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Descrição de chapéu Governo Trump

Em discurso na Assembleia Geral, Trump diz que ONU deve responsabilizar China pela pandemia

Presidente americano voltou a falar em 'vírus chinês' e também atacou o Irã

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São Paulo

O presidente americano, Donald Trump, atacou a China nesta terça-feira (22) em seu discurso na Assembleia Geral da ONU, afirmando que as Nações Unidas devem responsabilizar o país pela pandemia de coronavírus —que ele voltou a chamar de "vírus chinês".

Trump concentrou todo o começo de seu pronunciamento em críticas ao governo de Pequim, a quem acusou de permitir que a doença "deixasse a China e infectasse o mundo".

"Nós temos que responsabilizar a nação que espalhou essa praga pelo mundo: a China", disse ele, acrescentando que no começo da pandemia o país asiático adotou um "lockdown" e parou de receber viajantes internacionais, mas permitiu que voos deixassem o país.

"O governo chinês e a Organização Mundial da Saúde —que é virtualmente controlada pela China— declararam falsamente que não havia evidências de transmissão de humano para humano. Depois, eles falsamente disseram que pessoas sem sintomas não disseminariam a doença. As Nações Unidas devem responsabilizar a China por suas ações”, continuou.

Por sua vez, o líder chinês, Xi Jinping, que também discursou nesta terça, criticou a politização em torno da crise sanitária e pediu união para enfrentar os desafios do pós-pandemia.

Trump foi o segundo a fazer o pronunciamento na assembleia, logo após Jair Bolsonaro, que abriu o evento —tradicionalmente, o chefe de Estado brasileiro é o primeiro a falar na conferência.

Neste ano, os líderes concordaram em enviar vídeos com seus discursos em vez de se reunirem presencialmente na sede das Nações Unidas em Nova York, como forma de evitar os riscos de propagação do coronavírus.

A seis semanas das eleições presidenciais em que tentará um segundo mandato, e atrás de seu rival Joe Biden nas pesquisas, Trump exaltou no discurso a forma como seu governo combateu a pandemia, apesar de os EUA serem o país com mais casos de Covid-19 no mundo. "Vamos derrotar o vírus, vamos acabar com a pandemia e vamos entrar em uma nova era de prosperidade, cooperação e paz sem precedentes", afirmou.

Desde março, o americano tem culpado a China pela situação e usado a expressão "vírus chinês" em público diversas vezes. Enquanto isso, internamente a condução pelo americano da pandemia, que já matou mais de 200 mil pessoas nos Estados Unidos, reduziu sua popularidade e ameaça suas chances de reeleição.

Ele chegou a sugerir injeções de desinfetante para tratar o vírus, e neste mês vieram à tona revelações de que admitiu, em entrevista ao jornalista Bob Woodward, ter escondido intencionalmente da população a gravidade da situação.

Em seu pronunciamento na ONU, Trump, que ao assumir o cargo iniciou uma guerra comercial contra o país asiático, disse ter colocado fim a “abusos” cometidos pela China nesse campo durante duas décadas.

Também acusou os chineses de causarem grande impacto ambiental, com alta emissão de carbono e poluição dos oceanos. De fato, a China é campeã global na emissão de CO², mas também tem investido pesado em tecnologias verdes, tornando-se o maior mercado do mundo para energias renováveis, por exemplo.

Outro país alvo de ataques de Trump em seu discurso foi o Irã, que ele chamou de “maior estado financiador do terrorismo”. O americano celebrou a saída dos EUA do pacto nuclear com o país —movimento que, segundo aliados europeus, colocam em risco a segurança mundial— e o assassinato do principal comandante militar iraniano, o general Qassim Suleimani, a quem chamou de “maior terrorista do mundo”.

Disse ainda que derrotou 100% o grupo terrorista Estado Islâmico e destacou as negociações para tentar pôr fim à guerra do Afeganistão. Em relação à América Latina, expressou apoio às populações de Cuba, Nicarágua e Venezuela “em suas lutas justas pela liberdade”.

Também no âmbito internacional, exaltou a própria participação em acordos de paz entre Sérvia e Kosovo e entre Israel, Emirados Árabes Unidos e o Bahrein e prometeu outros pactos semelhantes no Oriente Médio.

Nas questões domésticas, fez propaganda do fortalecimento da economia e das Forças Armadas durante sua gestão e de acordos com países latino-americanos “para acabar com o tráfico de pessoas”, referindo-se à política linha-dura americana contra a entrada de imigrantes, inclusive os que fogem de perseguição e violência em seus países.

Crítico frequente da ONU, Trump afirmou que a organização, para ser eficaz, deve focar “os problemas reais do mundo” como “terrorismo, opressão às mulheres, trabalho escravo, tráfico de drogas, tráfico sexual e humano, perseguição religiosa e limpeza étnica de minorias religiosas”. Em seguida, disse que os EUA “continuarão sendo líderes na defesa dos direitos humanos”.

Afirmou, também, que os EUA estão "alcançando sua vocação como pacificadores", mas que se trata de uma "paz pela força". "Nossas armas estão em um nível avançado como nunca antes", declarou. "Só rezo a Deus para que nunca tenhamos que usá-las."

O pronunciamento, que durou cerca de sete minutos, terminou com uma ode ao nacionalismo e a seu slogan de colocar "os Estados Unidos em primeiro lugar”. “Orgulhosamente, eu estou colocando os EUA como prioridade, assim como vocês devem priorizar seus países. Isso é OK, é o que vocês deveriam estar fazendo.”

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