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Manifestantes vão às ruas no dia internacional de combate à violência contra a mulher

Dados mostram aumento de agressões ao redor do mundo devido ao isolamento social

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Istambul e São Paulo | Reuters

Em um momento em que mulheres estão mais expostas à violência devido ao isolamento social, manifestantes foram às ruas e líderes políticos enviaram mensagens de conscientização para celebrar o dia internacional de combate à violência contra a mulher, comemorado em 2020 nesta quarta-feira (25).

Segundo as Nações Unidas, o número de episódios de agressão contra mulheres aumentou desde o início da pandemia, uma vez que, com as medidas de confinamento vítimas e agressores passam mais tempo em casa. Em alguns lugares, de acordo com a organização, abrigos alcançaram capacidade máxima e linhas de apoio chegaram a registrar crescimento de cinco vezes no número de ligações.

Manifestantes carregam cartazes e velas durante vigília na Cidade da Guatemala em memória de mulher assassinada - Johan Ordonez - 24.nov.20/AFP

“A violência masculina também é uma pandemia. Antecede o vírus e vai sobreviver a ele," diz a diretora executiva da ONU Mulheres, Phumzile Mlambo-Ngcuka, em um comunicado. "Ela também precisa de uma resposta global e coordenada, pois afeta populações de todas as idades.”

No ano passado, 243 milhões de mulheres e meninas sofreram violência sexual ou física de seus parceiros. Neste ano, surgiram relatos de aumento da violência doméstica, cyberbullying, casamentos infantis, assédio e violência sexual, acrescentou Mlambo-Ngcuka.

Na Cidade da Guatemala, manifestantes fizeram uma vigília com velas e cartazes após uma mulher ser assassinada na terça (24). Em Istambul, centenas de pessoas se reuniram em um protesto nesta quarta.

“A lei não protege as mulheres como deveria. Estamos aqui para fazer ouvir a nossa voz. Há feminicídios acontecendo quase todos os dias neste país, mas as pessoas que estão cometendo o crime estão andando em liberdade”, disse uma das mulheres presentes no ato, que não quis se identificar.

Na Itália, também nesta quarta, manifestantes se reuniram em frente ao Parlamento com faixas com frases como “se eles tocam uma [de nós], eles tocam todas nós” e “mulheres não são brinquedos”.

Epicentro inicial do coronavírus fora da China, o país europeu passou por um "lockdown" entre março e maio. No mês passado, introduziu novas restrições devido à alta de casos que se espalha pelo continente.

A quarentena cria condições para o aumento de assassinatos de mulheres por familiares que vivem numa mesma casa, de acordo com um estudo do Instituto Italiano de Pesquisa Econômica e Social.

Para marcar o dia de combate à violência contra as mulheres, a Espanha decretou um minuto de silêncio, enquanto na França o presidente Emmanuel Macron pediu que as vítimas "não fiquem sozinhas" e denunciem as agressões.

Em Portugal, o OMA (Observatório de Mulheres Assassinadas), que monitora o feminicídio no país, mostra que 30 mulheres foram assassinadas em 2020, metade das quais vítimas de violência doméstica.

Ainda que o ministro do Interior Eduardo Cabrita aponte uma queda de 6% no número de denúncias de violência doméstica nos primeiros dez meses de 2020, comparado ao mesmo período do ano passado, a diminuição pode ser um sinal de que houve dificuldade para pedir ajuda durante a quarentena.

Por isso, o governo lançou a campanha #EuSobrevivi, que alerta os desafios colocados pela pandemia e divulga os serviços disponíveis às vítimas.

Na Alemanha, a chanceler Angela Merkel dedicou parte de seu podcast semanal para falar sobre o tema. “A cada 45 minutos uma mulher em nosso país é atacada por seu atual ou ex-parceiro. Nunca devemos ignorar quando meninas ou mulheres são ameaçadas de violência ou atacadas”, disse.

No Brasil, dados do Anuário de Segurança Pública mostram que no primeiro semestre deste ano houve redução de 9,9% nos registros de agressão e violência sexual, denúncias que dependem da presença da vítima na delegacia para efetuar o boletim de ocorrência e de exames periciais —uma condição muito prejudicada durante a pandemia.

Ao mesmo tempo, aumentaram em 3,8% as chamadas para o 190 para casos de violência doméstica, em 1,9% os registros de feminicídio e em 0,8% os de homicídio doloso com vítimas do sexo feminino.

O governo brasileiro tomou medidas para facilitar que vítimas, de forma anônima, denunciem seus agressores. Foi incluída nos canais de denúncia a possibilidade de que as acusações sejam registradas na internet, por aplicativo específico e por WhatsApp. Também foi desenvolvida uma ferramenta para possibilitar que o registro ocorra em libras.

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