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Ditadura da Belarus ameaça usar armas letais contra manifestantes

Em vídeo, vice-ministro do Interior diz que equipamento militar será usado, 'se necessário'

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Bruxelas

A ditadura da Belarus ameaçou nesta segunda-feira (12) usar, “se necessário”, armas letais contra os manifestantes que protestam pela renúncia do ditador Aleksandr Lukachenko desde as eleições consideradas fraudadas, em 9 de agosto.

“Não sairemos das ruas e garantiremos a ordem no país. Policiais e militares das tropas internas, se necessário, usarão meios especiais e armas militares”, afirmou o vice-ministro do Interior, Gennady Kazakevich, em vídeo publicado em rede social.

A declaração ocorre após o domingo mais violento desde que os bielorrussos passaram a fazer grandes marchas de protesto nas tardes dominicais: 713 foram detidos, e as tropas de choque usaram granadas de dissuasão, gás lacrimogêneo e canhões de água, além de espancarem manifestantes com cassetetes.

O alto representante da UE para as Relações Exteriores, Josep Borrell, afirmou que cresceram as chances de que Lukachenko seja incluído entre os sujeitos a sanção do bloco europeu.

O ditador ficou fora da primeira lista aprovada pelos 27 líderes do bloco, segundo diplomatas, para incentivar a abertura de diálogo. Não houve, porém, avanço no relacionamento com a Belarus nem recuo na repressão contra os manifestantes.

Idosos fazem marcha pela renúncia do ditador da Belarus, Aleksandr Lukachenko - Reuters

Quase 40 jornalistas também foram levados pela polícia “para averiguar documentos”, dificultando a cobertura. Na semana passada, a ditadura bielorrussa cancelou todas as credenciais de correspondentes estrangeiros, e disse que elas serão refeitas sob novo regulamento.

Segundo a Associação de Jornalistas da Belarus, já houve mais de 400 casos de repórteres detidos durante a cobertura de manifestações desde o dia 9 de agosto. Embora os protestos sejam majoritariamente pacíficos, imagens deste domingo (11) mostraram alguns manifestantes arremessando garrafas contra policiais, que estavam em número bem maior que o das semanas anteriores.

Kazakevich afirmou que os protestos estão se enfraquecendo, mas também se tornando mais radicais, o que justifica o uso de força pela ditadura. “Enfrentamos não apenas agressões, mas grupos de militantes, radicais, anarquistas, hooligans”, afirmou o vice-ministro.

“Querem mergulhar a Belarus no caos dos anos 1990 e fazer seguir o caminho das repúblicas que sobreviveram às revoluções coloridas [contra a influência russa].”

Apesar das ameaças do governo, as declarações do ministro repercutiram pouco na mídia independente local. O principal assunto do dia foi o segundo protesto de idosos em Minsk.

Alheios às ameaças do governo, idosos percorreram a principal avenida da capital bielorrussa, vestidos de branco e vermelho e levando bandeiras. "Queremos um país em que nossos filhos e netos sejam livres", afirmou à Folha a contadora Galina, 70, que participou da marcha.

Antes de aumentar a repressão às passeatas de domingo, Lukachenko fez circular pelas TVs estatais e mídias sociais do governo imagens de uma reunião com presos políticos, no centro de prisão preventiva da KGB, a agência de inteligência do país.

O encontro, que durou quatro horas e meia na manhã de sábado, teve como objetivo declarado consultar os opositores sobre a reforma constitucional que Lukachenko lançou depois da eleição.

A mudança da Constituição foi uma das estratégias lançadas por Lukachenko quando estouraram os protestos pedindo sua saída.

Em entrevistas, ele disse que não renunciaria, mas poderia convocar eleições antecipadas após a proclamação de uma nova Carta.

Para analistas, porém, o ditador não tem intenção de deixar o poder antes do final de seu mandato, daqui a quatro anos.

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