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Descrição de chapéu Governo Trump

Demora de Woodward para publicar mostra que fala sobre pandemia é 'adequada', diz Trump

Livro de jornalista veterano revelou que presidente sabia da gravidade da Covid-19 em fevereiro

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São Paulo e Washington | AFP

O presidente dos EUA, Donald Trump, considerou 'boas e adequadas' as declarações que deu ao jornalista Bob Woodward, segundo as quais o republicano escondeu intencionalmente da população a gravidade da pandemia de coronavírus —mais de 190 mil americanos já morreram em decorrência da doença.

No Twitter, Trump se juntou ao coro de críticas a Woodward, autor do livro "Rage" (raiva), porque a fala foi registrada durante uma entrevista em fevereiro mas revelada apenas na quarta (9). Na época, há sete meses, o presidente afirmava em público que a Covid-19 não era mais perigosa do que a gripe comum.

“Bob Woodward tinha minhas falas por muitos meses. Se achava que eram tão ruins ou perigosas, por que não as divulgou imediatamente para salvar vidas? Ele não tinha uma obrigação de fazê-lo?", escreveu o republicano. "Não, porque ele sabia que foram respostas boas e adequadas. Calma, sem pânico!”

Em entrevista coletiva também nesta quinta, Trump disse que agiu rápido contra a pandemia, impedindo a entrada no país de pessoas vindas da China, ainda em fevereiro. “Só porque o problema era sério não significa que vou pular e gritar dizendo que as pessoas vão morrer.”

Logo após as primeiras publicações de trechos do livro, que será lançado na semana que vem, Trump ligou para o âncora da Fox News Sean Hannity para se defender.

Trump fala com repórteres em Washington antes de viajar para evento de campanha em Michigan - Jonathan Ernst - 10.set.2020/Reuters

Na entrevista com Hannity, Trump disse que não queria provocar pânico. "Sou um líder de torcida para este país, e não quero ver pânico."

Charles P. Pierce, da revista Esquire, disse no Twitter que Woodward “sabia da verdade por trás da resposta desastrosa do governo na pandemia e reservou a informação para seu livro, que será lançado sob grande aplauso e enormes lucros após a morte de quase 200 mil americanos”.

Em sua defesa, Woodward afirmou à colunista de mídia Margaret Sullivan, do Washington Post, que precisava de mais tempo para “colocar as declarações em um contexto mais amplo do que seria possível em uma reportagem no jornal”. “O maior problema que tive é que não sabia se o que ele me disse era verdade. Fiz o melhor que pude.”

À agência de notícias Associated Press, Woodward disse ainda que, se tivesse publicado a reportagem em fevereiro, “ela não nos diria nada que já não soubéssemos” e que se esforçou para terminar o livro antes da eleição em 3 de novembro.

Woodward é um dos mais respeitados repórteres dos EUA. Entre 1972 e 1974, uma série de reportagens assinadas com Carl Bernstein revelou o escândalo de Watergate, que levou à renúncia de Richard Nixon.

Para o novo livro, o jornalista fez 18 entrevistas com Trump entre o fim de 2019 e 2020, acesso incomum em um ano eleitoral. Uma porta-voz da Casa Branca disse nesta quarta (9) que isso prova que Trump é o presidente “mais transparente da história”.

Entretanto, as declarações impulsivas do republicano costumam deixar os assessores exasperados, como quando o presidente sugeriu que injeções de desinfetante seriam um bom tratamento para o coronavírus.

“Eu não teria recomendado o acesso de Woodward à Casa Branca se fosse chefe de gabinete há mais tempo, mas é o tipo de coisa que o presidente faz”, disse Mark Meadows, atualmente no cargo.

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