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Descrição de chapéu Eleições EUA 2020

'É isso que estamos querendo para o Brasil?', pergunta Bolsonaro sobre Biden

A apoiadores no Alvorada presidente volta a dizer que torce por Trump e que há incomodados com relação dos dois

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Brasília

Com as eleições nos Estados Unidos indefinidas, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a dizer que torce pelo republicano Donald Trump e criticou o democrata Joe Biden.

Bolsonaro negou interferir no pleito americano e acusou o ex-vice de Barack Obama justamente de interferência em assuntos internos do Brasil por criticar a política ambiental do governo brasileiro.

​"Só [para] complementar aqui: o candidato democrata, em duas oportunidades, falou sobre a Amazônia. É isso que estamos querendo para o Brasil? Aí, sim, uma interferência de fora para dentro", disse o presidente a apoiadores na frente do Alvorada, em declarações transmitidas por um site bolsonarista.

Durante o primeiro e caótico debate presidencial nos EUA, Biden disse que "a floresta tropical no Brasil está sendo destruída". À época, Bolsonaro classificou a fala como lamentável.​

O líder brasileiro reafirmou que tem uma "opinião clara" sobre a eleição americana, que conserva boa relação com Trump e que espera a reeleição do republicano. "O Brasil vai continuar sendo o Brasil. Sem interferir em nada, até porque quem somos nós para interferir?", disse.

"E esse bom relacionamento, coisa que não havia em governos anteriores. Tirando o [ex-presidente Michel] Temer [MDB], em governos anteriores não havia esse bom relacionamento. E tem gente incomodada com isso, acham que eu deveria ser inimigo dos Estados Unidos ou criticar o governo americano e elogiar Venezuela, Cuba e outros países que não têm nada de exemplo para nós aqui na América do Sul."

A disputa pela Casa Branca permanece indefinida. Os primeiros dados da noite de terça (3) abriram caminho para Trump seguir na disputa à reeleição e mostraram que a corrida não terá ampla vantagem para Biden, ao contrário do que mostravam as pesquisas. Entre os estados considerados mais competitivos, o atual presidente ganhou Flórida, Ohio e Iowa, segundo as projeções.

Biden, por sua vez, leva vantagem no Arizona e tem a matemática dos votos restantes a seu favor. Assim, a disputa virou mais uma vez para os estados do Cinturão da Ferrugem —Michigan, Wisconsin e Pensilvânia—, além da sulista Geórgia.

Admirador declarado de Trump, Bolsonaro ironizou nesta quarta, no Alvorada, uma pergunta sobre se interferia nas eleições americanos. "Você deve estar lendo Veja, Folha, Globo. Minha interferência você quer como? Econômica, bélica, militar ou cibernética? Quem fala isso tem que deixar os banquinhos escolares e ver como é a realidade. Preferência, acho que todo mundo tem. Não vou discutir com ninguém, quem é democrata que porventura torce por republicano", afirmou.

Bolsonaro tem sido aconselhado por auxiliares a se manter distante das eleições americanas, uma vez que o resultado eleitoral no momento é considerado imprevisível e existe receio de uma relação turbulenta com o Brasil caso Biden conclua o processo como vencedor. O presidente foi orientado a não parabenizar Trump caso ele declarasse vitória antecipada —o que o americano de fato fez.

Em outra frente, assessores palacianos aconselharam Bolsonaro a não se manifestar sobre uma eventual judicialização do pleito nos EUA, diante das ameaças do próprio Trump e de notícias de que os republicanos pediriam uma recontagem em Wisconsin.

Embora haja dúvidas sobre a viabilidade de uma guerra jurídica pelo pleito, um processo poderia se arrastar por semanas.

Nesse caso, Bolsonaro foi advertido que qualquer fala endossando as acusações de Trump de que os democratas estariam fraudando votos teria graves consequências para o relacionamento futuro do Brasil com os EUA caso Biden termine a luta nos tribunais como o vencedor.

Se desejos pela reeleição de Trump já repercutem mal entre democratas, um apoio à tese de Trump de que a eleição estaria "sendo roubada" seria tratado como uma ofensa de outras proporções, segundo diplomatas ouvidos pela Folha.

Apesar do pedido de silêncio feito por assessores do presidente, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) fez publicações nas redes sugerindo que irregularidades estariam beneficiando Biden.

Filho do presidente, Eduardo é um dos expoentes da ala ideológica do governo e tem na política externa seu principal campo de atuação.

Eduardo republicou uma mensagem de um blogueiro afirmando ter existido fraude. Na publicação, o filho do presidente escreveu apenas "estranho".

Assessores de Bolsonaro reconhecem reservadamente que Biden se consolidou nesta quarta como o favorito no pleito.

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