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Descrição de chapéu refugiados

Estudo não encontra ligação entre imigrantes sem documentos e crime nos EUA

Análise de Nova York e mais 153 regiões metropolitanas avaliou relação entre criminalidade e migração

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Viçosa (MG)

Imigrantes, especialmente os sem documentos, costumam ser descritos como uma ameaça à segurança nacional por alguns políticos —como o presidente americano Donald Trump, que já chamou os que atravessam a fronteira com o México de criminosos, traficantes e estupradores. Uma análise feita em 154 regiões metropolitanas dos EUA e publicada no último sábado (3), porém, não encontrou essa correlação.

O estudo comparou o número de imigrantes em situação irregular com o índice de criminalidade em cada uma dessas áreas, incluindo cidades como Nova York, Chicago e Las Vegas.

A conclusão foi a de que a presença desses estrangeiros não teve efeito estatístico na taxa de crimes violentos e, inclusive, estava associada a uma redução no índice de crimes contra a propriedade.

Grupos de defesa de imigrantes protestam em frente ao Capitólio, em Washington, contra medida que ameaça a permanência legal de milhares de imigrantes - Chip Somodevilla/Getty Images/AFP

O resultado condiz com pesquisas anteriores sobre o tema, inclusive com uma análise mais detalhada publicada em 2017 pelo mesmo autor, Robert Adelman, professor de sociologia da Universidade de Buffalo.

Especialista em tendências e padrões relacionados à imigração, ele já havia estudado a relação entre imigrantes e criminalidade em 200 regiões metropolitanas em um período de quatro décadas, sem encontrar uma associação entre os dois fenômenos.
Essa pesquisa, porém, era com estrangeiros com permanência legal no país. Estudos de outros autores também chegaram a conclusões parecidas. Poucos deles, no entanto, avaliaram a população de estrangeiros sem documentos, até pela falta de dados confiáveis sobre quantos são.

Desta vez, Adelman recorreu a duas estimativas, ambas do ano de 2014: do Pew Research Center e do Migration Policy Institute, que são referências na área no país.

Os resultados foram os mesmos nos dois casos.

Ele e sua equipe —formada por pesquisadores das universidades Cornell, Temple e do Alabama, entre outras— também usaram dados do FBI (a polícia federal americana) sobre crimes cometidos entre 2013 e 2015, além de informações de 2011 a 2015 de uma pesquisa do departamento do Censo americano.

O levantamento foi publicado no Journal of Crime and Justice (Revista de Crime e Justiça).

Adelman afirma não ser possível estabelecer uma relação direta de causalidade, ou seja, não foi avaliado se os imigrantes cometeram crimes individualmente. Mas as evidências indicam que, ao menos em regiões metropolitanas, lugares com mais imigrantes parecem ter mais vitalidade econômica e cultural e não provocam um aumento na criminalidade local, afirmou em uma entrevista publicada no site de sua universidade.

"Há uma série de estudos de alta qualidade que avaliam imigração e crime e que em geral simplesmente não encontram esse retrato tão negativo dos imigrantes que é pintado no atual clima político”, afirmou, acrescentando que o assunto é complexo e deve ser debatido com “fatos, dados e método científico”.

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