada de conflitos entre refugiados e policiais, a presidente da Comissão Europeia (Executivo da UE), Ursula von der Leyen, usou seu primeiro discurso sobre o Estado da UE para anunciar mudanças no sistema de pedido de asilo.

“As imagens do campo de Moria nos lembram dolorosamente que a Europa deve agir em unidade (…). Se intensificarmos nossos esforços, esperamos que todos os Estados membros também intensifiquem seus esforços. A migração é um desafio europeu, e é toda a Europa que deve fazer a sua parte”, afirmou.

O único país do bloco que se dispôs a receber um número significativo de refugiados até agora foi a Alemanha, para onde devem ir mais de 1.500 dos moradores de Moria.

Em 2015, a chanceler alemã, Angela Merkel, havia aberto o país para cerca de 1 milhão de pessoas que fugiam de conflitos na Síria, no Afeganistão e em outros países da Ásia e da África.

A decisão teve alto custo político porque lhe tirou popularidade e permitiu o avanço do partido de ultradireita AfD.

Na mesma época, governos europeus como os da Hungria e da Polônia se recusaram a acolher imigrantes, provocando o impasse na política comum do bloco para a área.

Agora a Comissão vai propor um sistema centralizado e unificado para os pedidos de aviso, no lugar da regra atual, que exige a solicitação no primeiro país do bloco em que o estrangeiro der entrada.

Isso sobrecarrega principalmente Grécia, Malta e Itália, tornando lento o processo.

No discurso, Von der Leyen disse que a regra atual, conhecida como Acordo de Dublin, será substituída por “um novo sistema europeu de governança da migração, com estruturas comuns de asilo e retorno e um novo e forte mecanismo de solidariedade”. A nova política imigratória do bloco deve ser apresentada na próxima semana.

Na Grécia, seis imigrantes foram detidos na ilha de Lesbos, durante a investigação sobre o incêndio que consumiu Moria.

O governo afirma que o fogo foi provocado pelos próprios imigrantes, durante protesto contra uma quarentena imposta para conter um surto de coronavírus. Entre os motivos da suspeita está o de que o incidente não deixou mortos nem feridos.

Imigrantes também foram detidos sob suspeita na ilha de Samos, onde outro incêndio ameaçou um campo que abriga 4.700 imigrantes na noite de terça. O fogo foi controlado antes que atingisse os alojamentos.

O governo grego afirmou que o novo alojamento na ilha de Lesbos tem o dobro do espaço de Moria e mais condições sanitárias, “mas haverá mais medidas de segurança”.

Todos os novos moradores do acampamento foram testados para coronavírus; 35 tiveram resultado positivo.

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas