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Descrição de chapéu Armênia

Combates continuam apesar de cessar-fogo entre Armênia e Azerbaijão

Violência diminui nesta terça, mas ambos os países se acusam por falhar em trégua

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São Paulo

Depois de aceitar um cessar-fogo para tentar retomar negociações sobre o status da região disputada de Nagorno-Karabakh, Armênia e Azerbaijão seguiram registrando ataques mútuos nesta terça (13).

O nível de violência, segundo relatos de ambos os lados, foi menor do que no fim de semana, quando deveria ter entrado em vigor o cessar-fogo mediado em Moscou com os chanceleres azeri e armênio.

Moradoras de Terter, no Azerbaijão, se protegem de bombardeio em um porão - Bulent Kilic/AFP

A pressão diplomática segue intensa. O secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, pediu para que Baku e Ierevan cumpram o acordado: cessem os combates, permitam a troca de prisioneiros e cadáveres no campo de batalha e iniciem a negociação sobre o encrave armênio em território azeri.

Isso foi acertado na madrugada de sábado (10) em Moscou. A Rússia apoia a Armênia e possui uma grande base militar no país, mas tem buscado uma posição intermediária no conflito por também ver nisso uma possibilidade de atrair o Azerbaijão, rico em hidrocarbonetos, para sua esfera de influência.

Com isso, poderia retomar o controle virtual sobre o Sul do Cáucaso, que perdeu com a saída dos dois países e da Geórgia após o fim da União Soviética em 1991. Com a Geórgia, Moscou já travou uma guerra em 2008 para evitar sua absorção por estruturas ocidentais como a Otan.

Moscou reteve o controle sobre o Norte do Cáucaso, onde travou guerras na Tchetchênia e no Daguestão, hoje repúblicas russas relativamente sob controle.

Mas o temor de insurgência islâmica derivado da instabilidade ao sul da fronteira é grande: nesta terça, o governo tchetcheno anunciou que matou quatro militantes infiltrados do Sul do Cáucaso em Grozni, onde planejavam um ataque terrorista. A publicidade não foi uma coincidência, visando alertar os vizinhos: a Rússia e a França já acusaram a Turquia de facilitar a ida de mercenários da Síria para o Azerbaijão.

Hoje, Baku é protegida da Turquia. Os presidentes Vladimir Putin e Recep Tayyip Erdogan têm uma frágil parceria na área econômica e militar, mas são rivais em questões como as guerras civis na Síria e na Líbia.

Moradores de Stepanakert, capital da Nagorno-Karabakh, entre escombros após ataque azeri - Reuters

Rússia, EUA e França comandam o chamado grupo de Minsk, que desde 1992 tenta achar uma saída para o conflito. O Azerbaijão pede que a Turquia seja colocada no comando com poderes iguais.

Um resquício da divisão artificial de forças imposta pelos soviéticos nos anos 1920, a área de maioria armênia (99% da população, segundo estimativas, e 1% de russos) ficou sob a guarda territorial azeri.

Com o ocaso do poder comunista, já em 1988 o nacionalismo emergiu e o movimento pela independência surgiu. Quatro anos depois, ele motivou uma guerra entre Armênia e Azerbaijão que foi congelada em 1994, quando Ierevan manteve uma posição de força: ficou com Nagorno-Karabakh na mão dos armênios locais e ocupou militarmente sete distritos a seu redor.

Baku afirma que quer toda a região para si, mas o foco deverá ser em recuperar esses territórios, de onde o governo estima haver 500 mil deslocados internos —pessoas que não mais voltaram para lá mesmo com o cessar-fogo de 1994.

Nesta terça, a troca de acusações entre os dois governos seguiu. Baku registrou novos bombardeios em três distritos, enquanto a capital de Nagorno-Karabakh, Stepanakert, seguiu sob fogo pontual.

O diretor da Cruz Vermelha para Eurásia, Martin Schuepp, divulgou um comunicado afirmando não haver ainda condições para efetuar a troca de prisioneiros e o recolhimento de corpos. Segundo ele, "são centenas de milhares de afetados".

Até aqui, o governo armênio em Stepanakert registrou 532 mortes de militares. Ierevan conta 31 civis mortos, e Baku, que não divulga baixas em combate, 42. Os conflitos começaram há três semanas, no dia 27 de setembro.

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